Publicada em 24/08/2024 às 09h56
Porto Velho, RO – As eleições municipais de 2024 em Porto Velho estão se delineando em um cenário de intensa competitividade, onde figuras públicas conhecidas e novos rostos disputam a atenção e os votos do eleitorado. A dúvida que surge, olhando para o que ocorre em São Paulo, é se algum candidato na capital rondoniense pode seguir uma trajetória semelhante à de Pablo Marçal, o coach que, inesperadamente, ganhou tração nas pesquisas paulistanas ao adotar uma postura caricata e ofensiva nos debates eleitorais.
O caso de São Paulo é emblemático: Ricardo Nunes, do MDB, parecia o candidato a ser batido, com Guilherme Boulos, do PSOL, "colado". No entanto, o surgimento de Pablo Marçal, com suas frases de efeito e uma capacidade quase teatral de atrair a atenção, virou o jogo. Marçal, apesar de inicialmente ser visto como uma figura cômica e até descartável, começou a crescer nas pesquisas após seus embates diretos, muitas vezes ofensivos, com Boulos, e graças à viralização de seus vídeos nas redes sociais. O fenômeno do "efeito Pablo Marçal" começou a tomar forma: uma figura inicialmente subestimada, mas que, ao encontrar um espaço midiático propício, talvez consiga transformar popularidade em votos.
Mas como esse cenário pode se replicar em Porto Velho? Alguns candidatos parecem estar trilhando um caminho que pode, eventualmente, ressoar com o eleitorado de maneira semelhante. Euma Tourinho, do MDB, já mostrou que não tem medo de confrontos. Sua atuação enérgica durante sabatinas e debates, onde chegou a desferir críticas contundentes contra a equipe do SBT local, evidencia uma disposição para o confronto que pode conquistar corações e mentes. Ao defender Célio Lopes, do PDT, quando ele foi desmerecido em um quiz com informações desatualizadas, a emedebista mostrou uma habilidade de não apenas se destacar, mas também de proteger ideais, o que pode ser percebido como um traço de liderança forte.
No entanto, é essa postura combativa, aliada a gestos que claramente visam viralizar, como a placa levada ao encontro da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Rondônia (OAB/RO), que pode realmente ser a chave para alavancar Euma a um novo patamar? A história recente da política portovelhense sugere uma possibilidade, ainda que remota. Hildon Chaves, em 2016, ascendeu a uma posição de destaque por meio de sua retórica afiada e capacidade de polarizar debates, apesar de ser um nome novo na política. Da mesma forma, Vinícius Miguel, em 2018, conseguiu, através de sua participação incisiva nos debates, se firmar como uma das principais forças políticas da capital.
Contudo, o "efeito Pablo Marçal" em Porto Velho não é garantido. É preciso lembrar que, apesar da viralização e da crescente popularidade, Marçal ainda está tecnicamente empatado com Nunes e Boulos em São Paulo, sem uma liderança clara. Além disso, o eleitorado de Porto Velho pode responder de maneira diferente ao estilo combativo da ex-juíza ou de qualquer outro candidato que busque adotar uma abordagem similar. A memetização de debates e enfrentamentos pode trazer visibilidade, mas isso se traduzirá em votos?
O tempo e as urnas dirão se a capital rondoniense está pronta para um fenômeno semelhante ao "efeito Pablo Marçal". Até lá, a pergunta permanece: será que Porto Velho, com suas especificidades políticas e culturais, está preparada para eleger um candidato cuja ascensão se baseie tanto na teatralidade quanto na substância?
A resposta pode definir o futuro político da cidade
A imagem pública e a capacidade de gerar engajamento são tão cruciais quanto as propostas políticas, e Porto Velho pode, sim, experimentar um fenômeno parecido com o que se vê em São Paulo. No entanto, o sucesso dessa estratégia dependerá não apenas da habilidade dos candidatos em capturar a atenção, mas também da ressonância dessas táticas com um eleitorado que, em última análise, busca liderança e resultados concretos.
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