Publicada em 26/09/2024 às 15h27
Israel anunciou, nesta quinta-feira (26), que obteve um novo pacote de ajuda militar dos Estados Unidos, no valor de US$ 8,7 bilhões de dólares, o equivalente a R$ 47,3 bilhões, "em apoio ao esforço militar" do país em plena escalada da guerra contra o Hezbollah libanês e na guerra em Gaza.
De acordo com comunicado do Ministério da Defesa israelense, US$ 3,5 bilhões - R$ 19 bilhões - são para a compra de material militar e US$ 5,2 bilhões - R$ 28,2 bilhões - para sistemas de defesa antiaérea e um "sistema laser de última geração".
Mais cedo, em seu discurso na Assembleia Geral da ONU em Nova York, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, pediu à comunidade internacional que pare de enviar armas a Israel e impeça o derramamento de sangue na Cisjordânia e em Gaza, enfatizando o papel dos Estados Unidos.
O presidente palestino Mahmoud Abbas discursa na 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas — Foto: REUTERS/Brendan McDermid
Abbas afirmou que Washington continua fornecendo apoio diplomático e armas a Israel para a guerra em Gaza apesar do crescente número de mortos, que segundo o Ministério da Saúde do território controlado pelo Hamas chega a 41.534.
"Parem esse crime. Parem de matar crianças e mulheres. Parem com o genocídio. Parem de enviar armas a Israel. Esta loucura não pode continuar. O mundo inteiro é responsável pelo que está acontecendo com o nosso povo em Gaza e na Cisjordânia"", afirmou.
Sem cessar-fogo
Autoridades do governo de Israel também anunciaram nesta quinta-feira (26) que rejeitaram a proposta de cessar-fogo com o Hezbollah feita por Estados Unidos e França.
O ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, afirmou que não haverá um cessar-fogo com o grupo extremista libanês Hezbollah.
"Não haverá cessar-fogo no norte [de Israel]. Nós vamos continuar lutando contra a organização terrorista Hezbollah com toda a nossa força até a vitória e o retorno seguro dos moradores do norte para suas casas", escreveu Katz na rede social X.
Mais cedo, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que não havia respondido à proposta das potências ocidentais. Ao chegar aos EUA, onde vai discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas, ele reafirmou que Israel continuará a atacar o Hezbollah em território libanês com "força total" até que os residentes no norte do país possam regressar às suas casas em segurança.
A ideia aventada por EUA e França era uma trégua de 21 dias para que houvesse tempo de tentar estancar a escalada do conflito por vias diplomáticas.
As Forças de Defesa de Israel informaram nesta quinta que realizaram um exercício de treinamento de invasão por terra perto da fronteira com o Líbano. "Durante o exercício, as tropas aprimoraram a sua prontidão operacional e logística para vários cenários de combate em território inimigo na frente norte", diz um comunicado dos militares.
Israel também afirmou que o chefe do comando aéreo do Hezbollah, Muhammad Hussein Srour, foi morto durante ataques conduzidos no sul da capital libanesa, Beirute.
Ataques aéreos feitos pelas Forças Armadas de Israel mataram ao menos 23 sírios em um edifício da cidade libanesa de Younine, informou a agência Reuters. Os bombardeiros foram na madrugada desta quinta-feira (26), pelo horário de Brasília, e também atingiram cerca de 75 alvos do Hezbollah no Líbano.
Segundo o prefeito da cidade, Ali Qusas, que foi ouvido pela agência, a maioria das vítimas eram mulheres e crianças. Elas estavam em um edifício de três andares. Além disso, oito pessoas ficaram feridas.
Segundo as Forças Armadas de Israel, instalações de armazenamento de armas e mísseis prontos para uso na região de Bekaa estão entre os locais bombardeados durante os ataques.
Na quarta-feira (25), o Ministério da Saúde do Líbano confirmou que os ataques israelenses resultaram em 72 mortos e 392 feridos. Desde o início dos bombardeios aéreos, na segunda-feira, até quarta, as autoridades libanesas afirmam que mais de 620 pessoas morreram.
Premiê exige cessar-fogo
O primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, afirmou que Israel está matando civis por meio de bombardeios contra o território libanês. O premiê discursou na quarta durante a reunião do Conselho de Segurança da ONU para discutir a crise no Oriente Médio. Mikati pediu um cessar-fogo imediato.
Ele afirmou que, enquanto Israel diz estar atacando apenas estruturas do Hezbollah, os hospitais libaneses estão sobrecarregados com civis feridos, incluindo mulheres.
"Os libaneses rejeitam a guerra e acreditam na estabilidade. Israel nunca parou de violar as resoluções adotadas pela ONU. O Líbano não está pedindo por caridade", afirmou.
Israel não quer 'guerra total'
Na sequência, o enviado de Israel nas Nações Unidas, Danny Danon, disse que o país está exercendo o direito de se defender. Danon lembrou que o Hezbollah está disparando mísseis e foguetes contra cidades israelenses.
O representante de Israel também garantiu que as Forças de Defesa de Israel estão executando ataques com "precisão" contra alvos do Hezbollah. "Israel não quer uma guerra total", afirmou.
Danon ainda acusou o Irã de ser a "aranha no centro da teia de violência" no Oriente Médio. Para o israelense, não haverá paz na região até que "a ameaça seja desfeita". O Irã apoia o Hezbollah.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, deve chegar aos Estados Unidos nesta quinta. No dia seguinte, ele deve discursar na Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
Israel x Hezbollah
Israel afirmou que está conduzindo uma operação militar na fronteira com o Líbano para que moradores da região possam voltar para casa. Esses israelenses deixaram a área por causa de ataques do grupo extremista Hezbollah, que atua no Líbano.
Hezbollah e Israel possuem um histórico de desavenças, que já resultou em uma guerra em 2006. O conflito na região voltou a se intensificar em outubro de 2023. À época, o grupo terrorista Hamas invadiu Israel, o que resultou na morte e sequestro de civis.
Em resposta, Israel declarou guerra contra o Hamas e bombardeou a Faixa de Gaza. Desde então, o Hezbollah vem lançando foguetes contra Israel para demonstrar apoio ao Hamas e aos moradores de Gaza.
Na semana passada, pagers e walkie-talkies usados por membros do Hezbollah explodiram em uma ação coordenada. Em seguida, Israel anunciou que estava movendo tropas para a região de fronteira com o Líbano.
Israel também lançou uma série de bombardeios contra o Líbano, justificando que estava atacando estruturas do Hezbollah.
Diante disso, a ONU levantou preocupações sobre uma guerra total no Oriente Médio.
"O Líbano está à beira do precipício. O povo do Líbano, o povo de Israel e o povo do mundo não podem permitir que o Líbano se torne outra Gaza", disse o Secretário-Geral da ONU, António Guterres.