Publicada em 19/09/2024 às 15h56
Detonação de walkie-talkies, dispositivos de voz que se comunicam entre si por ondas de rádio, deixaram ainda 450 feridos. Agência estatal relatou também explosão de sistemas de energia solar.
Imagens mostram a aparente detonação de um 'walkie-talkie' durante um funeral no subúrbio de Beirute, no Líbano, em 18 de setembro de 2024.
Menos de 24 horas após ataques em série a dispositivos eletrônicos do Hezbollah, Israel aprovou e já começou a executar nesta quinta-feira (19) uma nova ofensiva militar no norte do país, na fronteira com o Líbano, onde o grupo extremista atua.
Militares israelenses atacaram alvos do Hezbollah, que revidou, lançando foguetes e matando dois soldados israelenses, segundo o Exército de Israel.
Na quarta-feira, após as explosões, o Ministério da Defesa de Israel afirmou que o foco da guerra está mudando para o norte do país (que faz fronteira com o Líbano, onde o Hezbollah atua) e que vai concentrar tropas na região.
Também nesta quinta, o governo do Líbano disse que subiu para 25 o número de mortos na série de explosões de "walkie-talkies" portados por membros do Hezbollah na quarta-feira (18) no Líbano. O ataque, um dia depois da explosão simultânea de pagers do Hezbollah, se tornou o mais mortal para o grupo extremista desde o início da guerra entre Israel e o Hamas — 37 pessoas morreram no total.
O chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, culpou Israel e disse que as explosões foram uma declaração de guerra.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse em pronunciamento que vai garantir que moradores do norte de Israel realocados por conta dos conflitos com o Hezbollah, voltariam para casa.
"Eu já disse isso antes, nós retornaremos os cidadãos do norte para suas casas em segurança e é exatamente isso que faremos", disse Netanyahu.
Também nesta quinta, o governo do Líbano proibiu a entrada de pagers e "walkie-talkies" em voos do país. Pelas ruas de Beirute, moradores se mostram temerosos em usar telefones celulares, e alguns até deixaram o aparelho, segundo a imprensa local.
Além das mortes, outras 600 pessoas ficaram feridas nas explosões de quarta-feira, segundo o Ministério da Saúde do Líbano. Os "walkie-talkies" foram detonados quando membros do Hezbollah que portavam os aparelhos estavam em locais públicos e com muita concentração de pessoas.
Em um dos casos, um dispositivo explodiu durante o funeral de uma das vítimas das explosões aos pagers no dia anterior.
Criados na Segunda Guerra Mundial, os "walkie-talkies" são dispositivos de troca de mensagens de voz entre si via ondas de rádio.
Os dois casos, que ocorreram em um intervalo de 24 horas, aumentou as tensões na região e repercutiu na Organização das Nações Unidas (ONU). O secretário-geral da ONU, Antonio Gueterres, condenou o uso de "objetos civis" como arma de guerra, e o governo libanês pediu uma reunião no Conselho de Segurança, que será realizada na sexta-feira (20).
Líbano, Irã e Hezbollah acusaram Israel, que ainda não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem. Aliado do Hezbollah, o Irã disse em carta enviada à ONU que Israel violou a soberania do Líbano e prometeu resposta às explosões.