Publicada em 17/05/2024 às 17h01
Equipe composta por discentes e servidores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO) acompanham a peregrinação da 127ª Festa do Divino Espírito Santo do Vale do Guaporé, estado de Rondônia. A Festa, que abrange 39 municípios do Vale do Guaporé, sendo oito bolivianos e 31 brasileiros, passa por mais de 40 localidades tradicionais na fronteira entre os dois países, percorrendo mais de 1.360 km, durante cerca de 50 dias.
Desde o dia 25 de março, a equipe do “Projeto Valorize”, fruto da parceria entre IFRO e Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) para a realização do processo de tombamento da Festa do Divino do Vale do Guaporé, está engajada na cobertura e catalogação dos preparativos e da peregrinação da 127ª Festa do Divino Espírito Santo do Vale do Guaporé, iniciada em Pimenteiras do Oeste, no dia 1° de abril, mas com a preparação dos romeiros realizada no município de Costa Marques, do dia 25 de março ao dia 28 do mesmo mês.
A peregrinação foi iniciada em 1894, quando Manoel Fernandes Coelho trouxe de Vila Bela da Santíssima Trindade a Coroa do Divino para a antiga Ilha das Flores, para onde os povos vizinhos se deslocavam em suas embarcações para participar da homenagem. A partir daí, criou-se o hábito de todos os anos realizar uma romaria fluvial pelo Rio Guaporé, expandindo e transformando-se no “Festejo do Divino Espírito Santo do Vale do Guaporé”.
Para a Superintendente do IPHAN, Alyne Mayra Rufino dos Santos, “o reconhecimento da tradição do Divino é uma fase importante para o processo de valorização da cultura e do patrimônio rondoniense em âmbito nacional”.
Em Rondônia, a Festa do Divino foi reconhecida como Patrimônio Histórico, Cultural e Imaterial estadual através da Lei Estadual n° 5.252 sancionada em 11 de janeiro de 2022.
Na visão do historiador Uilian Nogueira Stark, responsável pelo projeto “Valorize” e pela condução dos documentos que comporão o inventário de apresentação da festa, “a importância da tradição do Divino ultrapassa o campo da historicidade, atingindo em cheio a cultura e as relações sociais, com essa forte aliança fronteiriça entre o Brasil e a Bolívia”.
Os registros fotográficos e audiovisuais contam com a contribuição da fotógrafa e bolsista do projeto Marcela Bonfim, com a cobertura nas localidades de Costa Marques, Pimenteiras do Oeste, Quilombo de Pedras Negras e na cidade de Guajará-Mirim. “O reconhecimento do Festejo é também uma forma de reconhecimento da presença negra na Amazônia”, enfatiza a fotógrafa.
No projeto estão inscritos como bolsistas os professores Uilian Nogueira Lima (Coordenador-Geral), Saulo Gomes de Sousa (Coordenador Adjunto), a fotógrafa Marcela Fernandes da Silva Bonfim e os alunos Vanessa Israel Cabreira e Demétrius Roberto de Oliveira Estevam.
Como resultado, é esperado um relatório com textos e fotografias e também um vídeo documentário com a participação das representatividades mais antigas da tradição, além do registro de toda a ritualística que envolve a peregrinação, como as chegadas e partidas, com as “meias luas”, as “venerações” e “esmolas”, e as “vigílias”, dentre outras manifestações simbólicas.