Publicada em 29/05/2024 às 11h49
A União Europeia pediu para que a Venezuela reconsidere a decisão de revogar o convite para que observadores internacionais da comunidade acompanhem as eleições presidenciais do país, marcadas para 28 de julho. Uma nota foi publicada no fim da noite de terça-feira (28).
O chefe do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, Elvis Amoroso, anunciou o "desconvite" ainda durante a terça-feira. Na TV estatal, ele criticou a União Europeia pelas sanções econômicas impostas à Venezuela.
“Eles não são pessoas que merecem vir a este país", afirmou Amoroso, chamando as sanções contra a Venezuela de "colonialistas, coercitivas, unilaterais e genocidas".
Por meio de seu escritório em Caracas, a União Europeia comentou a decisão, dizendo lamentar profundamente o ato unilateral do CNE.
"O povo venezuelano deveria poder eleger seu presidente em eleições legítimas, transparentes e competitivas, respaldadas pela observação internacional, incluindo a União Europeia", afirmou em nota.
A União Europeia também relembrou que o convite para a observação internacional nas eleições foi firmado por meio de um acordo assinado entre as autoridades venezuelanas e membros da oposição.
O caso
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) é controlado na prática pelo presidente Nicolás Maduro, que concorre ao terceiro mandato.
O pedido para revogar o convite aos observadores europeus partiu da Assembleia Nacional, também controlada pelo regime chavista.
A oposição ao governo de Maduro resolveu participar das eleições deste ano. Da última vez, em 2018, a estratégia foi boicotar a votação. O principal oponente é o ex-diplomata Edmundo González Urrutia.
No ano passado, o atual governo fez um acordo com a oposição para a realização de eleições. Depois disso, os Estados Unidos retiraram as sanções econômicas impostas à Venezuela.
No entanto, em abril deste ano, os americanos voltaram a impor sanções, pois consideraram que o governo venezuelano não está se esforçando suficientemente para que a votação seja limpa.
O CNE já tirou da disputa duas opositoras de Maduro: Maria Corina Machado, desqualificada pela Controladoria da Venezuela; e Corina Yoris, que não conseguiu ao acessar o sistema de registro eleitoral por razões não especificadas.
Convite à UE foi feito em março
O convite da Venezuela para que a União Europeia enviasse observadores foi feito em março.
Na ocasião, Elvis Amoroso deu indicações de que o convite para que os europeus participassem seria feito "sempre que se cumprissem os requisitos da norma constitucional e legal".
Além da União Europeia, também foram convidados delegados dos seguintes grupos:
Centro Carter (do ex-presidente americano Jimmy Carter);
Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac);
Comunidade do Caribe (Caricom);
especialistas da ONU;
representantes do bloco dos Brics (grupo de países em desenvolvimento).
Missões internacionais já fizeram denúncias sobre irregularidades em eleições venezuelanas no passado. Os observadores afirmaram que houve uso de recursos do Estado na campanha, diferença de tempo de TV e meios de comunicação entre partidos, além de desqualificação de candidatos.