Publicada em 12/09/2024 às 09h45
Porto Velho, RO – O Partido Liberal (PL), liderado por Jair Bolsonaro, condiciona seu apoio ao senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) na disputa pela presidência do Senado ao controle da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O nome indicado pelo PL para comandar a CCJ é o do senador Marcos Rogério (PL-RO), conhecido por sua postura firme em defesa do ex-presidente Bolsonaro e sua liderança na oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Rogério ganhou notoriedade durante a CPI da Covid-19, quando atuou como um dos principais defensores do governo federal, o que lhe rendeu o apelido de "pitbull" de Bolsonaro. Nas redes sociais, o senador rondoniense segue fazendo críticas diretas ou indiretas ao atual governo, reforçando seu papel como um dos principais opositores da administração de Lula no Congresso. No entanto, apesar de sua postura combativa, o nome de Rogério foi defendido dentro do PL como alguém com "capacidade de diálogo" com a base governista, segundo apuração do jornalista Gustavo Uribe, da CNN.
A contradição aparente entre sua postura de oposição e a indicação para presidir uma comissão tão estratégica, como a CCJ, se justifica pelo interesse do PL em consolidar sua força no Senado. O partido, que projeta ter a maior bancada da Casa em 2025, com a possível filiação de quatro senadores, vê em Marcos Rogério uma oportunidade de fortalecer sua influência em temas cruciais. A CCJ é responsável por analisar a constitucionalidade de projetos de lei antes de serem votados no plenário, o que a torna uma das comissões mais importantes do Senado.
Na última eleição interna do Senado, em fevereiro de 2023, o PL não conseguiu ocupar cargos de destaque em comissões temáticas ou na Mesa Diretora, o que gerou insatisfação no partido. Agora, com o crescimento de sua bancada e a expectativa de apoio a Alcolumbre, o PL pretende assegurar o controle da CCJ, com Rogério como o nome preferido.
O apoio a Alcolumbre, que também conta com o respaldo do presidente Lula, demonstra uma tentativa de ampliar o poder do partido tanto entre opositores quanto entre governistas. Contudo, a bancada feminina do Senado também avalia lançar uma candidata à presidência da Casa, o que pode alterar os rumos das negociações. Recentemente, Lula se reuniu com as senadoras Soraya Thronicke (MS) e Eliziane Gama (MA) para discutir possíveis acordos relacionados a essa candidatura feminina.