Publicada em 09/04/2024 às 09h41
CONSPIRAÇÃO
Ao conceder entrevista à SIC TV (Record), ao programa comandado por Everton Leoni, o deputado Fernando Máximo (União Brasil) revelou que uma conspiração engendrada pela Direção Regional e Municipal foi o motivo pelo qual desistiu de concorrer à prefeitura da capital. Durante a sabatina o parlamentar não escondeu a indignação ao saber que o União Brasil, partido ao qual está filiado, optou por lançar a candidata derrota ao Senado pelo Republicanos nas eleições 2022, Mariana Carvalho, que, aliás, somente requereu a filiação ao UB no último sábado, data final pelo calendário eleitoral para as filiações.
RECONHECIMENTO
Visivelmente chateado com a puxada de tapete pelos mandatários do UB, Máximo fez questão de enfatizar o reconhecimento ao governador pela oportunidade profissional quando o nomeou Secretário de Saúde. Isentando Marcos Rocha da confusão.
BARRADO
Pelas críticas, restou claro que a ira de Máximo fora dirigida aos irmãos Gonçalves, Júnior e Sérgio. Os irmãos comandam a mão de ferro as estruturas estadual e municipal do União Brasil e o avisaram que o candidato do partido a prefeito de Porto Velho atende pelo nome de Mariana Carvalho, filha de Aparício, e não ele. Ao ser barrado, a alternativa, para evitar outras retaliações, foi desistir da candidatura na marra.
SAÍDA
O deputado Fernando Máximo ainda avaliou convites de filiação formulados pelo PL, PP e pelo PSD. Entre os três, o mais vantajoso para uma disputa na capital seria o PL, mas as garantias eram frágeis. Nem liderando todas as pesquisas divulgadas e, portanto, cobiçado pelas demais agremiações, foi suficiente para ter a certeza de que a candidatura por outra legenda estaria sacramentada sem problemas judiciais. Enfrentar uma campanha majoritária com a ameaça cassação seria um ótimo mote para os adversários explorarem. Além da perda imediata da prerrogativa de foro. Ficou sem saída.
AVISO
A situação de Fernando Máximo é uma piada, para não dizer tragédia: o cara é o melhor avaliado entre os pré-candidatos, fez sozinho a legenda do UB na última campanha, puxando dois outros deputados federais com votações modestas, inclusive Maurício Carvalho, irmão de Mariana, nem assim conseguiu convencer seus algozes para ser indicado a prefeito. Na campanha é um tema que voltará aos debates porque o fato revoltou Máximo e tende a ser explorado pelos adversários. Ele avisou profeticamente que sabe antecipadamente quem não vai apoiar. E a dedução é fácil para qualquer cabeça, especialmente as chatas: certamente Marianinha não terá seu apoio.
INFIEL
Numa leitura simples da situação é obrigatório reconhecer de forma isenta que a vítima desta relação se chama Fernando Máximo. Ele é o traído e o União Brasil o infiel. Não há outra explicação numa linguagem coloquial. Trocaram doze por meia dúzia. As chifradas do UB fizeram dele um touro raivoso que não aceita ser abatido sem uma reação mais vigorosa. E assim procederá.
TRATOR
Quem acompanha os bastidores da política percebe claramente que houve um esforço concentrado pelos grupos políticos do estado e município de Porto Velho para impedir qualquer candidatura que colocasse em risco o projeto eleitoral capitaneado pela filha de Aparício Carvalho. Um esforço violento com objetivos definidos para ‘tratorar’ quem se opusesse ao projeto, provocando reações e desistências. Máximo foi o primeiro alvo. Um segundo, que começa a se esboçar, é em direção ao ex-deputado federal Léo Moraes. Mas com este o trator não funciona. Terão que gastar saliva e muita para convencê-lo a permanecer na direção-geral do DETRAN. Senão é Léo quem tratora esta choldra.
CANDIDATO
Uma semana atrás Léo Moraes (PODEMOS) estava fora da disputa da pré-eleição a prefeito. Com a experiência que adquiriu no exercício parlamentar ficou espiando de longe as brigas formadas sem que se imiscuísse em nenhuma delas. Literalmente se frz de morto e lavou as mãos, agora, com o quadro desanuviado e Fernando Máximo barrado das eleições, Léo Moraes que estava quieto, volta ao centro das atenções com chances reais de empinar uma candidatura promissora. Aposto uma URV contra um real que os fatos animaram Léo Moraes a disputar a sucessão de Hildon Chaves. Léo é candidato.
MÃO
Lembro que foi Hildon Chaves que tomou da mão de Léo a prefeitura e, oito anos depois, poderá devolvê-la com a outra. Uma vez que a candidatura da menina de Aparício é imposição. Hildon raciocina equivocadamente que, em razão da avaliação positiva da atual administração, qualquer ungido vira prefeito. O eleitor da capital é complexo a dado a surpresas, não aceita garroteamento e define o candidato nas setenta e duas horas antes do pleito. O ex-prefeito Chiquilito Erse cometeu o mesmo erro que o atual prefeito está incorrendo.
PROFISSIONAIS
O velho MDB deu uma importante cartada ao filiar a juíza aposentada Euma Tourinho com a promessa de ser indicada candidata a prefeita. A filiação, além de boas manchetes, colocou os velhos mandatários do MDB no jogo sucessório. Ainda é cedo para afirmar que o partido homologará o nome de Euma na convenção, embora anunciada a candidatura. Profissionais na arte de prometer e depois não cumprir com o avençado, o MDB não é para amadores. O falecido desembargador aposentado Valter Waltemberg foi um exemplo de como o partido descarta qualquer candidatura independente dos antecedentes. Euma ainda não demonstrou que é um nome com apelo eleitoral, é noviça nesta arte e tem um longo caminho espinhoso a percorrer. Não basta ostentar o ex-cargo de magistrada como garantia da candidatura. O MDB já passou a perna até no "capa preta" Valdir Raupp. Já há quem sugira indicá-la a pré-candidata como vice de uma chapa eleitoralmente mais consistente, descartando a candidatura própria. A entrada de Léo na disputa, por exemplo, cai como luva aos projetos emedebistas. O MDB não é para amadores. A velha guarda emedebista está veia, mas não gagá. A candidatura da juíza nasce com cheiro de naftalina.
PROGRESSISTA
Quem também assiste de longe os entreveros dos partidários da direita é o progressista Vinícius Miguel (PSB). Embora tenha mantido contatos com a maioria destes personagens relatados na coluna, Vini articula em surdina sua candidatura que pode ser catalisadora das insatisfações de eleitor mais ao centro.
MEMÓRIA
O professor Vini não é um candidato a ser desprezado, especialmente se conseguir reunir em torno de si outros partidos da mesma matriz ideológica. Na reeleição de Hildon Chaves, ficou fora do segundo turno por apenas mil e quinhentos votos, senão teria dado um trabalho monumental à reeleição do atual prefeito. Tenho na memória uma reunião que Hildon convocou na sua casa, véspera do primeiro turno (sábado), com Vinícius, momento em que reconheceu o risco de perder. Algo até então inimaginável. Tenho também na memória as palavras ditas e, 24 horas depois, com o resultado do primeiro turno, anunciou que solicitaria imediatamente o apoio de Vinícius a sua reeleição. O que de fato aconteceu. Naquele dia, entre uns goles e outros, o próprio Hildon Chaves confessou que, sendo Vini o adversário no segundo turno, o resultado seria imprevisível. Para alívio do prefeito, Cristiane Lopes quem passou por menos dois por centos dos votos.
PT
Ainda é desconhecido formalmente qual rumo os petistas vão seguir nas eleições da capital. O nome mais denso é o de Fátima Cleide, mas ela ainda não demonstrou nenhum interesse no pleito. O partido já administrou as maiores cidades do estado, inclusive Porto Velho, mas tem se desidratado nas urnas com a ascensão do bolsonarismo. Contudo, os votos que ainda detém na capital são fundamentais para dar força a qualquer candidatura mais progressista. Cidades como Porto Velho, Cacoal, Jaru, Guajará e Presidente Médici, já administradas pelos petistas, não guardam um bom legado administrativo, mas ainda depositam neles alguns votinhos. Atualmente o partido está com uma candidatura forte para a prefeitura de Nova Brasilândia. O apoio dos petistas na capital ajuda qualquer candidato.
URROS
Ivo Ksol voltou à ribalta política depois de ter sido barrado pelo Judiciário nas eleições estaduais passadas. Com seu estilo estridente e belicoso, retomou a direção do PP com ataques fortes contra o senador Confúcio Moura (MDB), por perceber que este (Moura) tem tudo para ser seu principal concorrente nas eleições a governador em 2026. Já não é mais aquele político de vinte anos atrás, que fazia os adversários correrem do ringue com medo dos impropérios. Ksol vai perceber adiante que as redes sociais não perdoam nem os velhos rabugentos do passado que querem apavorar no futuro. O silêncio confuciano aos impropérios foi mais bem assimilado do que os urros estrepitosos do ex-governador ainda inelegível. É possível que recupera os direitos políticos. Como é factível que processos que tramitam nos escaninhos judiciais voltem a tirá-lo da cena novamente.
BARULHO
Mais barulho à vista. Os céus de Rondônia continuam nublados e o tempo ruim se espraiando para tudo que é lado. Aguardem!