Publicada em 24/09/2024 às 11h01
Os debates eleitorais sempre foram considerados uma parte essencial do processo democrático, funcionando como uma plataforma para que os candidatos apresentem suas propostas e confrontem suas visões de futuro. No entanto, ao observar o cenário político recente no Brasil, é importante refletir: esses debates ainda estão cumprindo seu papel de informar os eleitores e contribuir para uma escolha consciente?
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Tradicionalmente, os debates visavam promover a troca de argumentos de maneira civilizada, com foco nas questões que mais afetam a sociedade. Os eleitores, por sua vez, poderiam avaliar as soluções propostas pelos candidatos e comparar sua capacidade de lidar com os problemas concretos. Porém, nas últimas eleições, tanto em âmbitos nacionais quanto regionais, como Porto Velho, o que tem se destacado são embates marcados por ataques pessoais e desqualificações, com o conteúdo programático frequentemente relegado ao segundo plano.
Embora ainda não tenha ocorrido nenhum debate eleitoral em Porto Velho até o momento, a expectativa é que, assim como em outras regiões, os confrontos entre os candidatos locais sigam a tendência de troca de ofensas em vez de discussões produtivas. Em vez de serem momentos para a exposição de planos de governo e soluções reais, muitos debates recentes têm se transformado em arenas de confronto verbal e rixas públicas. O que deveria ser uma oportunidade para esclarecer propostas e projetos acaba se convertendo em um palco de insultos mútuos e agressões. Um exemplo claro é o que ocorreu no debate de São Paulo, onde o candidato José Luis Datena, do PSDB, agrediu fisicamente seu oponente Pablo Marçal, do PRTB, em uma cena amplamente divulgada pela mídia. Além disso, no debate realizado ontem na mesma cidade, um assessor de Pablo Marçal deu um soco no marqueteiro de Ricardo Nunes, atual prefeito e candidato à reeleição, o que acrescentou mais um episódio lamentável ao cenário eleitoral paulistano.
Esse tom agressivo e focado em gerar "cortes" e "memes" para viralizar na internet, como se viu na disputa pela prefeitura de São Paulo, tem influenciado outras campanhas pelo Brasil. Alguns candidatos em Porto Velho parecem estar copiando essa postura, emulando o estilo agressivo e espetacularizado da campanha paulista. Inserções em rádio, TV e redes sociais reproduzem o tom beligerante, priorizando embates superficiais em vez de discussões construtivas. Assim, enquanto os debates deveriam servir para destacar soluções para os problemas da capital de Rondônia, eles correm o risco de se transformar em palcos de ataques pessoais, mais voltados para alimentar as redes sociais do que para discutir questões de interesse público.
Isso levanta a questão: até que ponto os encontros eleitorais, em seu formato atual, estão realmente ajudando o eleitor a tomar uma decisão informada? O principal objetivo desses debates deveria ser o de permitir ao público avaliar as melhores propostas e identificar quais candidatos têm as respostas mais adequadas para os desafios enfrentados pela cidade. Contudo, quando o foco se desloca para brigas e agressões, o eleitor acaba sendo bombardeado por um espetáculo sensacionalista, o que pode prejudicar sua capacidade de fazer uma escolha consciente.
Em vez de focar nas trocas de acusações, é crucial que os candidatos de Porto Velho utilizem os debates eleitorais para discutir os problemas reais da cidade. Questões urgentes, como a melhoria dos serviços públicos e o desenvolvimento de iniciativas para alavancar a economia local, deveriam ser o cerne das discussões. Infelizmente, esses temas muitas vezes ficam em segundo plano, ofuscados pela teatralização da política.
Não se trata de questionar a importância dos debates em si, mas de considerar se estão sendo conduzidos de maneira que realmente beneficiem os eleitores. Os debates eleitorais deveriam ser uma oportunidade para aproximar o eleitorado dos problemas e das soluções propostas pelos candidatos, promovendo uma discussão séria e construtiva. A política de ataques e discursos inflamados não constrói pontes, mas sim afasta a possibilidade de diálogo e consenso.
Portanto, a relevância dos debates eleitorais não deve ser subestimada. Eles são um instrumento fundamental da democracia, desde que utilizados corretamente. O grande desafio é garantir que esses encontros voltem a ser espaços dedicados à troca de ideias e à apresentação de soluções. Caso contrário, corremos o risco de transformar as eleições em um espetáculo vazio, onde as necessidades reais da população são deixadas de lado.
Ao final, os eleitores de Porto Velho e de todo o Brasil merecem debates eleitorais que tratem com seriedade os desafios que afetam suas vidas. É preciso resgatar o verdadeiro propósito desses eventos: permitir o diálogo franco e a troca de propostas, e não apenas alimentar confrontos e desavenças pessoais. A política de verdade se faz com compromisso e soluções concretas, não com embates sensacionalistas.