Publicada em 17/09/2024 às 11h51
MEIO AMBIENTE
Os reflexos econômicos em toda a cadeia produtiva rondoniense em razão dos impactos ambientais serão incomensuravelmente sentidos, especialmente na agricultura e pecuária. Mercados importante que consomem nossos produtos avisam que vão impor sanções, o que exigirá dos nossos produtores uma readequação que compatibilize desenvolvimento com preservação ambiental.
PREDADORES
A falta de uma política agrícola e ambiental que garantam a exploração racional do solo, dos recursos hídricos e florestais são fatores complicadores para as exportações dos produtos rondonienses. As informações que chegam na Europa, por exemplo, um mercado que importa nossa proteína animal e vegetal, revelam que muitas destas riquezas são fruto de ações predatórias e de uma política governamental frouxa que permite que o agronegócio interfira politicamente para que a legislação ambiental do estado permita avançar sobre reservas ambientais, indígenas e estações biológicas, antes preservadas.
ESTUDOS
A coluna obteve acesso a um criterioso trabalho científico que analisa criticamente retrocessos baseados em evidências que retrata um quadro ambiental preocupante em razão da degradação ocorrida entre os anos de 2018 a 2024. Nesses últimos seis anos, segundo os estudos, o estado tem adotado uma série de políticas ambientais que, em sua maioria, representam significativos retrocessos em relação à proteção dos recursos naturais e à saúde pública. A flexibilização da legislação, a falta de fiscalização e a omissão governamental diante as ilegalidades contribuem para o agravamento da crise na área.
OMISSÃO
Um dos maiores erros na gestão ambiental de Rondônia é a ausência de políticas eficazes para prevenção e controle de queimadas. De acordo com o INPE, entre 2018 a 2023, o estado registrou aumento de 37% nos focos de incêndio, em 2024, este caos somente aumenta. São incêndios, em sua maioria para fins de desmatamento, e as consequências são desastrosas para a biodiversidade, as populações ribeirinhas e o clima. Ao que parece é uma omissão proposital, visto que nas redes sociais viralizou uma gravação com um diálogo entre dois membros do primeiro escalão do governo tecendo críticas diretas ao ex-governador Confúcio Moura por ter criado reservas 11 reservas e, avisando que a atual política ambiental era totalmente diversa daquela com primazia para os interesses do agronegócio. O trágico deste diálogo é que um dos personagens desta tragédia é o Secretário de Estado do Meio, advogado Marco Antônio Ribeiro.
DESMONTE
A SEDAM possui um quadro de aproximadamente 500 servidores, dos quais metade é de comissionados que em quase nada contribuem com uma política de preservação. Quem avalia o quadro técnico constata que especialista da área ambiental entre os quinhentos servidores não passa de seis, levando a dedução de que há uma suposta política governamental de desmonte da fiscalização e frouxa no combate aos crimes ambientais. Os gastos com viagens internacionais para autoridades participarem de fóruns são astronômicos e não resultaram em soluções práticas em favor das nossas riquezas naturais, tão vilipendiadas nesta gestão. Foram viagens a paraísos turísticos sem que os relatórios de viagens justifiquem os gastos para os quais são destinados.
PARQUE
Quem visitar hoje o Parque Estadual de Guajará-Mirim perceberá o estrago que a frouxidão ambiental causou em Rondônia. É dolorido constatar que nenhuma política preventiva foi colocada em prática para evitar ou minimizar a devastação causada pela ação humana. O que ocorreu neste parque é o retrato cinzento da omissão governamental. Quem não se compadece com aquela tragédia não tem espírito público nem humanidade.
NEGACIONISMO
Quem disser que o governo Marcos Rocha tem compromissos com a preservação ambiental, seja no combate aos crimes da área, seja na preservação das reservas, ou é assessor ou se locupleta com esta política de desmonte ambiental. Aliás, justiça seja feita, o governador sequer se pronunciou oficialmente com a crise ambiental instalada nos municípios nos últimos trinta dias que deixou o ar irrespirável e os postos e hospitais superlotados em decorrência dos problemas respiratórios que as queimadas provocaram. Um negacionismo com reflexos incalculáveis na economia nos próximos anos.
DESCULPAS
Em colunas anteriores já abordamos sobre o desgaste que a casta política negacionista fez em relação a decisão do ex-governador Confúcio Moura em baixar ato legal que estabeleceu mais onze áreas como reservas permanentes. E o fez de forma correta porque são áreas públicas, e não privadas, que invariavelmente são invadidas por pecuaristas para que possam expandir seus pastos. Confúcio, embora com idade avançada, está em sintonia com a realidade nova da crise climática e faz política pensando nas gerações atuais e futuras, enquanto seus detratores insistem numa política ambiental na época feudal que visava tão somente a concentração do latifúndio. A crise climática comprova que Moura está certo e seus desafetos lhes devem desculpas. Embora este cabeça chata tem a absoluta certeza que tal pedido nunca vá acontecer.
DEBATES
As próximas semanas serão cruciais para os candidatos em alguns municípios onde o número de eleitores indecisos são consideráveis e que podem mudar de opção de voto a depender das circunstâncias. A capital é um exemplo de que os últimos dias são cruciais para os candidatos uma vez que eleição após eleição o humor desse eleitor segue uma lógica distinta dos marketings das campanhas e não raro optam por um candidato azarão. Como este efeito manada ocorre nos últimos três dias as pesquisas divulgadas não conseguem captarem, induzindo os analistas de plantão avaliares equivocadamente que na capital os institutos de pesquisa sempre erram. Os debates ajudam neste efeito o que demonstra que o confronto é decisivo na reta final e exige dos candidatos um bom desempenho.
FORMATO
Embora todos debates sejam importantes, o tradicionalmente organizado pela TV de Everton Leoni (Record) é o melhor formato para que os candidatos posam expor sem filtros as propostas e as contradições. Este formato foi essencial para que Hildon Chaves saísse do anonimato político para um campeão de votos. A coluna aposta que esta campanha está com a mesma feição daquela de 2018, propiciando para o surgimento de um novo fenômeno eleitoral. Isto não significa dizer que vá acontecer, embora as circunstâncias favoreçam.