Publicada em 03/07/2024 às 16h05
Encurtando distâncias entre as comunidades ribeirinhas de Porto Velho e a Justiça Restaurativa, uma equipe de facilitadores do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJRO) embarcou na Operação Justiça Rápida Itinerante, que percorreu o Rio Madeira entre os dias 19 a 29 de junho de 2024. A intenção foi executar a segunda fase do projeto Vozes da Floresta nas localidades.
O Vozes da Floresta é um projeto da Coordenadoria de Justiça Restaurativa do TJRO e iniciou em 2023 com o mapeamento realizado pela equipe que compõe o Núcleo de Justiça Restaurativa. O diagnóstico inicial apontou a necessidade de articular a construção de novas formas de resolução de conflitos e apresentar às comunidades o grande potencial transformador dos círculos de construção de paz.
Presente no barco da Justiça, a facilitadora de práticas restaurativas do TJRO Luciana Martins, explicou que essa segunda etapa do projeto consistiu na realização de círculos de diálogos para a promoção da paz. Os círculos foram feitos em escolas municipais, estaduais e na rede de saúde. Envolveu professores e demais profissionais das escolas, além de lideranças de cada comunidade. A terceira etapa será a formação de facilitadores locais para às práticas restaurativas, visando instrumentalizar as comunidades e ampliar a rede de atendimento para prevenir e solucionar conflitos da região.
“As atividades aconteceram junto à Justiça Rápida Itinerante, uma vez que o público alvo é o mesmo. Nosso objetivo foi sensibilizar as comunidades ribeirinhas para a Justiça Restaurativa e sua metodologia, como, por exemplo, as práticas circulares, onde reunidos em círculos os facilitadores mobilizam as pessoas a falarem, refletirem sobre ações necessárias para o desenvolvimento da própria comunidade, fortalecendo vínculos das pessoas envolvidas. Os efeitos das práticas circulares não são apenas pontuais, embora tenham efeitos imediatos, eles reverberam nas vidas das pessoas, continuam a ecoar”, comentou.
O facilitador do TJRO Roger Bressiani, destacou um exemplo prático de como o Projeto Vozes da Floresta tem impacto direto no cotidiano dos envolvidos. “No distrito de Calama fomos a uma escola realizar um círculo de construção de paz para professores e fomos informados da morte recente de uma aluna. Até aquele momento, os professores não haviam parado para dialogar sobre o que tinha acontecido. Durante a prática, eles conseguiram expressar suas emoções, falar sobre seus sentimentos e compartilhar o que aquela perda significava. Foi uma experiência impactante tanto para nós, os facilitadores, quanto para a própria comunidade escolar”, lembrou.
Justiça Restaurativa
A Justiça Restaurativa é um método alternativo para prevenção e resolução de conflitos que conta com uma série de técnicas como, o círculo de paz, citado acima. Na prática, as pessoas falam e se escutam respeitosamente, partilham valores e dialogam sobre diversos assuntos, passando por temas de responsabilidade individual e coletiva.
“A Justiça Restaurativa é benéfica para estreitar relacionamentos, facilitar tomadas de decisões, fortalecer diálogos, aproximar comunidades. Tem em sua essência o objetivo maior que é promover e fortalecer uma cultura de paz, o que converge com a proposta da Justiça Rápida Itinerante”, explicou Roger Bressiani.