Publicada em 25/09/2024 às 11h25
Porto Velho, RO – Em meio à corrida eleitoral pela Prefeitura de Porto Velho, uma realidade se impõe: todos os candidatos apresentam suas propostas em planos de governo registrados no site da Justiça Eleitoral, acessíveis a qualquer cidadão. No entanto, o que domina o cenário são discussões superficiais, de ordem ideológica, muito semelhantes ao que ocorre em grandes centros como São Paulo. O episódio da "cadeirada" de José Luiz Datena em Pablo Marçal é apenas um exemplo de como a atenção do eleitor médio se volta para o espetáculo, e não para o conteúdo.
A sociedade atual, embalada pela dopamina dos algoritmos e das redes sociais, prefere o "circo pegando fogo" a uma análise aprofundada das propostas. Sabatinas, entrevistas e debates, que deveriam ser momentos de confronto de ideias e projetos, se transformam em arenas para embates sobre questões inócuas, como a aplicação da linguagem neutra em escolas, um tema que sequer é de alçada municipal. Muito tempo se perde tentando rotular os candidatos em polos de direita ou esquerda, como se esse fosse o verdadeiro critério para escolha.
Em Porto Velho, a situação não é diferente. Uma cidade com um eleitorado majoritariamente de direita, onde a discussão sobre posicionamentos ideológicos chega a ser vazia e até bizarra.
A ânsia por categorizar os candidatos como "destros" ou "canhotos" ignora as particularidades locais e as reais necessidades da população. Essa distorção leva ao ponto de uma postulante a vereadora, claramente de direita, usar suas veiculações para desprezar votos da esquerda, como se houvesse qualquer possibilidade de eleitores com esse perfil apoiarem sua candidatura. O objetivo? Afagar sua bolha, mostrando-se como a “malzona” anti-esquerda. A estratégia é clara: buscar o apoio do eleitorado fiel, sem a necessidade de debater propostas concretas. E vai colar. Ela provavelmente será eleita, e tudo isso sem apresentar uma proposta viável.
Na disputa pelo Prédio do Relógio, a principal concorrente, segundo as pesquisas, também enfrenta ataques desenfreados. Uma adversária direta prefere adjetivações pejorativas a uma discussão sobre políticas públicas. O foco é a agressão, não a proposição, criando uma narrativa que apela à emoção e ao conflito, e não ao diálogo sobre o futuro da cidade.
Essa dinâmica reflete o estado atual da política: cada vez mais distante das preocupações reais da população, e cada vez mais refém de discursos vazios, ideológicos e agressivos. A política do espetáculo, da ofensa e do embate físico, se tornou a preferida de uma sociedade que busca, incessantemente, gratificações instantâneas. Quanto mais barulho, melhor.
Enquanto isso, as verdadeiras propostas ficam esquecidas nos documentos oficiais, longe dos olhos de um eleitorado que só quer saber de ver o "circo pegar fogo".