Publicada em 19/08/2024 às 09h53
Partido desembarca em Chicago para convenção nacional, embalado por vantagem em pesquisas, mas vice-presidente ainda precisa consolidar a imagem própria, distante de Biden.
O Partido Democrata desembarca em Chicago nutrido pela mudança radical de humor numa campanha que há três semanas estava afundada na perspectiva de derrota. A chapa democrata se revigorou com Kamala Harris e Tim Walz, baratinando seus adversários.
O partido inicia a convenção nacional embalado em pesquisas que lhe dão agora uma vantagem semelhante à que os republicanos tinham, em julho, em sua reunião nacional em Milwaukee.
A virada de Kamala é uma das reviravoltas notáveis desta campanha. No mês passado, o triunfo de Donald Trump nas eleições de novembro era dado como certo, diante do desânimo e das divisões na legenda democrata, comandada por Joe Biden.
Em vez de encerrar a convenção, como previa o roteiro no início da campanha eleitoral, o presidente americano fará o principal discurso da noite de abertura, para defender o seu legado.
A vice-presidente sobe ao palco na quinta-feira, com vantagem de 2 pontos na pesquisa nacional do New York Times/Siena e de 4 pontos na do Washington Post-ABC-Ipsos. Ela se mostra competitiva em estados decisivos da chamada “parede azul” — Wisconsin, Pensilvânia e Michigan — que Trump almeja reconquistar.
O ex-presidente parece perdido, obcecado por demolir as multidões que enchem os comícios de Kamala Harris ou por desacreditá-la com adjetivos como radical, lunática e comunista. Essa estratégia tem se revelado ineficaz. Republicanos moderados, como o senador Lindsey Graham e a ex-governadora Nikki Haley, alertaram que o estilo provocador e exibicionista de Trump pode se reverter contra ele.
“A campanha não vai vencer falando sobre o tamanho da multidão. Não vai vencer falando sobre a raça de Kamala Harris. Esta é uma eleição vencível. Mas ele precisa se concentrar em temas concretos”, ponderou Haley, ex-adversária de Trump nas primárias republicanas.
Diferentemente da convenção republicana, que se unificou em torno da tentativa de assassinato sofrida por Trump, a democrata começa sob a sombra dos protestos pró-palestinos, um dos pontos de atrito entre governo e correligionários.
Manifestantes estarão em Chicago para expressar a insatisfação ao apoio dos EUA a Israel. Este é apenas um dos fatores que mostram a Kamala a necessidade de consolidar a imagem, diferenciando-se de Biden, para trilhar uma rota própria até a Casa Branca.
A volatilidade que marca esta corrida eleitoral prevê novas surpresas nas 11 semanas que restam até a contagem dos votos. O ímpeto democrata reabriu caminhos para a vice-presidente, mas a disputa se mostra bastante acirrada, o país está radicalmente polarizado e há debates entre candidatos no horizonte.
O momento favorece Kamala, mas é cedo demais para cantar vitória.