Publicada em 08/06/2024 às 10h28
Os Estados Unidos podem aumentar o seu arsenal de armas nucleares nos próximos anos para lidar com as ameaças da Rússia, China e outros adversários, disse Pranay Vaddi, diretor do Conselho Nacional de Segurança dos EUA responsável pelo controle de armas, nesta sexta-feira (7).
Atualmente, os EUA têm um limite de 1.550 ogivas nucleares estratégicas, um número determinado em um acordo que o país firmou com a Rússia em 2010 (Moscou, no entanto, suspendeu sua participação neste tratado devido ao apoio dos EUA à Ucrânia na guerra; o governo americano afirmou que os russos agiram de forma "legalmente inválida").
Se os EUA aumentarem o arsenal, vão mudar uma política para armas nucleares que já tem décadas, que é a de controlar a quantidade dessas armas, de acordo com o "New York Times".
Vaddi fez um discurso na Associação de Controle de Armas no qual afirmou que, nos próximos anos, os americanos precisarão aumentar o número de armas nucleares, caso os adversários não mudarem "seus arsenais".
"Precisamos estar plenamente preparados para executar isso se o presidente tomar essa decisão. Se o dia chegar, isso vai resultar na determinação de que mais armas nucleares são necessárias para dissuadir nossos adversários e proteger o povo americano, nossos aliados e nossos parceiros", afirmou.
Segundo Vaddi, os EUA precisam adotar "uma abordagem mais competitiva" de controle de armas com o propósito de pressionar os governos da Rússia e da China a negociar acordos para limitar os arsenais nucleares.
"Nós não teremos escolha, a não ser ajustar a nossa postura e nossas capacidades (nucleares) para preservar o nosso poder para dissuadir (os adversários)", afirmou ele.
O governo está tomando "passos prudentes" com esse propósito, que incluem a modernização do arsenal, ele afirmou.
Vaddi afirmou que a doutrina nuclear dos EUA determina que as armas nucleares só devem ser usadas para impedir ataques de adversários contra os americanos ou os parceiros.
Rússia, China, Coreia do Norte e Irã
O governo dos EUA ainda respeita os regimes internacionais de controle de armas, disse Vaddi. No entanto, ele afirmou que Rússia, China e Coreia do Norte "estão todos expandindo e diversificando seus arsenais nucleares a um ritmo acelerado, mostrando pouco ou nenhum interesse no controle de armas".
Os três países, juntamente com o Irã, "estão cada vez mais cooperando e coordenando entre si de maneiras que contrariam a paz e a estabilidade, ameaçam os EUA, nossos aliados e parceiros e aumentam as tensões regionais," disse ele.
Vaddi citou como exemplo o uso de drones iranianos e artilharia e mísseis norte-coreanos por Moscou na Ucrânia, além do apoio chinês às indústrias de defesa da Rússia.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou na quarta-feira que ele pode posicionar mísseis convencionais a uma distância mais próxima dos EUA e de seus aliados na Europa, caso os americanos permitam que as forças ucranianas ataquem o território russo com armas de longo alcance.
Na sexta-feira, Putin disse que a Rússia não precisa usar armas nucleares para garantir uma vitória na Ucrânia.