Publicada em 22/08/2024 às 15h43
A primeira-dama Rosangela Lula da Silva, a Janja, disse que a ex-primeira-dama da Argentina Fabíola Yañez foi vítima de um inaceitável caso de violência doméstica -Yañez acusa o ex-presidente Alberto Fernández de agressões e assédio. A declaração, a primeira de um integrante do governo brasileiro sobre o caso, foi dada ao blog da jornalista Andréia Sadi, do G1.
Sem citar Fernández, Janja disse à jornalista que ainda não tinha se manifestado por respeito à privacidade de Yañez, e que as duas conversaram por telefone. "À ela, prestei minha solidariedade e meu apoio, assim como minha indignação nesse momento", disse Janja.
"As mulheres vitimas de violência já se encontram em situação de vulnerabilidade pela própria violência sofrida e, muitas vezes, difícil de ser aceita até o momento da denúncia. Justamente por termos uma relação de amizade, decidi não expor ainda mais sua intimidade", acrescentou.
O peronista Alberto Fernández, presidente da Argentina de 2019 a 2023, foi indiciado pela Justiça do país no último dia 14 por crimes como lesões graves, ameaças e abuso de poder.
Na primeira vez em que a ex-primeira-dama falou à Justiça sobre o tema, no último dia 6, ela acusou o ex-presidente de agressões físicas e verbais frequentes, de cometer terrorismo psicológico, além de constante "assédio telefônico com mensagens intimidatórias". Também disse que o peronista a pressionou a abortar em 2016, quando o relacionamento de ambos ainda era recente.
Fernández se tornou o primeiro presidente argentino da história acusado formalmente de violência de gênero. Ele nega as acusações, e disse em entrevista ao jornal espanhol El País que "nunca bateu em uma mulher". Antes, já havia dito que o hematoma que aparece no rosto de Yáñez em uma foto é resultado de um tratamento estético.
No último dia 15, Fernández renunciou à Presidência do Partido Justicialista, dizendo que tomou essa decisão para poupar a agremiação diante de um "linchamento midiático".
O caso abalou a política argentina. Tanto o atual presidente, Javier Milei, rival político, quanto aliados de Fernández, que governou a Argentina de 2019 a 2023, criticaram o líder pelas supostas agressões.
A ex-presidente e ex-vice de Fernández Cristina Kirchner aproveitou o escândalo para escrever nas redes sociais que seu companheiro de governo "não foi um bom presidente". Disse também que as imagens sobre o caso que vieram à tona revelam "os aspectos mais sórdidos e obscuros da condição humana".