Publicada em 10/05/2024 às 10h55
Confúcio Moura transita entre o "céu" e o "inferno" da política / Reprodução-Fotomontagem
Porto Velho, RO – Confúcio Moura, do MDB, senador da República eleito por Rondônia, ex-governador do Estado, encontra-se em um momento crucial de sua carreira política. Aliado de do presidente Lula e do PT, Moura tem o desafio de manter seu prestígio no cenário político nacional, enquanto enfrenta a desaprovação de medidas impopulares entre seus eleitores.
Recentemente, o senador foi o único representante de Rondônia a votar a favor do "novo DPVAT", contrariando seus colegas de estado, Marcos Rogério e Jaime Bagattoli, ambos do PL, que se posicionaram contra a medida. Esse ato parece sinalizar um afastamento das preocupações com a reeleição, uma vez que Moura demonstra pouco interesse nas repercussões de suas decisões, algo que pode ser interpretado como uma despedida dos cargos eletivos.
Em seu mandato, após anos de uma postura neutra, Moura decidiu assumir abertamente suas inclinações ideológicas. Em seu blog, ele critica fervorosamente a Ditadura Militar, atitude que desagrada uma parte significativa dos rondonienses que consideram o golpe de 1964 uma "revolução" necessária contra o comunismo.
Além disso, durante seu governo, Moura foi responsável pela criação de mais de 11 reservas ambientais por decreto, sem consulta à Assembleia Legislativa de Rondônia (ALE/RO), o que gerou grandes conflitos com os moradores expulsos dessas regiões, resultando em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os decretos.
Apesar das controvérsias, o percurso político de Moura reflete uma trajetória de sucesso, passando pela Prefeitura de Ariquemes, o Governo de Rondônia e, finalmente, o Senado Federal. No entanto, seu voto decisivo para o retorno do DPVAT, que foi aprovado com o mínimo necessário de votos, tem sido amplamente criticado nas redes sociais.
Muitos eleitores sentem-se pessoalmente onerados por essa decisão, vendo-a como uma cobrança direta de Moura, já que seu voto foi decisivo para o desfecho. Antes disso, foi um dos poucos congressistas no Brasil que votaram contra a PEC das Drogas. A PEC 45/2023 insere no art. 5º da Constituição a determinação de que é crime a posse ou porte de qualquer quantidade de droga ou entorpecente “sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar”.
Paralelamente, segue em ascensão em Brasília.
Agora, na última terça-feira, 07, ele foi indicado pelo presidente da Comissão Mista de Orçamento, deputado Júlio Arcoverde (PP-PI), para ser o relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025. A LDO é a norma que delimita os parâmetros orçamentários da União e mostra as prioridades a serem seguidas pelo Executivo Legislativo e Judiciário. Moura aceitou o convite.
Confúcio aponta o próprio "prestígio" ao ser escolhido como Relator das Diretrizes Orçamentárias de 2025 / Reprodução
Enfim, ao escolher caminhar pelo espectro centro-esquerda, Confúcio Moura optou por seguir uma trajetória mais alinhada com suas convicções. Contudo, este caminho pode não ser recebido com o carinho que ele espera por parte de um eleitorado predominantemente conservador. Afinal, como apontou o pensador Magalhães Pinto, "política é como nuvem...", e as percepções podem mudar tão rapidamente quanto as formações no céu. Ele transita, portanto, entre o "céu" e o "inferno" da política, regozijando-se em prestígio junto ao governo federal, mas, lado outro, padecendo em impopularidade no seu estado de origem.