Publicada em 24/07/2024 às 09h20
"Não estrague o que você tem desejando o que não tem; lembre-se de que o que você agora tem estava entre as coisas que você esperava ter." - Epicuro
Porto Velho, RO – A pré-candidata Mariana Carvalho, do União Brasil, tem vivenciado o dilema de quem deseja tudo e, na ânsia de agregar, pode acabar perdendo o essencial. Com uma massa expressiva de aliados, seu "barco" político já está superlotado, dificultando a acomodação de todas as peças que ela desesperadamente tenta conectar. Esse cenário pode gerar consequências críticas para suas ambições eleitorais.
Na última terça-feira, 24, o jornal eletrônico Rondônia Dinâmica revelou que fontes palacianas fidedignas reportaram o crescente descontentamento do governador Coronel Marcos Rocha, correligionário de Mariana, devido à insistência dela e de seu grupo em indicar alguém do PL como vice em sua chapa. A proposta visa atender às deliberações do presidente regional do PL, o senador Marcos Rogério, um adversário de Rocha na eleição de 2022 (e provável adversário na de 2026), derrotado em ambos os turnos.
Essa insistência de Mariana tem causado inquietação e murmúrios nos bastidores políticos. Existe a especulação de que, apesar de ser do mesmo partido da pré-candidata, Rocha poderia redirecionar seu apoio para Léo Moraes, ex-diretor do Departamento Estadual de Trânsito (Detran/RO), agora no Podemos, aceitando as possíveis repercussões dessa escolha.
Mariana Carvalho, no entanto, ostenta um favoritismo consolidado pela primeira pesquisa realizada pela Paraná Pesquisas*. Conta com o apoio de figuras importantes como o prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves (PSDB), o presidente da Assembleia Legislativa de Rondônia (ALE/RO), Marcelo Cruz (PRTB), e até o próprio governador, embora, agora, com o "nariz torcido".
Além disso, beneficia-se de desistências estratégicas, como a do empresário Valdir Vargas (PP). Com isso, ganha de bandeja o apoio do grupo de Ivo Cassol na Capital.
O vento, sem dúvida, sopra a favor de Mariana, mas sua insistência em agregar todos os aliados possíveis tem sobrecarregado seu "barco" político, ameaçando sua estabilidade.
A adesão do PL, em particular, poderia gerar constrangimentos, especialmente devido aos recentes atritos entre o deputado federal Coronel Chrisóstomo, presidente municipal do PL, e Diego Lage, principal nome administrativo da gestão de Hildon Chaves.
Em uma entrevista ao SBT, Chrisóstomo criticou Lage, afirmando que durante sua participação na gestão, Porto Velho não enfrentava problemas de alagamento, ao que Chaves respondeu apelidando Chrisóstomo de "Coronel Pinóquio", acusando-o de falsidade quanto a uma suposta emenda enviada à capital.
Em meio a essa complexa teia de alianças e disputas, Mariana Carvalho enfrenta o risco de, por vaidade e ambição, expulsar do seu superlotado barco um aliado crucial ao atrair para perto figuras de um partido que anteriormente criticava a administração que ela almeja suceder.
Esse movimento pode ser a diferença sensível entre continuar navegando no topo da onda política ou naufragar nas águas turvas do próprio ego.
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*A pesquisa citada está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo n.º RO-00851/2024.