Publicada em 22/07/2024 às 08h20
Lideranças sindicais de professores(as) e técnicos(as) da educação de todas as regiões do Brasil se reuniram nos dias 18 e 19 de julho em Brasília para a segunda reunião ordinária do Conselho Nacional de Entidades (CNE) da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). O evento teve como objetivo debater os principais desafios enfrentados pela educação pública no país e atualizar as demandas e estratégias de enfrentamento encampadas pelos sindicatos filiados.
Durante a reunião, os participantes discutiram importantes questões como o avanço da plataformização e da privatização, o número excessivo de contratos temporários, e a necessidade de resgate do piso salarial e da carreira. O presidente da CNTE, Heleno Araújo, destacou a precarização da docência pública na América Latina e no Caribe, financiada por iniciativas privadas. Ele mencionou que o uso de plataformas na educação básica pública e a forma de contratação para projetos de conectividade estão prejudicando os educadores.
“A teoria é sempre de bastante diálogo, mas na hora de executar a política, o caminho acaba sendo outro. O próprio Banco Mundial já referenciou em seu relatório que os sindicatos são tidos como obstáculos para a consolidação desses projetos”, afirmou Heleno Araújo.
A presidenta do SINTERO, Dioneida Castoldi, destacou a importância do evento para o fortalecimento da luta sindical. “Este encontro foi fundamental para alinharmos nossas estratégias e garantir que a voz dos trabalhadores da educação seja ouvida em todos os níveis. A união e o compartilhamento de experiências são essenciais para enfrentarmos os desafios”, afirmou Dioneida.
Além da presidenta, o SINTERO esteve representado também por Fernando Azevedo, diretor da Secretaria de Política Sindical, Manoel Rodrigues, diretor da Secretaria Geral e Claudir Mata Magalhães, secretária executiva da CNTE, que também contribuíram com suas experiências e conhecimentos sobre as lutas em defesa da educação pública.
A CNTE, a segunda maior confederação brasileira filiada à CUT, representa mais de um milhão de associados e atua em diversas frentes, discutindo temas como exploração do trabalho infantil, reforma agrária, emprego, saúde no trabalho, racismo e opressão de gênero. A confederação também possui uma atuação internacional, sendo filiada à Internacional de Educação (I.E) e à Confederação de Educadores Americanos (CEA).
Dentre as problematizações apresentadas, foi citado o uso da tecnologia pelo Governo do Estado do Paraná, onde aplicativos têm sido usados para vigiar e controlar os professores. Essa prática tem refletido na dispensa de trabalhadores da área técnica de secretaria escolar, substituindo a preocupação com a aprendizagem pelo quantitativo de acessos na plataforma. Este cenário apresenta um risco significativo de estabelecer um precedente para o restante do Brasil, onde a prioridade em métricas de acesso pode comprometer ainda mais a qualidade da educação, privilegiando dados quantitativos em detrimento do aprendizado real dos estudantes.
Dioneida finaliza ressaltando a importância de encontros como este. “A rica experiência proporcionada pela reunião e a luta encampada por todas as entidades presentes reforçam nosso compromisso com a causa. E o SINTERO reafirma seu compromisso com a luta sindical, participando ativamente das discussões e contribuindo para a construção de um futuro melhor para a educação no Brasil.
Foto: Geovana Albuquerque/CNTE