Publicada em 04/03/2024 às 15h01
Porto Velho, RO – O senador Confúcio Moura, do MDB, em uma exibição deslumbrante de narcisismo político, parece ter se esquecido que Rondônia existe para além da sua aura iluminada de excelência administrativa. Em um discurso que mistura autoglorificação e delírios de grandeza, o ex-governador e ex-prefeito de Ariquemes parece convencido de que o estado só começou a existir como entidade próspera quando ele, em toda a sua magnanimidade, decidiu abençoá-lo com sua presença. Sob a ótica infalível de Confúcio, a história de Rondônia se divide em um antes e um pós-ele-mesmo.
"Desde as minhas gestões de Ariquemes e do governo estadual, o estado de Rondônia parece viver em permanente lua de mel com o desenvolvimento", proclama ele, como se fosse o Cupido que flechou o coração do estado e o fez apaixonar-se perdidamente pela prosperidade.
Com um ego inflado a ponto de rivalizar com as maiores bolhas econômicas da história, o ilustre membro da bancada federal, solenemente só em sua adoração ao governo Lula, do PT, parece estar convencido de que cada parafuso apertado, cada obra inaugurada, é fruto exclusivo de sua genialidade administrativa. O restante da humanidade, incluindo aquela que opera na esfera política, é meramente coadjuvante em sua ópera de grandiosidade.
Não podemos deixar de destacar sua visão visionária de transformar Rondônia em "um polo de desenvolvimento para a América". Ora, quem precisa do Vale do Silício quando se tem Confúcio Moura? Ele, o único farol de sabedoria política em meio a um mar de mediocridade, iluminando o caminho para um futuro glorioso e próspero, onde cada cidadão de Rondônia terá a honra de ajoelhar-se perante a sua estátua erguida em ouro maciço, enquanto o estado ascende ao posto de farol da civilização para todo o continente.
Ao falar de si mesmo, Confúcio lembra o "Melhor do Melhor do Mundo", personagem vivido por Eduardo Sterblitch no Pânico na TV / Reprodução
Quanto à sua convocação para o debate, só podemos imaginar o nível de emoção contido nas palavras. Um debate onde, certamente, a opinião de Confúcio estará acima de qualquer questionamento, uma vez que só ele detém a chave do sucesso e do desenvolvimento. Que se preparem os meros mortais para serem iluminados pela sua sapiência, pois sem dúvida alguma, este será o debate do século - ou pelo menos do reinado de Confúcio. Como diz o ditado, "quando Confúcio fala, Rondônia se curva".
É uma pena que o senador pareça convencido de que sua bolacha é a última do pacote, ignorando o fato de que o mundo continua girando, mesmo que ele, em sua grandiosidade, tenha se esquecido disso. E não podemos esquecer do momento em que Confúcio Moura, em um surto de megalomania planejada, prometeu 20 anos de desenvolvimento em apenas cinco, em 2013, ao lançar um ambicioso pacote de obras no valor de R$ 2 bilhões para os 52 municípios durante sua primeira gestão no Palácio Rio Madeira.
Com um otimismo desmedido, o então mandatário do estado proclamou que Porto Velho, há muito negligenciada, seria a joia da coroa de seu reinado, transformada em um verdadeiro cartão de visitas. Inspirado no lendário Juscelino Kubitschek, Confúcio ousou comparar-se ao presidente que anunciou um plano de metas de 50 anos em apenas cinco, como se estivesse prestes a inaugurar uma nova era de progresso e grandiosidade, enquanto a realidade insiste em mostrar que o tempo e os feitos são bem mais modestos do que sua retórica inflada gostaria de admitir.
Em meio ao fervor das suas proclamações grandiosas, é essencial que Confúcio Moura volte à realidade e relembre suas promessas feitas a Porto Velho como "cartão de visitas" para o estado de Rondônia. Onze anos se passaram desde aquele discurso, porém, a triste realidade é que a cidade ainda enfrenta sérios desafios, especialmente no que diz respeito ao saneamento básico. Porto Velho continua a figurar entre as piores capitais do Brasil nesse quesito, um fato que não pode ser ignorado ou mascarado por retórica inflada. É hora de abandonar os devaneios políticos e trabalhar arduamente para cumprir as promessas feitas ao povo, priorizando as necessidades reais e urgentes da população. Somente assim será possível construir um futuro verdadeiramente próspero e sustentável para todos os rondonienses.
CONFIRA O TEXTO PUBLICADO POR CONFÚCIO MOURA: