Publicada em 22/05/2024 às 15h39
O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, convocou eleições antecipadas no país nesta quarta-feira (22). Sunak também dissolveu o Parlamento.
As novas eleições, segundo Sunak, acontecerão em 4 de julho -- pelo calendário atual, o pleito deveria acontecer em janeiro de 2025. Com isso, o Reino Unido poderá ter seu quarto primeiro-ministro em um período de dois anos, caso Sunak não seja reeleito.
Nas eleições gerais britânicas, todos os distritos votam para escolher, cada um, seu representante na Câmara dos Comuns. O partido que obtém maioria, ou que lidera a formação de uma coalizão majoritária, nomeia seu líder como primeiro-ministro.
O anúncio pegou de surpresa até membros de sua sigla, o Partido Conservador. Sunak, que assumiu o poder no fim de 2022 após a ex-premiê Liz Truss renunciar, já havia dito que pretendia convocar eleições gerais em 2024, mas a expectativa era de que isso ocorresse apenas no fim do ano.
Segundo a imprensa local, no entanto, ele decidiu antecipar o pleito após a divulgação, nesta semana, de novos dados econômicos positivos para seu governo. O jornal britânico "The Guardian" afirmou que membros do partido convenceram Sunak de que esses números não melhorariam até o fim do ano, de forma que seria melhor para os Conservadores realizar o pleito o quanto antes.
"Esta estabilidade econômica duramente conquistada sempre foi apenas o começo. A questão agora é como e em quem você confia para transformar essa base em um futuro seguro para você, sua família e nosso país. Este é o momento para a Grã-Bretanha escolher seu futuro, decidir se queremos construir com base no progresso que fizemos ou arriscar voltar à estaca zero", disse Rishi Sunak no X (antigo Twitter).
No entanto, pesquisas de intenção de voto do Reino Unido indicam que o líder do Partido Trabalhista -- principal rival dos conservadores --, Keir Starmer, é o favorito para vencer um novo pleito. Caso isso ocorra, os trabalhistas voltariam ao poder depois de 14 anos do Partido Conservador no poder.
No anúncio, feito na porta de Downing Street, a sede do governo britânico, em Londres, o premiê não informou se vai se candidatar à reeleição. O ministro da Economia, Jeremy Hunt, disse que "será uma honra lutar com todas as forças para que ele [Rishi Sunak] seja reeleito, porque precisamos de um governo que tome as decisões difíceis".
Sunak assumiu o governo após uma tentativa frustrada de a ex-premiê Liz Truss substituir Boris Johnson, que deixou o cargo por conta de escândalos envolvendo sua presença em festas durante o período de quarentena na pandemia de Covid-19 no Reino Unido.
No Reino Unido, quando um primeiro-ministro renuncia ao cargo, seu partido pode eleger um substituto internamente, no lugar de fazer eleições gerais. Truss, o nome que o Partido Conservador escolheu para substituir Johnson, ficou apenas 44 dias no cargo.
Em uma nova votação interna, os conservadores elegeram então Rishi Sunak, que assumiu com a promessa de conter a inflação e reabastecer a economia. Mas o governo do premiê, filho de imigrantes indianos e casado com uma bilionária, também ficou marcado por bandeiras conservadoras como o projeto para enviar à força imigrantes ilegais para Ruanda.
Em seu discurso, ele voltou a defender a proposta. Sunak também afirmou ter conseguido restabelecer a estabilidade econômica do país após o Brexit e a pandemia.
"Nos últimos cinco anos, nosso país passou pelo momento mais desafiador desde a Segunda Guerra Mundial", disse Sunak. "Nunca deixaria este país na sombra, e vocês viram isso. Nossa economia está caminhando mais rápido que qualquer pessoa tenha previsto".
Ao longo do discurso, na transmissão da TV, era possível ouvir a música "Things Can Only Get Better" (as coisas só podem melhorar, em português) ao fundo. Não está claro quem a colocou para tocar naquele exato momento.
A canção, da banda britânica D:Ream, foi tema da campanha vitoriosa que levou o trabalhista Tony Blair ao posto de primeiro-ministro, em 1997. O Partido Trabalhista é adversário do Conservador, de Sunak.