Publicada em 09/08/2024 às 15h35
Em parceria com o grupo de pesquisa Práticas Discursivas na Amazônia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (PDA/IFRO), Campus Cacoal, o Instituto Estadual de Educação Carmela Dutra, sediou a execução de projeto literário que agitou os alunos do 2º ano do ensino médio. Com base no conto “A Confissão de Leontina”, de Lygia Fagundes Telles, cerca de 180 alunos mergulharam em uma sequência de atividades que combinaram leitura, análise crítica e prática de argumentação. As turmas foram coordenadas pelas Professoras Elizângela Ataíde, Mariana Albuquerque, Karina Frazão e Laila Duarte.
O projeto, intitulado “Efeitos da contradição ideológica: do conto à confissão”, instigou a análise dos impactos que as contradições ideológicas podem ter na sociedade, explorando essa temática desde a narrativa ficcional (conto) até a expressão pessoal e íntima. Conforme as docentes, a escolha do conto deu-se em razão do desfecho que delega ao leitor essa função e por permitir que os alunos se aprofundassem na narrativa, compreendendo as motivações dos personagens e os contextos históricos e sociais que os envolviam. Além disso, o júri simulado proporcionou o exercício de habilidades de argumentação, defesa de pontos de vista e retórica. A narrativa aborda a violência e a discriminação sofrida pelas mulheres na sociedade através do autorretrato da vida da protagonista. O trabalho foi dividido em duas partes: teoria (análise literária) e prática (júri).
Elas explicam que “Efeitos da Contradição Ideológica: do Conto à Confissão” demonstrou ser uma iniciativa bem-sucedida, integrando análise literária com prática de argumentação. As professoras ficaram impressionadas com o empenho e a dedicação dos alunos, que buscaram e mostraram uma compreensão profunda dos temas abordados e habilidades críticas aprimoradas. Em suas falas durante o processo de orientação das atividades destacam-se que a promoção do protagonismo juvenil foi o ponto alto do engajamento e êxito dos alunos, além do respeito à opinião contrária e conhecimento de leis.
Conto “A Confissão de Leontina”
Após a execução do projeto, foram registrados alguns feedbacks fornecidos por alunos, como a aluna Luane Emanuelle B. dos Santos, que escreveu: “... tive muita fúria ao ler o caso dela, queria defendê-la, mas sabia que havia um crime e a (in)justiça tinha que ser feita perante a lei dos homens.”, arremata suas ideias com “... essa foi uma das melhores histórias que li e que me deixou mais apaixonada pelo curso de direito, pois tive que fazer entrevistas com policiais, pesquisa no Google sobre leis, leitura de artigos com casos parecidos com a da ré...” e diz estar agradecida pela excelência das professoras Elizângela Ataíde e Karina Frazão que proporcionaram uma experiência no campo da advocacia, curso que pretende fazer.
A abordagem girou em torno da temática gênero e feminismo. A história de Leontina, marcada por pobreza, violência e desamparo, foi analisada sob a ótica das injustiças e violências sofridas por mulheres pobres e desamparadas. A atividade não só ampliou o conhecimento literário dos alunos, como também desenvolveu habilidades importantes como pesquisa, trabalho em equipe e oratória.
Ao integrar essas duas abordagens, o projeto buscou não apenas aprofundar o conhecimento teórico, mas também gerar resultados práticos que pudessem contribuir para a solução de problemas específicos e a melhoria de práticas na área de estudo. Desta forma, a teoria foi desenvolvida da seguinte maneira:
a) Leitura e Análise da Obra: Os alunos realizaram a leitura da obra “A Confissão de Leontina”, seguida de discussões em grupo e análises críticas guiadas pelo professor. Além da interpretação da letra de música “A Construção”, de Chico Buarque, que fala da atmosfera sombria e a reflexão sobre a vida, relacionando-se com o conto.
Enquanto a prática executou:
b) Júri Simulado: Após a leitura, os alunos foram divididos em grupos, assumindo os papéis de defesa, acusação e jurados. Cada grupo preparou seus argumentos baseados na obra, culminando em um júri simulado onde demonstraram suas oratórias argumentativas de defesa e acusação.
Isabelly da S. Souza (16 anos) expressou que acreditava ser “algo muito difícil de produzir, especialmente porque precisávamos montar e tornar a sala muito próxima de uma sala de júri. No entanto, com a colaboração de todos os colegas de classe, a tarefa não se tornou pesada para ninguém. Todos deram o seu melhor em suas respectivas funções. Essa experiência foi bem diferente do que eu estava acostumada a fazer em sala de aula. Participar de um júri foi uma experiência muito positiva. Além de agregar conhecimento, também ajudou no desenvolvimento do trabalho em equipe e foi uma atividade bastante descontraída”.
Os coordenadores do projeto verificam que a proposta, orientação e realização lograram êxito em todas as suas etapas. Agora, os alunos farão parte de outro segmento às atividades diferenciadas no dia 12 de agosto, na abertura do evento itinerante V Simpósio de Práticas Discursivas na Amazônia/PDA, que trará como tema “Ensino, Formação de Professores e Leitura – contextos e cenários na prática”. O evento contará com palestrantes nacionais e internacionais. As falas serão realizadas no auditório da Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia (ALE-RO) e no Instituto Estadual de Educação Carmela Dutra.
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