Publicada em 10/07/2024 às 11h08
Fotomontagem
Porto Velho, RO – Durante dois dias seguidos, segunda e terça-feira, 8 e 9 de julho, respectivamente, o deputado Coronel Chrisóstomo, do PL, usou a Tribuna da Câmara Federal para bajular o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu correligionário, repetindo exatamente a mesma coisa.
Em suma, ele relatou que foi a Balneário Camboriú, Santa Catarina, no último final de semana, onde participou do CPAC (Conservative Political Action Conference) Brasil 2024.
Lá, teria desfilado com Bolsonaro em vários lugares e enjoado de tanto tomar café.
A pergunta que fica é: o povo de Rondônia o elegeu para passear pelo Brasil e exterior e tomar café?
Antes disso, em março, Chrisóstomo esteve em Washington, Estados Unidos, com outros parlamentares aloprados da direita brasileira, denunciando “censura” e “ditadura” no Brasil.
Até hoje, o militar não trouxe um único exemplo de resultado prático em suas incursões de vida boa usando terno e gravata em “nome do povo brasileiro”. Proselitista, o membro da bancada federal usa o cargo público para dialogar com sua própria “bolha” eleitoral, e às vezes embebeda-se numa vaidade insculpida na suposição de que sua fama esteja ultrapassando as fronteiras rondonienses. Resumidamente, não tem a menor noção de sua própria insignificância legislativa, a despeito de ser lembrado disso quando o noticiário nacional simplesmente o ignora, mesmo quando está perto de outros parlamentares de mesmo espectro. Sua visita aos EUA é um exemplo disso.
Aliás, é sintomático lembrar que, mesmo internamente, na sua “casa”, há pouco tempo o senador Jaime Bagattoli, do PL, “tratorou” Chrisóstomo ao anunciar apoio a Valdir Vargas, do PP, na pré-candidatura à Prefeitura da Capital. Isto mesmo após o deputado federal ter concedido entrevista como possível postulante da legenda à função.
Agora, subir na Tribuna do Congresso Nacional duas vezes seguidas, dia após dia, para dizer que se orgulha de tomar cafezinho com Bolsonaro em Santa Catarina é um escarro no rosto da população de Rondônia. E não importa se a maior fatia do eleitorado é conservadora ou não.
A bancada inteira é, à exceção do senador Confúcio Moura, do MDB, único aliado do governo Lula, do PT. Seus pares estão mais preocupados em produzir no campo empírico, contribuindo com Rondônia através de emendas parlamentares, falando em tons normais, agindo como autoridades eleitas para representar o todo, e não a si próprios, e fazendo oposição decente, sem gritaria nem esperneio.
A verdade é que, enquanto Chrisóstomo brinca de influenciador digital pelo Brasil e no exterior, Rondônia carece de políticas públicas reais e fiscalização séria.
Seu discurso sobre a seca no Rio Madeira, fosse ornado com postura e correição, além de ações práticas, poderia, sim, resultar em benefícios sociais. Mas o berreiro histriônico que só visa reverberar suas predileções políticas não contribui com o estado.
Mas, vá lá, ao menos Coronel Chrisóstomo se empanturrou de cafezinho. Vale a pena, não?
PRIMEIRO DISCURSO:
[...] "Eu estou aqui para falar da CPAC Brasil, que ocorreu no fim de semana. Senhores, eu estou muito feliz, porque a CPAC com o Presidente Bolsonaro é diferente, é forte. Eu saí com o Presidente em Balneário Camboriú e percorri vários cafés — eu estou até enjoado de tanto tomar café! Quando o Presidente Bolsonaro chegava aos cafés, toda a população ia abraçá-lo. Quando o Presidente Bolsonaro parava em um café, toda a cidade ia abraçá-lo. Eu estava junto com ele em vários cafés. Nos almoços, também ocorria isso. Era uma coisa natural" [...]
SEGUNDO DISCURSO:
[...] "Parabéns, Presidente Bolsonaro, pelo seu posicionamento lá no CPAC. E que bom que tomamos vários cafezinhos juntos. Eu estava ali do lado dele. Lógico! Tenho que estar ao lado do Presidente Bolsonaro" [...]