Publicada em 30/08/2024 às 08h00
A Amazônia tem mais de 6,7 milhões de quilômetros quadrados de área territorial. Desse total, quase 60 por cento sempre pertenceram ao Brasil. Por isso é correto dizer que a Amazônia é nossa e que devíamos estar prontos para defendê-la da cobiça internacional. O nosso país tem total e absoluta soberania sobre esse vasto território já amplamente reconhecido pelas principais organizações internacionais como sendo nosso. Mas grande parte do povo daqui infelizmente não merece a Amazônia. “O Brasil não merece a Amazônia”. Hoje praticamente todo esse vasto bioma está pegando fogo. Durante todo o mês de agosto de 2024, só se observou fogo, fumaça e fuligem nos céus da região. Os brasileiros de um modo geral, há décadas, incendeiam o bioma em busca de suas riquezas sem se preocuparem com o meio ambiente. Os brasileiros não estão sabendo cuidar dela.
Defendo intransigentemente que a Amazônia é do Basil e de todos os brasileiros, mas para o bem dela, a mesma deveria ser imediatamente entregue por um tempo determinado a uma espécie de “consórcio internacional” que soubesse melhor cuidar desse bioma. Durante anos inteiros os ataques à Amazônia não cessam. É mercúrio nos rios que os garimpeiros jogam indiscriminadamente sem se preocupar com as terríveis consequências. É construção de hidrelétricas mortais que ajudam no assoreamento dos imensos rios. É desmatamento contínuo para dar lugar às pastagens e a outras comodities. É morte de índios e também de outros povos originários. É ataque de tudo que é jeito e maneira. Sendo dos brasileiros, ela não vai resistir mais por muito tempo. O rio Madeira em Rondônia, por exemplo, já está praticamente morto por causa da ambição desmedida.
E como a Amazônia tem importância vital para a sustentabilidade mundial, ela devia ser arrendada ou até mesmo vendida ou cedida. Muito melhor do que ela ser extinta. E como muitos países já destruíram suas reservas biológicas, só resta mesmo a Amazônia como única tábua de salvação. Depois de recuperada e salva, ela seria devolvida a nós. Seria mesmo? Os estados da região como o Acre, Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia, Amapá e Tocantins seriam administrados por esse novo consórcio. Já pensou o estado de Rondônia sendo administrado pelos bolivianos? Acho que as coisas iriam melhorar e muito por aqui. Não teríamos mais tanto mercúrio nos rios, não teríamos mais fumaça nem fogo na floresta e o ar que iríamos respirar seria infinitamente melhor do que esse que estamos respirando no momento. Até os políticos da região seriam logo substituídos.
Há mais de um mês que Porto Velho está tomada por uma nuvem de fumaça tóxica vinda da queima da floresta amazônica. E tudo continua como se fosse normal. Aqui só respiramos monóxido de carbono e fuligem e ninguém faz nada para nos salvar. O rio Madeira já secou. Os poços de água com coliformes fecais que abastecem Porto Velho também já secaram. Nem merda misturada com água conseguimos mais beber por aqui. Em Belém, Manaus, Rio Branco e Cuiabá a situação é quase a mesma: só fogo e fumaça. Entregando a Amazônia a um consórcio internacional, receberíamos dinheiro pelo arrendamento e salvaríamos o mundo da catástrofe certa. Nem Lula, nem Bolsonaro, nem nenhum outro presidente, governador ou mesmo prefeito da região enfrentou o problema das queimadas e da destruição quase certa desse bioma. E nem avisava às Forças Armadas e entregaria logo a Amazônia à ONU, à OEA ou à União Europeia. Ou então aos índios!
*Foi Professor em Porto Velho.