Publicada em 27/05/2024 às 16h06
O Papa Francisco disse em reunião interna da Igreja que "já existe bichice demais" em seminários ao pedir para que bispos italianos não aceitem padres abertamente gays, afirmou imprensa italiana. A fala do Papa, que teria ocorrido há uma semana, virou manchete em diversos veículos ao redor do mundo nesta segunda-feira (27).
Segundo os jornais "La Repubblica" and "Corriere della Sera", em reunião a portas fechadas com bispos italianos, o Papa usou a palavra "frociaggine", um termo vulgar italiano que pode ser traduzido aproximadamente como "viadagem" ou "bichice". O termo é altamente depreciativo em relação à comunidade LGBT e seu uso teria surpreendido os mais de 200 presentes, segundo a agência de notícias italiana Ansa.
O Vaticano ainda não se manifestou sobre a fala do Papa Francisco.
O "La Repubblica" atribuiu sua história a várias fontes não especificadas, enquanto o "Corriere della Sera" afirmou que foi respaldada por alguns bispos não identificados, que sugeriram que o Francisco, sendo argentino, poderia não ter percebido que o termo italiano que usou era ofensivo.
O site de fofocas políticas Dagospia foi o primeiro a relatar o suposto incidente, que teria ocorrido em 20 de maio, quando a Conferência Episcopal Italiana abriu uma assembleia de quatro dias com uma reunião privada com o pontífice.
O Papa Francisco, de 87 anos, tem sido creditado por liderar a Igreja Católica Romana a uma abordagem mais acolhedora em relação à comunidade LGBT.
Em 2013, no início de seu papado, uma frase sua ficou famosa: "Se uma pessoa é gay e busca Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgar?". No ano passado, ele permitiu que sacerdotes abençoassem membros de casais do mesmo sexo, desencadeando uma reação por parte de pessoas mais conservadoras.
No entanto, ele transmitiu uma mensagem semelhante sobre seminaristas gays - sem o palavrão relatado - quando se encontrou com bispos italianos em 2018, dizendo-lhes para examinarem cuidadosamente os candidatos ao sacerdócio e rejeitarem quaisquer suspeitos de serem homossexuais.
Em um documento de 2005, lançado sob o falecido predecessor de Francisco, Bento XVI, o Vaticano afirmou que a Igreja poderia admitir ao sacerdócio aqueles que claramente superaram tendências homossexuais por pelo menos três anos.
O documento dizia que homossexuais praticantes e aqueles com tendências homossexuais "profundamente enraizadas" e os que "apoiam a chamada cultura gay" deveriam ser barrados.