Publicada em 27/05/2024 às 10h43
Os agricultores que seguem as recomendações do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) — estudo que identifica regiões e épocas de menor risco climático para o plantio e semeadura das culturas — já podem se organizar para o período de semeadura. O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), instituído pelo Decreto 9.841/2019, já publicou o zoneamento agrícola da soja. Segundo o advogado especialista em direito agrário Francisco Torma, o zoneamento é uma ferramenta que permite definir um calendário propício para o plantio de algumas culturas agrícolas.
“É o período que permite ao produtor identificar a melhor época para plantar, levando em conta a região do país, a cultura e os diferentes tipos de solos”, explica.
De acordo com o especialista, após o estudo da área é produzido um calendário com as melhores datas para cada região. “Quanto mais informações forem disponibilizadas, quanto mais informações o produtor tiver sobre as condições ambientais, mais assertivo será o calendário agrícola”, reforça.
Para o analista de mercado de Safras & Mercado Luiz Fernando Gutierrez Roque, “o objetivo é direcionar e trazer informações para os produtores semearem, plantarem, produzirem nas épocas corretas em cada região, em cada estado, para tentar diminuir o risco fora dessas janelas”, ressalta
Conforme Gutierrez, mesmo com situações climáticas não esperadas, ainda assim o período estabelecido é o que apresenta menor probabilidade de perdas: “Não quer dizer que não possa ter problemas climáticos, é óbvio que pode, mas dentro dessas janelas a gente tem, teoricamente, um menor risco, principalmente climático nesse sentido”, analisa.
De acordo com o Ministério da Agricultura, a soja, por exemplo, ao simular a probabilidade de perdas, acontece em torno de 20%, 30% e 40%, devido à ocorrência de eventos meteorológicos adversos.
Confira aqui os períodos de vazio sanitário e de calendário de semeadura de soja em nível nacional, referentes à safra 2024/2025.
Estados para zoneamento
O advogado especialista em direito agrário Francisco Torma diz que a escolha dos estados para o zoneamento agrícola leva em consideração, além dos atributos climáticos, fatores como condições do solo.
“A soja, por exemplo, tem um calendário que evita que sua colheita seja muito tardia e coincida com a chegada do frio, situação climática que não é adequada a esta cultura. Precisam ser unidades federativas que apresentem cultura e variações climáticas consideráveis”, esclarece.
O engenheiro agrônomo Charles Dayer acrescenta mais um fator. Ele destaca que os estados escolhidos foram aqueles com maior produção. “Essas regiões foram separadas pensando na questão da produtividade — e se você faz um extrato elas vão ter um clima semelhante entre si”, analisa.
Estados para zoneamento agrícola
Rio de Janeiro
Goiás
Mato Grosso
Mato Grosso do Sul
Bahia
Maranhão
Piauí
Acre
Pará
Rondônia
Tocantins
Minas Gerias
São Paulo
Paraná
Rio Grande do Sul
Santa Catarina
Distrito Federal.
Brasil e o potencial de produção
Na opinião do analista de mercado de Safras & Mercado Luiz Fernando Gutierrez Roque, a produção agrícola brasileira tem um grande potencial para exportação. Segundo Roque, as condições climáticas e territoriais colocam o Brasil em uma posição de destaque.
“Tem um ambiente, tem uma geografia favorável à produção de soja na maior parte do país, ou em grande parte do país. Tem terras para serem abertas, digamos assim, ou exploradas nos próximos anos”, salienta.
O engenheiro agrônomo Charles Dayer ainda acrescenta: “O Brasil já tem questão de maquinaria agrícola desenvolvida, tecnologia de semente desenvolvida, a técnica dos produtores é desenvolvida — então o Brasil é uma potência mundial em produção de soja. Essa ferramenta pode ajudar a manter ou elevar, até dependendo da situação, a produtividade”, observa.
O Ministério da Agricultura e Pecuária alerta que os agricultores que seguem as recomendações do ZARC estão menos sujeitos aos riscos climáticos e podem ser beneficiados pelo Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) e pelo Programa de Subvenção ao prêmio do Seguro Rural (PSR). Conforme a pasta, muitos agentes financeiros só liberam o crédito rural para cultivos em áreas zoneadas.