Publicada em 27/07/2024 às 10h01
As eleições presidenciais da Venezuela acontecem neste domingo (28), e trazem consigo uma longa lista de desafios econômicos ao novo chefe de Estado — seja ele quem for.
Especialistas consultados pelo g1 dizem que aquele que assumir o posto de presidente venezuelano em 2025 terá muitos obstáculos na tentativa de arrumar os indicadores de atividade, reduzir a pobreza e colocar o país de volta no mapa econômico do mundo.
Entre os principais problemas, estão:
A inflação de dois dígitos;
A dívida elevada;
O nível elevado de extrema pobreza;
Uma série de sanções ainda impostas pelos EUA.
Inflação de dois dígitos
De acordo com os indicadores oficiais, o governo de Nicolás Maduro, atual presidente venezuelano, conseguiu retomar algum controle de preços nos últimos meses. Mas os indicadores de inflação do país continuam elevados em comparação com países latino-americanos.
O Índice de Preços ao Consumidor do Banco Central da Venezuela (BCV) encerrou o mês de junho em 1%, uma desaceleração após ter registrado 1,5% em maio. Em junho e maio de 2023, o indicador era de 6,2% e 5,1%, respectivamente.
Mas o Observatório Venezuelano de Finanças (OVF) — considerado uma referência do setor privado no país na medição de indicadores econômicos em meio à escassez de estatísticas oficiais — traz resultados diferentes.
De acordo com o OVF, o Índice de Preços ao Consumidor do país ficou em 4% na variação de maio deste ano, acumulando 13,9% no ano e 80% em 12 meses.
O número representa uma aceleração em comparação ao mês anterior, quando havia registrado uma variação positiva de 2,7%. Já em maio de 2023, a variação havia sido de 7,6% no mês, com um acumulado de 84,9% nos cinco primeiros meses do ano, e de 458% em 12 meses.
Ambos os resultados indicam uma desaceleração dos preços venezuelanos em relação a anos anteriores, quadro que se forma em meio às medidas do governo de restrição do crédito e da despesa pública, além do esforço em manter a taxa de câmbio estável.
Segundo o professor do mestrado de economia e mercados da Universidade Presbiteriana Mackenzie Clayton Pegoraro, no entanto, o quadro socioeconômico do país não acompanhou a melhora inflacionária.
“Para manter uma certa estabilidade interna, o governo venezuelano vem gastando muito dinheiro, com uma quantidade expressiva de auxílios. E não existe uma fórmula mágica que possa resolver. Temos um governo que, para agradar o eleitor de alguma forma, tem tentado controlar os preços. Mas a população ainda vive uma crise”, afirmou.