Publicada em 09/07/2024 às 08h21
*Por Professor Nazareno
Rondônia, ou Roubônia para os mais íntimos, é um dos estados mais pobres e insignificantes da federação. Tem em 2024 pouco mais de 1,5 milhão de habitantes, ou seja, apenas 0,7 por cento da população total do país. Seu PIB é também minúsculo e baixíssimo: representa tão somente 0,6% do total nacional. Esses números ridículos contrastam com a visão otimista de muitos de seus habitantes. “Somos uma potência na agropecuária com não sei quantas cabeças de gado”, dizem os ufanistas. “Produzimos muita energia boa e barata que daria para abastecer o Brasil inteiro”, afirmam outros sonhadores. “Nossos peixes, nosso café, nossa produção agrícola sustentariam o mundo” acreditam ainda muitos dos rondonienses e também os vários “rondonienses de coração”. Rondônia não só é pobre como também só sobrevive hoje por causa do governo federal.
Porém, Rondônia é praticamente toda bolsonarista e quase sempre só vota em candidatos da direita e também da extrema-direita. Nas últimas eleições presidenciais, por exemplo, o candidato Jair Bolsonaro teve mais de 70% dos votos válidos no estado enquanto Lula não chegou a 30%. Em Rondônia, assim como em muitos outros estados do país, existe fome, miséria, desemprego, violência e inúmeros outros problemas sociais. Só que, nesses outros estados existem parcelas de eleitores que também optam em votar nas esquerdas. O Nordeste é um exemplo disso. De um modo geral, o eleitor rondoniense é “coxinha”, é reacionário, é direitista,é conservador. Embora em muitos casos ele tenha somente a miséria, a fome, a desesperança e a desgraça para conservar. A NASA tinha era que vir a Rondônia só para estudar esse comportamento político e social de sua agente.
A suja e imunda capital do estado é uma pocilga a céu aberto. Sem redes de esgotos, sem água tratada e também sem saneamento básico, a cidade é considerada a latrina do Brasil. Porto Velho nunca elegeu um único prefeito nascido no município. Dos mais de 50 administradores que teve, entre eleitos e nomeados, todos eles são de fora. E pior: raríssimos deles militavam na esquerda, com exceção de apenas um, que era do PT. Porto Velho não tem porto rampeado no rio Madeira. Não tem hospital de pronto-socorro. Não tem qualidade de vida.Mas parte da classe política, acostumada a surrupiar os poucos recursos públicos, deita e rola. Recentemente foram descobertas diárias para os deputados estaduais visitarem o exterior. Mais de 400 mil reais dos pobres contribuintes foram usados para eles visitarem do Japão à Bolívia. E quase todo mundo já se esqueceudo fato.
Em Rondônia, estranhamente, povo e políticos vivem numa eterna e surreal lua de mel. Nestas longes terras, senador da República, da extrema-direita, claro, legisla para aumentar ainda mais a destruição e o desmatamento da floresta Amazônica eé aplaudido por todos. Já alguns deputados federais, todos da extrema-direita reacionária e heróis desse povão meio acéfalo, fazem Menção de Repúdio a shows de cantores internacionais lá no Rio de Janeiro e são apoiados pela maioria dessa incauta população. E todos eles, juntinhos e unidos, exigem a reestruturação da BR-319, uma estrada antiambiental que decretará em pouco tempo o fim de toda a Amazônia.A direita está presente em todas os recantos do estado. Se em Porto Velho a administração municipal tem a seu favor “somente” todos os 21 vereadores da Câmara Municipal, imagine-se nas pequenas cidades do interior. Será que esses rondonienses são o que chamamos “pobres de direita”?
*Foi Professor em Porto Velho.