Publicada em 25/06/2024 às 09h23
Um grupo de manifestantes invadiu nesta terça-feira (25) o Parlamento do Quênia, na capital Nairobi, como parte de uma onda de protestos contra o aumento de impostos no país que, segundo paramédicos que atuam no local, deixou dez mortos por arma de fogo.
Manifestantes e policiais se enfrentaram no local. A irmã de Barack Obama, a ativista queniana Auma Obama, participou das manifestações e relatou à rede CNN Internacional ter sido atingida com gás lacrimogêneo por policiais locais.
Segundo testemunhas da agência de notícias Reuters, havia fumaça saindo de dentro do Parlamento nesta manhça. O governo queniano, alvo dos protestos, ainda não havia se pronunciado até a última atualização desta reportagem.
Os manifestantes também pedem a demissão do presidente do país, William Ruto.
“Queremos fechar o Parlamento e todos os deputados deveriam renunciar”, disse à Reuters um manifestante, Davis Tafari, que tentava entrar no Parlamento. "Teremos um novo governo."
Protestos e confrontos também ocorreram em várias outras cidades e vilas do país.
Aumento de impostos
A ativista queniana Auma Obama, meia-irmã do ex-presidente dos EUA Barack Obama, durante manifestações em Nairobi, em 25 de junho de 2024. — Foto: Redes sociais/ Aura Obama
O Parlamento aprovou o projeto de lei financeiro, que ainda passará para uma terceira leitura pelos legisladores. O próximo passo é que a legislação seja enviada ao presidente para assinatura. Ele pode devolvê-lo ao parlamento se tiver alguma objeção.
Os manifestantes opõem-se aos aumentos de impostos num país que já se recupera de uma crise de custo de vida, e muitos também apelam à demissão do Presidente William Ruto.
Ruto venceu as eleições há quase dois anos com uma plataforma de defesa dos trabalhadores pobres do Quénia, mas foi apanhado entre as exigências concorrentes de credores como o Fundo Monetário Internacional, que insta o governo a reduzir os défices para ter acesso a mais financiamento, e uma difícil população pressionada.
Os quenianos têm lutado para lidar com vários choques económicos causados pelo impacto persistente da pandemia da COVID-19, pela guerra na Ucrânia, por dois anos consecutivos de secas e pela desvalorização da moeda.
A lei financeira visa angariar mais 2,7 mil milhões de dólares em impostos como parte de um esforço para aliviar a pesada carga da dívida, com o pagamento de juros por si só a consumir 37% das receitas anuais.
O governo já fez algumas concessões, prometendo eliminar os novos impostos propostos sobre o pão, o óleo de cozinha, a propriedade de automóveis e as transacções financeiras. Mas isso não foi suficiente para satisfazer os manifestantes.