Publicada em 16/03/2024 às 11h14
Porto Velho, RO – No editorial desta semana, o Rondônia Dinâmica aborda os cinco pontos mais relevantes da política regional que têm gerado grande interesse entre os leitores, influenciando, direta ou indiretamente, nas eleições de 2024.
O primeiro destaque recai sobre o deputado federal mais votado de Rondônia, Fernando Máximo, do partido União Brasil. Máximo rejeitou categoricamente a possibilidade de ser vice em uma eventual chapa encabeçada por Mariana Carvalho, hoje no Republicanos, evidenciando possíveis divisões internas no espectro político local.
Outro ponto de interesse é a atuação do deputado federal Coronel Chrisóstomo, cuja incursão aos Estados Unidos da América resultou em situações controversas e, em certa medida, constrangedoras. O político, cada vez mais alinhado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, viu sua relevância ser questionada durante uma visita à nação estrangeira.
A "rasteira" sofrida por Jaqueline Cassol, ex-mandatária regional do Progressistas em Rondônia, também ganha destaque. A destituição do cargo, articulada por seu próprio irmão, evidenciou tensões familiares e complexidades internas no cenário político.
Além disso, o advogado Gabriel Tomasete trouxe à tona uma questão crucial relacionada ao caos aéreo em Rondônia, expondo as propostas irrisórias da Azul Linhas Aéreas para encerrar processos judiciais. Essa prática, considerada um deboche pela população, destaca a disparidade entre os interesses corporativos e os direitos dos consumidores.
Por fim, o embate jurídico entre a prefeita Carla Redano e o ex-vereador Rafael "É o Fera" em Ariquemes reflete não apenas questões políticas locais, mas também debates sobre os limites da imunidade parlamentar e a proteção dos agentes públicos. Esses cinco pontos ilustram um cenário político dinâmico e complexo em Rondônia, com potencial para influenciar os rumos das eleições vindouras.
01) Fernando Máximo repele Mariana
Sobre esse assunto, o deputado federal mais votado de Rondônia Fernando Máximo, do União Brasil, declarou durante a semana que não quer saber de ser vice em uma eventual composição com a ex-congressista Mariana Carvalho, ex-PSDB e hoje no Republicanos. Máximo deixou claro deter tanto respeito quanto lealdade à legenda e ao governador do Estado, Coronel Marcos Rocha, seu correligionário. Lado outro, se o Palácio resolver caminhar com Mariana, priorizando as predileções de Hildon Chaves, do PSDB, que quer vê-la como sua sucessora, o médico não descarta novos horizontes em termos de agremiações políticas. Convites ele garantiu que tem. Pedidos da sociedade para apresentar seu nome, também. Se entrar na peleja no mínimo criará ao grupo da situação uma “pulga atrás da orelha”, já que tanto ele como Mariana dividiriam votos no espectro da direita, ou seja, da fatia mais conservadora do eleitorado da cidade das Três Caixas d’Água.
02) Coronel Chrisóstomo e o Mickey
Outro deputado federal, o reeleito Coronel Chrisóstomo, cada vez mais viciado em Jair Bolsonaro, ex-presidente da República e aliado de sigla, foi para os Estados Unidos da América (EUA) onde assistiu sua irrelevância ser levada a um patamar ainda mais insignificante.
Além de ser completamente ignorado pelos veículos de imprensa tradicionais que não citaram seu nome ao falar da comitiva de bolsonaristas barrada na entrada no Capitólio, Chrisóstomo, perdido no idioma, não fez qualquer pronunciamento público em inglês, limitando-se a gravar vídeos para sua “bolha” no Instagram. Na calçada do Congresso estadunidense em Washington, ele assistiu seus parceiros ideológicos e ouviu seus discursos sobre a “ditadura” do Judiciário no Brasil.
Uma coletiva de imprensa na rua improvisada com um púlpito “podre” e capenga enfeitado com três microfones – apenas um deles com identificação –, ilustrou perfeitamente a patacoada da patota direitista em terras de Tio Sam.
O militar aproveitou para atualizar suas redes sociais posando ao lado de Allan dos Santos, blogueiro foragido da Justiça brasileira desde 2021.
Foi tão surreal que o congressista poderia ter ido à Disney se divertir, e, no fim do dia, em termos de fantasia, a incursão daria no mesmo. Aliás, no mesmo não: ele teria uma foto com o Mickey, que ao menos não é foragido da Justiça.
Chrisóstomo, ancho de si e com ímpeto de “salvador do Brasil” aproveitou para chamar todo o Judiciário de seu país de origem de ditador, generalizando suas críticas, sem, claro, apresentar provas.
E sim, ele também quer ser prefeito da Capital. Caso se lance, seria o terceiro nome popular e mais à direita no espectro político na cidade das Três Caixas D’Água.
03) A “rasteira” de Cassol
Uma semana após o Dia Internacional da Mulher, Jaqueline Cassol, ex-mandatária regional do Progressistas em Rondônia, foi surpreendida por uma decisão inesperada de seu irmão, Ivo Cassol. Ivo, negociando diretamente com o senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, articulou sua destituição do partido, visando possivelmente sua própria candidatura ao governo de Rondônia em 2026 pela mesma agremiação. O episódio gerou uma disputa familiar pública, com Jaqueline se pronunciando sobre a divergência entre ela e o irmão, principalmente em relação às posições políticas. Em resposta, Jaqueline emitiu uma nota de esclarecimento destacando sua trajetória política e abordando a questão da violência política de gênero. Seu marido, Luiz Paulo da Silva Batista, também se manifestou, expressando sua surpresa e desconhecimento sobre a decisão do Diretório Nacional do partido. A situação evidenciou não apenas as tensões familiares, mas também as complexidades e os conflitos internos no cenário político de Rondônia.04)
04) Deboche da Azul e a bancada de centavos
Na cidade de Porto Velho, Rondônia, o advogado Gabriel Tomasete, conhecido por sua defesa em prol dos consumidores locais e contra o caos aéreo, denunciou publicamente a prática da companhia aérea Azul Linhas Aéreas de propor acordos judiciais no valor simbólico de um centavo para encerrar processos movidos contra ela. Tomasete expôs essas propostas irrisórias em suas redes sociais, classificando-as como uma zombaria para com os cidadãos rondonienses. Ele apresentou evidências dessas ofertas mínimas, que foram enviadas por representantes legais da Azul, afirmando que tais acordos eram para finalizar as demandas judiciais. Após questionamentos sobre a veracidade das propostas, Tomasete reforçou sua posição, descrevendo a situação como um claro desrespeito aos consumidores. Ele ressaltou que, mesmo em casos em que os processos foram julgados improcedentes, a Azul continuava oferecendo tais acordos, sugerindo uma estratégia para evitar desfechos negativos nos tribunais. A proposta da empresa aérea, equivalente a um centavo, foi comparada ao valor da bancada federal rondoniense no Congresso Nacional, destacando a disparidade entre os interesses corporativos e a representação política do estado.
05) Carla ressuscita processo contra Fera
Na cidade de Ariquemes, em Rondônia, um embate jurídico entre a prefeita Carla Redano e o ex-vereador Rafael Bento Pereira, conhecido como Rafael "É o Fera", gerou repercussão no cenário político local devido a decisões judiciais contraditórias. Em outubro de 2023, o juiz Decyo Allyson Sarmento Ferreira rejeitou uma queixa-crime movida por Redano contra "É o Fera", alegando calúnia, difamação e injúria durante uma sessão na Câmara de Vereadores. O magistrado considerou as declarações protegidas pela imunidade parlamentar. No entanto, após recurso da prefeita, em março de 2024, a 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Rondônia reverteu a decisão inicial, determinando o recebimento da queixa-crime. O acórdão destacou que a imunidade parlamentar se aplica apenas a manifestações relacionadas ao exercício do mandato político, e que a análise sobre a atipicidade da conduta foi crucial para permitir o prosseguimento da ação penal. O embate legal entre a prefeita e o ex-vereador continua, trazendo à tona debates sobre os limites da imunidade parlamentar e a proteção da honra e da dignidade dos agentes públicos.