Publicada em 09/08/2024 às 10h20
A rede social X (antigo Twitter) parou de funcionar na Venezuela na noite desta quinta-feira (8) depois de uma determinação de bloqueio por 10 dias feita pelo presidente Nicolás Maduro.
O bloqueio do X começou às 21h na Venezuela — 22h no horário de Brasília —, de acordo com a agência France-Presse (AFP). A rede social só pode ser acessa por meio de redes privadas, conhecidas como VPN's, informou a agência.
Enquanto a suspensão estiver vigente, o regulador de telecomunicações na Venezuela deverá estabelecer a "medida administrativa definitiva", ou seja, a suspensão do funcionamento da rede social no país.
Mais cedo nesta quinta, o governo de Nicolás Maduro ordenou o bloqueio do X, mas sem deixar claro quando começaria o bloqueio. O presidente e o dono da rede social, Elon Musk, têm trocado acusações desde as eleições venezuelanas, em 28 de julho.
"A rede social X, e Elon Musk, dono do X, violou todas as normas da própria rede social, incitando o ódio, o fascismo, a guerra civil, a morte e o enfrentamento entre venezuelanos. E aqui se respeita a lei. Por isso foi assinada uma proposta feita pela Conatel (Comissão Nacional de Telecomunicações), que decidiu retirar a rede social X durante 10 dias. Fora X da Venezuela por 10 dias", disse Maduro.
Maduro afirmou que o bilionário estaria por trás do suposto ataque hacker sofrido pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) no dia da votação. Musk têm acusado Maduro em posts na rede social.
Maduro usou o X, em 30 de julho, para perguntar se perguntar se Elon Musk queria briga. Um dia depois, o bilionário postou um "aceito", em seu perfil na rede social. Musk, que é o dono do X, ainda comentou em outra postagem que repercutia o assunto: "He will chicken out" (ou "Ele vai amarelar", na tradução para o português).
"[Ele] quer controlar o mundo, já controla a Argentina (...) Você quer briga, Elon Musk? Estou pronto, sou filho de (Simón) Bolívar e (Hugo) Chávez, não tenho medo de você", disse Maduro, na semana passada, segundo a agência France-Presse.
O país vive uma onda de protestos liderados pela oposição, que questiona a reeleição do presidente e pede transparência para o resultados das urnas. Ao menos 24 pessoas foram mortas por protestos. Maduro se encaminha para o terceiro mandato consecutivo. Com isso, ele chegaria a 18 anos no poder.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) não reconheceu o resultado das eleições. Brasil, Colômbia e México divulgaram uma nota conjunta pedindo a divulgação de atas eleitorais na Venezuela. A nota pede também a solução do impasse eleitoral no país pelas "vias institucionais" e que a soberania popular seja respeitada com "apuração imparcial".
A oposição, liderada por ele e por María Corina Machado, contesta o resultado da eleição desde o dia da votação. Na segunda-feira (5), Edmundo González se proclamou o novo presidente eleito da Venezuela.
Maduro disse que González e Corina Machado "têm que estar atrás das grades" e que "a Justiça vai chegar". Corina Machado disse em editorial ao jornal "The Wall Street Journal" que está escondida e teme pela sua vida. Em situação similar, González fez uma aparição pública na última semana, durante protesto junto de Corina Machado.
Segundo ela, a oposição detém pouco mais de 80% das atas eleitorais de urnas de todo o país, e com elas está sendo feita uma contagem paralela, em que González teria batido Maduro por 66% a 30% dos votos válidos. O resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, que deu vitória a Maduro, apontou que ele teve 51,95% dos votos, ante 43,18% de González.
MP investiga opositores
O Ministério Público da Venezuela abriu uma investigação criminal, na segunda, contra Edmundo González e María Corina por conta do comunicado em que o candidato se proclamou presidente eleito. O MP venezuelano, comandado pelo procurador-geral Tarek William Saab, é alinhado ao presidente Nicolás Maduro.
Além de reafirmar a vitória de González, o comunicado da oposição, assinado pelo candidato e por Corina Machado, também convocou as Forças Armadas da Venezuela para se colocarem "ao lado do povo". Com isso, o MP vai investigar os principais opositores de Maduro pelos seguintes crimes:
Usurpação de funções;
Divulgação de informação falsa para causar alarmismo;
Instigação à desobediência das leis;
Instigação à Insurreição;
Associação para delinquir e conspiração.