Publicada em 25/06/2024 às 09h46
Porto Velho, RO – Em discurso sobre o futuro do Brasil, o senador Confúcio Moura (MDB) destacou a persistente desigualdade social no país e criticou os privilégios concedidos aos ricos pelo Congresso Nacional. Segundo Moura, "o protecionismo brasileiro só concede incentivos, subsídios e vantagens para os ricos brasileiros e do mundo", e os empresários com poder de pressão "vão lá no Congresso e conseguem direcionar o interesse deles, até no orçamento, nas leis".
O senador ressaltou a necessidade de pequenas ações diárias para promover mudanças estruturais e combater a concentração de renda. Moura afirmou que "o dinheiro na mão de pouquíssimas pessoas, dos ricos e dos bilionários", enquanto "a massa brasileira, as camadas populares, muitas vezes, padecem". Ele também mencionou a dívida histórica com negros e indígenas, enfatizando a urgência de abrir espaços para esses segmentos na sociedade brasileira.
Para Moura, a educação é essencial, mas não suficiente para resolver o atraso e a desigualdade. Ele defendeu reformas contínuas, como na previdência e no orçamento, além de medidas contra o crime organizado e acidentes de trânsito, visando um progresso gradual ao longo dos anos. "Não existe bala de prata prontinha na agulha da pistola pra gente disparar e fazer com que o Brasil, de uma hora pra outra, se transforme num país desenvolvido", concluiu.
CONFIRA:
O futuro do Brasil
Confúcio Moura
Nós brasileiros não podemos perder esperança nunca, né? Isso é um ditado que corre por aí a ventos frouxos. O brasileiro é, antes tudo, um esperançoso. Mas a realidade brasileira vem andando desde os anos 60, anos 70, anos 80, com uma oscilação muito pequena. Hora pra cima, hora pra baixo; hora de crescimento, hora de retrocesso; e assim continuamente. E se a gente não fizer o nosso dever de casa, o Brasil não vai ter futuro. Vai ficar nesse marche, marche, eternamente. Mas o que é que a gente deve fazer para o Brasil melhorar? Não existe bala de prata prontinha na agulha da pistola pra gente disparar e fazer com que o Brasil, de uma hora pra outra, se transforme numa Coreia, num Japão, num país europeu desenvolvido, nos Estados Unidos ou, propriamente, na China. Não existe. Nós temos é que fazer pequenas ações diárias, pequenas ações mensais, pequenas ações anuais.
Ou seja, temos que ir melhorando as ações que devem ser feitas. Mas e a educação? É lógico, a educação é indispensável, mas ela sozinha não vai resolver a situação de atraso e desigualdade. Em 20 anos ela já está começando a dar uma melhorada, mas nós precisamos melhorar tudo, começando pela imagem do Brasil. Esse protecionismo brasileiro em que a gente só concede, por exemplo, incentivos, subsídios, vantagens para os ricos brasileiros (e os do mundo), para os empresários que batem na porta, que têm força de pressão. Esses vão lá no Congresso e conseguem direcionar o interesse deles, até no orçamento, nas leis. A gente tem que tomar bastante cuidado com tudo isso, senão nós ficamos numa roda viva como, se diz por aí, o cachorro correndo atrás do rabo. E o Brasil não vai para frente.
Termina ficando do mesmo jeito. O dinheiro na mão de pouquíssimas pessoas, dos ricos e dos bilionários, e a massa brasileira, as camadas populares, muitas vezes, padecendo, né? Além disso, você bem sabe, todo mundo sabe, que nós temos uma dívida impagável com os negros. Todo mundo sabe também que nós temos uma dívida impagável com nossos indígenas. Vejo que tão cedo não iremos pagar. Aliás, eu acho que nunca vamos conseguir pagar, mas está na hora da gente começar a abrir os espaços para que esses segmentos entrem no bolo brasileiro. Isso é muito importante. O futuro do Brasil depende de pequenas ações diárias que a gente vai fazendo. Não existe uma mega reforma.
Temos que fazer uma reforma da previdência a cada cinco anos. Nós temos que fazer uma reforma orçamentária sempre. Temos que trabalhar a educação todos os dias. São essas as medidas. Além de pequenas medidas ao combate do crime organizado, ao combate dos crimes de rua, combate aos acidentes de trânsito.
E assim vamos melhorando o comportamento do Brasil, gradualmente, em 20, 30, 40, 100 anos. Já passamos 500 anos e até pelo meio trivial avançamos pouco.