Publicada em 20/07/2024 às 10h44
Com pouco mais de 40 anos de emancipação político-administrativa, Rondônia é um dos Estados com excelente nível de crescimento. Talvez, proporcionalmente, o maior do País. Com economia alicerçada na produção de gado de corte, sexto rebanho bovino do País, e a cada ano produzindo mais soja e milho, além do café, que retomou o crescimento, após alguns anos em baixa. A produção de alevinos cresce gradativamente e Rondônia tem um subsolo rico em cassiterita, diamante (jazida de 140km de extensão e sem noção de profundidade), ouro no Rio Madeira, lítio, etc.
Apesar das riquezas naturais e um povo miscigenado, com pioneiros de várias regiões, onde, por enquanto, predominam os pequenos e médios produtores rurais o transporte da produção é dificultado, porque a sua principal rodovia federal, a BR 364, não tem suporte para atender a demanda de veículos pesados (carretas, bitrens, treminhões), que circulam, em média, durante os períodos de safras de grãos (também parte do Mato Grosso) e pecuária, 2,5 mil veículos/dia, além dos carros de passeio. A produção é exportada via porto graneleiro de Porto Velho, no Rio Madeira.
A BR 364 foi construída na década de 60, época do ex-presidente Juscelino Kubitschek, que cortou o País com rodovias. O alicerce não tem suporte para atender a demanda de veículos e de peso atuais, por isso, durante o período de Inverno Amazônico (chuvas diárias durante meses) os buracos tomam conta da pista e, o trecho entre Porto Velho a Vilhena, com cerca de 700km é chamado de “Corredor da Morte”, devido aos inúmeros acidentes, a maioria com vítimas fatais.
Na última semana um corajoso e consciente engenheiro do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT), de Rondônia, Emanuel Neri foi objetivo, prático e coerente ao dizer, que os 100km de duplicação da BR 364, previsto no sistema de privatização do Governo Federal, deveria ser entregue ao Dnit. E citou a situação, hoje, do trecho entre Porto Velho a Pimenta Bueno, que, mesmo em final de seca e com a movimentação de veículos pesados, está em perfeitas condições de tráfego.
Segundo Emanuel, caso o trecho para recuperação e adequação fosse entregue ao Dnit, não seriam duplicados somente 100 quilômetros e terceiras pistas. em locais de aclives longos, mas os 700 km de Porto Velho a Vilhena.
A privatização é complexa, segundo Emanuel, pois a duplicação seria em apenas 100 dos 700 quilômetros e os usuários terão que pagar pedágios em todo o trecho. Porque o DNIT não restaura e duplica todo o trecho com custo igual ou menor? Seria pressão das empreiteiras? Está em jogo o futuro econômico do Estado, do Brasil, devido as exportações.
A restauração e duplicação são necessárias, imperiosas, mas via DNIT e não pela iniciativa privada. Somente assim teremos uma rodovia transitável com segurança o ano todo, mesmo no Inverno Amazônico.
Emanuel Neri sugere, como alternativa à privatização, que o DNIT receba os recursos (previstos CR$ 1 bilhão para 2025) necessários para ele mesmo realizar toda a duplicação. “Depois sim, se pode pensar em privatizar para a manutenção, inclusive com pedágios.
“Há controvérsias”, como dizia o célere personagem do humorismo brasileiro, Pedro Pedreira, da Escolinha do Professor Raimundo. O ex-prefeito de Ji-Paraná (dois mandatos seguidos), Jesualdo Pires, que é engenheiro civil, não concorda com a sugestão de Emanuel. Em contato com o jornalista Sérgio Pires (blog Opinião de Primeira), publicado no RONDONIA DINÂMICA e um punhado de sites de Rondônia também opinou sobre o assunto. Ele é contra e argumenta, que “o DNIT é um órgão falido, que gasta milhões todos os anos para fazer remendos mal feitos nas BRs. É claro que não querem a concessão”.
Em parte, concordamos com Jesualdo em relação a autarquia federal. Antes de o DNIT, as empreiteiras faziam o mesmo serviço de tapa-buracos, mas no segundo mês de chuvas os buracos tomavam conta do trecho Porto Velho-Vilhena. Em junho último, início do Verão Amazônico a 364 estava praticamente sem buracos, como ocorria em anos anteriores, quando as empreiteiras respondiam pelos tapa-buracos, durante praticamente todo o período de Verão Amazônico.
Acreditamos que Emanuel tem razão. Após a duplicação e adequação, a administração deve ser da iniciativa privada, que é mais eficiente e evita a corrupção, que, junto com a impunidade são os cânceres malignos da política brasileira.
É necessário que a nossa Bancada Federal (senadores e deputados), Assembleia Legislativa, prefeitos, vereadores, lideranças regionais somem à sugestão do engenheiro do DNIT, Emanuel Neri, para que a autarquia federal, com os mesmos recursos, possa duplicar os 700 km e não somente 100km, no caso de as pelas empreiteiras.
Os remendos nos últimos dois anos não “foram mal feitos”, pois há tempos não terminávamos (junho) o Inverno Amazônico com o trecho em boas condições de tráfego seguro, o que não ocorria nos tempos de as empreiteiras.