Publicada em 18/07/2024 às 16h07
Uma onda de violência está dominando as ruas de Bangladesh e já deixou ao menos 19 mortos. Nesta quinta-feira (18), terceiro dia de protestos no país, milhares de estudantes voltaram a se manifestar contra uma política que estabelece cotas para a alocação de empregos governamentais e entraram em confronto direto com policiais na capital, Draka.
A sede da rede estatal de televisão do país, Bangladesh Television, foi atacada. Um produtor de notícias e um repórter da emissora falam por telefone com a agência Associated Press, sob condição de anonimato, por medo de serem atacados, e contaram que manifestantes arrombaram a porta principal e incendiaram a recepção e o veículo.
“Eu escapei saltando o muro, mas alguns dos meus colegas ficaram presos lá dentro. Os agressores entraram no prédio e atearam fogo nos móveis”, disse o produtor.
Segundo ele ainda, a televisão continuou a transmitir, mas alguns residentes em Dhaka disseram que não conseguiam encontrar sinal da estação nas suas casas.
Os protestos exigem o fim do sistema de cotas que, segundo os opositores, beneficia jovens próximos da primeira-ministra, de 76 anos, que governa o país desde 2009. O movimento começou no dia 1º de julho com bloqueios de estradas e ferrovias, e agora acabou nesses confrontos que causaram mortes.
As imagens registradas nesta quinta impressionam pela violência: policiais foram perseguidos e linchados pelos manifestantes.
O número de mortos é incerto. Seis mortes foram confirmadas na terça-feira (16), mas só há estimativas das vítimas fatais desta quinta. O principal jornal de Dhaka, Prothom Alo, e principal jornal de língua inglesa do país, Daily Star, falam em 19 mortes, o que elevaria o total para 25 mortos.
De acordo com a AFP, os estudantes se recusaram, nesta quinta, a negociar com a primeira-ministra Sheikh Hasina e o governo ordenou o fechamento indefinido de escolas e universidades.
A Students Against Discrimination é a principal organização por trás dos protestos. Sobre as declarações dadas pela primeira-ministra, que prometeu "justiça" pelas mortes, um dos coordenadores do movimento afirmou:
"Não refletem os assassinatos e desordens perpetrados por ativistas do seu partido", disse à AFP Asif Mahmu.