Publicada em 05/03/2024 às 08h10
COLUNA FALANDO SÉRIO
O sistema proporcional costuma causar muita confusão, porque é bastante comum observarmos candidatos com poucos votos sendo eleitos pelos chamados “puxadores de votos”. Em face da afirmativa, o que Nikolas Ferreira (PL-MG), Guilherme Boulos (PSOL-SP), Tenente Coronel Zucco (Republicanos - RS); André Fernandes (PL-CE); Silvye Alves (UB-GO) e Fernando Máximo (UB-RO), têm em comum? Estes são alguns dos exemplos de candidatos “puxadores de votos” do pleito eleitoral de 2022. Alguns puxadores de votos conseguem uma votação suficiente para eleger dois, três, até cinco parlamentares. Um caso histórico é o do Enéas Carneiro (PRONA-SP), que em 1994, sozinho, elegeu ele e mais quatro deputados federais, inclusive um candidato com menos de cem votos. Entretanto, muitos neófitos em política e pré-candidatos a vereadores no próximo pleito eleitoral, não consegue enxergar a necessidade de candidatos com potencial de votos superior à média, ou seja, os “puxadores de votos”. Esses candidatos são os responsáveis para aumentar o quociente eleitoral de seu partido e levar outros parlamentares para ocupar cadeiras nos espaços de poder legislativo com menos votos, ou seja, o candidato “escadinha” eleito pela média.
Perfis de Candidatos
Para quem deseja se lançar na disputa eleitoral municipal de outubro próximo, esse colunista que é um estudioso em Geografia Eleitoral, Ciência Política, Marketing Político e Eleitoral, informo que existe dois tipos de perfis de candidatos procurados pelos partidos: “puxador de voto” e “escadinha”. De diferentes formas, ambos perfis de candidatos ajudam as siglas a alcançar um único objetivo: atingir mais vezes o quociente eleitoral e, assim, garantir mais cadeiras nos espaços de poder legislativo.
Puxadores de Votos
Quando analisado os resultados dos pleitos eleitorais anteriores para Câmara de Deputados Federais, Assembleias Legislativas e Câmara Municipal de Vereadores, os puxadores de votos devem ser os candidatos mais cobiçados pelos partidos, eles conseguem atingir a meta de votos mais de uma vez. Por isso, além de se eleger, a votação expressiva dele ajuda os candidatos bem posicionados – “escadinhas”, se elegerem.
Escadinha
O candidato “escadinha” é aquele que consegue se eleger pela média ou fica como suplente, esses últimos representam candidaturas de apoio e servem como uma escada para que mais parlamentares do mesmo partido ocupem uma cadeira nos espaços do poder legislativo. Não preciso entrar em detalhes, mas no pleito eleitoral de 2022, por exemplo, O quociente eleitoral do União Brasil que contou a votação expressiva de 85.604 votos do deputado federal Fernando Máximo, puxou o deputado Lebrão que obteve apenas 12.607 votos.
Composição
Os puxadores de votos também influenciaram na composição da atual Assembleia Legislativa de Rondônia, o maior exemplo é do partido União Brasil que elegeu cinco deputados estaduais. Neste caso, os votos da deputada estadual Ieda Chaves (24.667), Cirone Deiró (22.207), Ezequiel Neiva (20.895), e os demais candidatos “escadinhas”, serviram para eleger as deputadas estaduais Gislaine Lebrinha (12.623) e Rosangela Donadon (12.097).
Puxou
No pleito eleitoral de 2022, os puxadores de votos do PSD, Laerte Gomes (25.603), Cássio Góis (17.753) e os votos dos candidatos escadinhas, puxaram o deputado estadual Nim Barroso com apenas 7.609 votos. Já os votos do deputado estadual Luizinho Goebel (14.162) somado aos votos dos escadinhas da nominata do PSC, serviram para eleger a deputada Dra. Taissa Souza (7.649). Os votos do deputado Marcelo Cruz (18.798), Ribeiro do Sinpol (9.751) e dos candidatos escadinhas, puxou o deputado estadual Edevaldo Neves (8.565), todos do Patriota, hoje PRD.
Ganhou e não levou
Nas eleições de 2022, o quociente eleitoral era de 36.315 votos para o partido conquistar uma cadeira na Assembleia Legislativa de Rondônia. O PT conseguiu eleger a deputada Claudinha de Jesus com 8.845 (1,01%) porque a legenda petista conseguiu fazer 36.754 (4,22%). Entretanto, o médico Luiz Ferrari com mais votos do que a Claudinha, ganhou e não levou devido ao sistema proporcional, ou seja, era o único puxador de votos da Federação PSDB/Cidadania, com 9.298 (1,07%), mas devido ao desempenho fraco dos demais candidatos escadinhas, a Federação só obteve 25.160 votos, resultado, Ferrari ficou de fora pela segunda vez.
Abaixo do esperado
Os partidos nanicos DC, PRTB, PSTU, PCB, PCO, UP e o NOVO, não disputaram eleições majoritárias e proporcionais em Rondônia no pleito eleitoral de 2022. Já os nanicos PMN, Avante, PMB, Solidariedade e Agir, obtiveram quociente eleitoral abaixo de 20 mil votos para deputado estadual, portanto, ficou abaixo do esperado os resultados esperados das nominatas de candidatos. Resultado semelhante obteve o PDT que não conseguiu sequer, eleger um deputado estadual.
Único candidato
Nas eleições municipais de 2016, o PSB de Porto Velho, contava com uma nominata de candidatos puxadores de votos: Edvilson Negreiros com 2.954 votos; Da Silva do Sinttrar com 2.218 votos; Marcio do Sitetuperon com 2.109 votos. Nesse pleito eleitoral, ainda vigorava a coligação, o ex-vereador e ex-deputado estadual Jair Montes era o único candidato do PTC, esse foi coligado com o PSB e conseguiu se eleger com 2.053 votos, tirando a vaga do Pastor Sandro do PSB que obteve 1991 votos, esse último ficou como suplente.
Morrer na praia
Você que é candidato a vereador no próximo pleito eleitoral municipal, não deve ter medo dos "puxadores de votos", ele continua sendo importante para qualquer eleição proporcional, o partido ou federação que não tiver os puxadores de votos e os candidatos escadinhas, vão nadar e morrer na praia. O puxador sozinho também não é interessante para o partido, é uma estratégia equivocada, observe o exemplo do médico Luiz Ferrari no último pleito eleitoral.
Exemplo
Para não morrer na praia, os candidatos a vereadores no próximo pleito eleitoral devem seguir o exemplo do deputado federal Lebrão, das deputadas estaduais Gislaine Lebrinha e Rosangela Donadon, bem como o ex-vereador Jair Montes, que enfrentaram a disputa com puxadores de votos e se elegeram por conta do quociente eleitoral elevado dos partidos.