Publicada em 13/01/2024 às 09h41
Porto Velho, RO – De que adianta o histriônico e caricato Coronel Chrisóstomo, do PL, fazer inúmeros discursos na Câmara se esgoelando, “quebrando” as regras da urbanidade, violando os decibéis sociais, se, logo adiante, o homem que manda de fato em seu partido parte para elogiar Lula, do PT, publicamente?
Na última sexta-feira, 12, o UOL resgatou declarações de Costa Neto ao jornal O Diário, de Mogi das Cruzes, em entrevista concedida a Darwin Valente.
Valdemar Costa Neto elogia Lula / Reprodução
Em outra passagem, o mandatário da agremiação concluiu:
"O Lula foi bem no governo, até elegeu a Dilma depois", disse Valdemar. "Se ele (Lula) errou em alguma coisa, tinha que ser julgado dentro da lei. O Moro errou, pois superou os limites da lei", afirmou.
Sílvia Cristina tem boa relação com a família Bolsonaro, mas foca mandato da produção / Reprodução
À exceção de Sílvia Cristina, que desenvolve sua vida eletiva sem se envolver em falatórios, polêmicas e arroubos narcisistas, todos os demais membros da sigla oriundos de Rondônia são proselitistas da direita brasileira e “sobrevivem” no meio com discursos efusivos e fantasiosos. Especialmente contra o “fantasma” do comunismo; outros governos internacionais de esquerda; e a gestão do petismo no Brasil.
A despeito de toda essa força centrifugada na direção do espectro canhoto, Costa Neto parece alheio a tudo isso, e trilha seus próprios propósitos sem se preocupar com questões internas ou a democracia em si.
Bagattoli insinuou ter levado "rasteira" de Marcos Rogério com "benção" de Costa Neto / Fotomontagem
Exemplo claro disso foi ter “chutado”, sem maiores explicações, o pecuarista Jaime Bagattoli da condução do partido em termos regionais, devolvendo ao colega, Marcos Rogério, as rédeas da legenda. Isso sem mais nem menos.
A situação gerou um tamanho desconforto que o senador recém-eleito se viu obrigado a gravar um vídeo se justificando, admitindo a fraqueza política, e, mais uma vez, tentando se agarrar à imagem de Bolsonaro para “se salvar” do vexame de ser enxotado de repente, sem consulta ou aviso prévio.
Chrisóstomo, Bagattoli e Marcos Rogério: congressistaas do PL que "sobrevivem" de polêmicas / Reprodução
Nem mesmo Bolsonaro foi capaz de garantir sua permanência na posição de comando: “[...] fizemos a comissão em diversos municípios para colocar provisórias em vários municípios. E estava saindo muito bem. E o que me surpreendeu é que o nosso presidente nacional do partido me chamou um dia desses e falou que queria devolver o partido ao antigo presidente Marco Rogério”, sacramentou à época.
E reforçou: “Eu quero dizer a toda a população de Rondônia que eu não tenho forças para fazer. Agradeço demais ao nosso ex-presidente Jair Messias Bolsonaro. O Bolsonaro esteve do meu lado, conversou com o Valdemar Costa Neto, queria demais que eu ficasse à frente do partido, mas a decisão final foi do presidente Valdemar Costa Neto”, encerrou.
No fim, Marcos Rogério é o maior beneficiado com Costa Neto, que o trouxe de volta à liderança do PL no estado. Sua principal função é reforçar o nome de Bolsonaro para 2026 (imaginando uma possível reversão em seu status judicial de inelegibilidade), e, claro, conservando o discurso contra o PT, a esquerda, o comunismo, o socialismo, sem apresentar contrapartida prática e empírica à sociedade que o conduziu à cadeira no Senado Federal.
E apesar da “declaração de amor” do presidente do partido a Lula, nem Bolsonaro, nem Marcos Rogério, nem Bagattoli e muito menos Chrisóstomo sairá da sigla sob protestos. Sequer tocarão no assunto. Porque a política é isso também: a arte de se mantar na zona de conforto.
REFERÊNCIAS:
28/10/2023
A reviravolta na Presidência do PL de Rondônia: O retorno de Marcos Rogério
30/10/2023
Bagattoli dá a entender que ‘‘rasteira’’ de Valdemar Costa Neto e Marcos Rogério não contou com apoio de Bolsonaro