Publicada em 17/09/2024 às 15h32
O brasileiro que morreu em um incêndio em Portugal na última segunda-feira (16) havia sido mandado pela empresa para a qual trabalhava a uma área de risco para tentar recuperar equipamentos, de acordo com o jornal "Público".
Sete pessoas, incluindo o brasileiro, morreram por conta de incêndios que atingem o entorno de Aveiro, na região central de Portugal, segundo afirmou nesta terça-feira (17) a agência de notícias estatal portuguesa Lusa.
O brasileiro, cuja identidade não foi revelada, tinha 28 anos e trabalhava em uma empresa de gestão florestal no município de Albergaria-a-velha, segundo o jornal português. O município foi parcialmente engolido pelo fogo.
De acordo com o "Público", ele havia sido mandado junto a outros colegas de trabalho para tentar recuperar equipamentos pertencentes à empresa, quando foi cercado pelas chamas. Seu corpo foi encontrado carbonizado.
A Defesa Civil local disse que a família foi comunicada e que a polícia local entrou em contato com autoridades brasileiras para uma investigação conjunta.
Rodovias fechadas
A região onde fica o povoado, no centro de Portugal, é a mais crítica da onda de incêndios que atinge o país europeu nesta semana. No total, autoridades registraram 48 focos por todo o país, e cerca de 5.000 bombeiros trabalhavam para tentar conter as chamas.
Várias rodovidas foram fechadas nesta terça, incluindo um trecho da estrada principal que Lisboa a Porto, e conexões de trem em duas linhas ferroviárias no norte de Portugal foram interrompidas também por conta da proximidade com dois focos ativos de incêndios florestais.
Além dos quatro mortos, 40 pessoas ficaram feridas, e dezenas de casa de povoados no entorno de Aveiro foram destruídas. Imagens registradas pela agência de notícias Reuters mostraram moradores locais despejando baldes de água em chamas que avançavam perto da cidade de Nelas, a 50 quilômetros de Aveiro.
Só em Aveiro, o fogo já consumiu mais de 10.000 hectares de floresta. O comandante nacional de emergência e proteção civil, André Fernandes, disse na segunda-feira à noite que esse número pode dobrar.
Apesar da intensidade das chamas, Portugal e a vizinha Espanha registraram menos incêndios do que o normal para esta época por conta de um ano chuvoso em ambos os países. No entanto, ambos estão mais vulneráveis às condições cada vez mais quentes e secas que cientistas atribuem ao aquecimento global.
Clima quente e seco persiste
A previsão do tempo para os próximos dias em Portugal, de clima muito seco e de calor forte, pode também prejudicar o quadro.
As temperaturas ultrapassaram 30ºC em todo o país no fim de semana, quando os incêndios começaram e foram alimentados por ventos fortes.
O perigo de incêndios permanecerá "alto, muito alto ou máximo" nas regiões norte e centro, disse a agência meteorológica IPMA.
"Precisamos ser realistas. Teremos horas difíceis nos próximos dias e temos que nos preparar para isso", disse o primeiro-ministro português, Luis Montenegro.
O governo solicitou na segunda-feira ajuda da Comissão Europeia sob o mecanismo de proteção civil da União Europeia, levando Espanha, Itália e Grécia a enviarem duas aeronaves de bombardeio de água cada.