Publicada em 01/07/2024 às 16h07
O beato italiano Carlo Acutis teve sua canonização reconhecida pelo Papa Francisco nesta segunda-feira (1º). Com isso, Acutis se tornou o primeiro "millenial" a ser feito santo, segundo o site Vatican News, principal veículo de notícias do Vaticano. Ele teve seu segundo milagre reconhecido pelo Papa em maio.
Carlo Acutis foi um adolescente católico que morreu de leucemia aos 15 anos em 12 de outubro de 2006, dia de Nossa Senhora Aparecida. Ele fazia evangelização pela web e ficou conhecido como "padroeiro da internet"o entre os fiéis. (Leia mais abaixo)
A canonização foi aprovada pelo Papa em reunião do Colégio de Cardeais no Vaticano nesta segunda. Um relatório apresentado pelo Cardeal Marcelo Semeraro durante o encontro descreveu Acutis como "acolhedor e carinhoso com os mais pobres, e ajudava os sem-teto, os necessitados e os imigrantes com o dinheiro que economizava de sua mesada semanal."
Segundo o Vatican News, Acutis será proclamado Santo durante o Jubileu de 2025. O Jubileu é uma comemoração religiosa da Igreja Católica celebrada em Ano Santo a cada 25 anos -- a última foi em 2000.
Acutis é tratado como "millennial" pelo Vatican News. Millennials são as pessoas nascidas entre o início da década de 1980 até, aproximadamente, a primeira metade da década de 1990. O beato nasceu em 3 de maio de 1991, em Londres, na Inglaterra, mas passou toda sua vida na Itália.
Corpo de Carlo Acutis, que será beatificado em 10 de outubro, fotografado durante cerimônia em Assis, na Itália, em 10 de janeiro — Foto: IPA/Sipa USA
Milagres e beatificação
Acutis foi beatificado em 2020 pelo Vaticano após seu primeiro milagre ter sido reconhecido pela Igreja. Na ocasião, ele curou uma criança brasileira que tocou em uma relíquia sua em 12 de outubro de 2010 em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
No segundo milagre atribuído ao beato Carlo Acutis, reconhecido em maio, ele curou uma jovem da Costa Rica após um acidente de bicicleta em 2022. Segundo o Vatican News, a costarriquenha Valeria estava internada com poucas chances de sobrevivência e foi curada dias após sua mãe rezar em sua tomba em Assis, na Itália.
Quem foi Carlo Acutis
Nascido em Londres, na Inglaterra, Carlo Acutis foi criado em Milão, na Itália, onde ainda criança tornou-se católico e devoto da Virgem Maria.
“Desde pequeno, sobretudo depois da primeira comunhão, nunca faltou ao encontro diário com a Santa Missa e o Rosário, seguidos de um momento de adoração eucarística”, declarou a mãe, Antonia Acutis, à agência de notícias católica ACI.
Além da igreja, Carlo Acutis gostava de computadores e tinha um conhecimento de ciência da computação muito acima da média para garotos da sua idade.
"Ele era um especialista em computação, lia livros de engenharia da computação e deixava todos maravilhados, mas colocava seu dom a serviço dos outros e o usava para ajudar seus amigos ”, conta a mãe.
Carlo Acutis conseguiu unir as duas paixões ao criar um site dedicado à catalogação cuidadosa de cada milagre já relatado e para evangelizar — façanha que lhe rendeu o título de "padroeiro da internet".
"Este rapaz foi realmente genial e muitos aspectos da sua vida representam para nós um incentivo", disse o bispo de Assis, Dom Domenico Sorrentino, ao site de notícias do Vaticano.
Após ser diagnosticado com leucemia, Carlo Acutis morreu em 12 de outubro de 2006, dia da Nossa Senhora Aparecida, considerada pela igreja católica a padroeira do Brasil.
Milagre no Brasil
Após a morte de Carlo Acutis, o padre Marcelo Tenório, da Paróquia São Sebastião, em Campo Grande, passou a realizar a missa anual de Nossa Senhora Aparecida sempre com a exposição de uma roupa que teria sangue do beato italiano.
Em uma dessas missas, no ano de 2010, um avô desesperado com o diagnóstico do neto doente o levou até a paróquia. Segundo a família, o garoto foi curado após tocar a vestimenta.
"A criança, me lembro bem, estava raquítica e tinha problemas de pâncreas anular. Ela não comia nada, não ingeria nem sólido nem líquido e teve a cura logo depois", afirmou o padre Marcelo Tenório, em entrevista ao g1 MS em novembro de 2019, quando o Vaticano reconheceu o milagre realizado por Carlo Acutis.