Publicada em 30/07/2024 às 16h02
Pelo menos 749 pessoas foram detidas durante os protestos contra a reeleição do presidente Nicolás Maduro em diversas cidades do país até esta terça-feira (30), segundo o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab.
"A quem se atrever a sugerir que ontem foram manifestações pacíficas, informo que em consequência da violência desencadeada por estes atos, 48 responsáveis, entre militares e polícias, ficaram feridos", afirmou Saab nas redes sociais.
Saab ainda disse que "um grupo de pessoas realizou uma série de atos violentos e de vandalismo, atirando pedras e coquetéis molotov contra militares".
O Ministério Público da Venezuela declarou que monitora as manifestações realizadas no país contra Maduro e que pode prender quem realizar atos de violência em protestos que negam o resultado das eleições de domingo (28) no país.
Já as ONGs que atuam no país apontam que quatro pessoas morreram e outras 44 ficaram feridas durante as manifestações.
Os manifestantes protestam contra o resultado que indicou vitória do presidente venezuelano, após uma eleição tensa no fim de semana, em meio a apelos da oposição e da comunidade internacional para que as contagens completas dos votos sejam divulgadas.
María Corina Machado e Edmundo González, da oposição, protestaram junto a uma multidão em frente à sede da ONU em Caracas na tarde desta terça (30). Durante o ato, a principal opositora de Maduro reiterou que González venceu com 70% dos votos.
Segundo a ONG Pesquisa Nacional de Hospitais, que monitora a crise hospitalar e centros de saúde da Venezuela, uma das mortes ocorreu em Caracas e as outras duas, em Aragua, no centro do país.
Multidões foram às ruas do país e, em várias áreas, as manifestações foram dispersadas pelas forças de segurança. Uma morte foi relatada na região de Yaracuy, no noroeste do país, segundo a ONG Foro Penal, especializada na defesa de presos políticos.
Enquanto isso, os governos dos EUA e de outros países questionam os resultados oficiais que mostraram a vitória de Maduro sobre o candidato da oposição, Edmundo González.
Em uma mensagem nas redes sociais, González prestou solidariedade "ao povo diante de sua justificada indignação".
"Lamentavelmente, nas últimas horas temos notócias de pessoas falecidas, dezenas de feridos e detidos. Instamos as forças de segurança a respeitar a vontade popular expressa em 28 de julho e deter a repressão de manifestações pacíficas.
A cerca de quatro quarteirões do Palácio Miraflores, a sede do governo, em Caras, homens mascarados, vestidos à paisana e armados, bloquearam o caminho de um grupo de manifestantes, incluindo mulheres e homens, que, a cerca de 200 metros de distância, gritavam "liberdade , liberdade ", e "vai cair, vai cair, este governo vai cair", segundo testemunhas da Reuters.
Manifestações semelhantes foram realizadas no centro, leste e oeste de Caracas.
Em Coro, capital do Estado de Falcón, no noroeste, os manifestantes derrubaram uma estátua que representava o ex-presidente e mentor de Maduro, Hugo Chávez (1954-2013). Já na cidade de Maracay, há relatos de uso de gás lacrimogêneo pelas forças de segurança contra participantes de um ato.
A autoridade eleitoral nacional disse, pouco depois da meia-noite de segunda, que Maduro conquistou um terceiro mandato com 51% dos votos.
Em seguida, o órgão proclamou Maduro presidente para o mandato entre 2025 e 2031, acrescentando que ele havia recebido “uma maioria dos votos válidos”.
Mas pesquisas de boca de urna independentes apontaram para uma grande vitória da oposição depois de demonstrações entusiásticas de apoio para González e a líder da oposição, María Corina Machado, durante a campanha.
A oposição contestou o resultado e a transparência do pleito.
De acordo com a agência AFP, a manifestação em Caracas reuniu milhares de pessoas nos bairros populares da capital.
"E vai cair, e vai cair, este governo vai cair!", gritavam, debaixo de chuva, manifestantes na gigantesca favela de Petare, a maior de Caracas. "Entregue o poder já!", exclamavam outros.
Os manifestantes também queimaram cartazes de campanha com o rosto de Maduro. Eles levavam bandeiras, panelas e instrumentos de percussão para acompanhar os gritos de protesto.