Publicada em 21/08/2024 às 10h25
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, concluiu nesta quarta-feira (21) uma viagem ao Oriente Médio sem conseguir progressos visíveis rumo a uma trégua em Gaza, embora tenha alertado Israel e o Hamas que a proposta dos EUA para um cessar-fogo poderia ser "a última oportunidade" para alcançar a paz.
Esta foi a nona visita do secretário de Estado à região desde o início da guerra na Faixa de Gaza entre Israel e o Hamas, desencadeada pelo ataque de 7 de outubro no sul de Israel.
Os Estados Unidos acreditam que um cessar-fogo em Gaza ajudaria a evitar um conflito maior na região, incluindo um possível ataque a Israel por parte do Irã e dos seus aliados em retaliação pelo assassinato do chefe do Hamas em 31 de julho em Teerã.
Uma nova proposta de cessar-fogo foi apresentada pelos EUA na semana passada e foi debatida por Israel e mediadores, como o Catar e o Egito, em negociações em Doha. O Hamas não esteve presente.
Nesta segunda-feira (19), Blinken afirmou que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, aceitou a proposta de cessar-fogo e pediu que o grupo terrorista de Gaza fizesse o mesmo.
No entanto, de acordo com a imprensa israelense, Netanyahu insiste que Israel mantenha o controle do corredor de Filadélfia, uma faixa de 14 quilômetros ao longo da fronteira entre Gaza e o Egito.
O Hamas disse desejar "chegar a um cessar-fogo", mas rejeitou as "novas condições" impostas por Israel à proposta dos EUA.
Ataques aéreos de Israel
Apesar das declarações do secretário de Estado americano, nesta quarta-feira, ataques aéreos israelenses em Gaza mataram pelo menos 50 palestinos nas últimas 24 horas, segundo autoridades de saúde palestinas.
A operação foi confirmada pelo Exército israelense, que disse que seus caças atingiram cerca de 30 alvos em toda a Faixa de Gaza , incluindo túneis, locais de lançamento e um posto de observação, e que as tropas mataram dezenas de combatentes armados e capturaram armas, incluindo explosivos, granadas e rifles automáticos.
"Os soldados eliminaram dezenas de terroristas armados e desmantelaram grande parte da infraestrutura terrorista em Rafah", afirma comunicado.
Para evitar mortes de civis, os militares israelenses afirmam que emitiram novas ordens de evacuação em Deir Al-Balah, no centro de Gaza , onde milhares de palestinos deslocados pelos conflitos buscaram abrigo.
As ordens, no entanto, foram logo seguidas por disparos que deixaram pelo menos uma pessoa morta e várias feridas, de acordo com médicos e moradores.
Os confrontos também continuam na fronteira entre o Líbano e Israel. O Exército israelense confirmou que atacou o comandante Jalil al Maqdah, chefe do braço armado da Fatah no Líbano, a quem acusa de trabalhar para o Irã, nesta quarta-feira.
"Este assassinato é mais uma prova de que Israel quer desencadear uma guerra em grande escala na região", disse à agência de notícias AFP Tufiq Tirawy, membro do Comitê Central do Fatah em Ramallah, sede da Autoridade Palestina na Cisjordânia ocupada.
Nesta quarta-feira, o Ministério da Saúde libanês anunciou que os ataques israelenses deixaram pelo menos um morto e 19 feridos no leste do país, horas depois da morte de quatro pessoas em outros ataques no sul.
Hezbollah ataca território anexado por Israel
Nesta quarta, o Hezbollah também atacou e lançou mais de 50 foguetes, atingindo diversas casas particulares nas Colinas de Golã, anexadas por Israel. O grupo terrorista disse que o ataque foi em resposta ao ataque israelense.
Na terça-feira, o Hezbollah lançou mais de 200 projéteis em direção a Israel, depois de um ataque a um depósito de armas do grupo a cerca de 80 km da fronteira.