Publicada em 20/09/2024 às 08h53
O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta quinta-feira (19) que o candidato que representou a coalizão opositora na eleição de julho, Edmundo González, pediu-lhe clemência para que conseguisse deixar o país. Alvo de mandado de prisão, o ex-diplomata está asilado na Espanha.
"Me dá vergonha alheia que o senhor González Urrutia, que me pediu clemência, não tenha palavra com o que se empenhou e alegue sua própria covardia para tentar salvar sei lá o que", disse Maduro.
O ditador se referia às declarações feitas por González de que teria sido coagido a assinar uma carta em que se compromete a acatar a sentença que confirmou sua derrota no pleito. O documento é assinado pelo ex-diplomata e pelo líder da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez.
Após o documento vir a público, González disse ter sido pressionado a assiná-lo para que conseguisse deixar o país. "Considerei que poderia ser mais útil livre do que preso e incapaz de cumprir as tarefas que me foram confiadas pelo soberano [Nicolás Maduro]", disse o ex-diplomata em um vídeo.
González ficou um mês escondido antes de pedir asilo à Espanha, poucos dias após a Justiça venezuelana emitir uma ordem de prisão contra ele. O ex-diplomata é acusado de desobediência das leis, falsificação de documentos públicos, conspiração, usurpação de funções e sabotagem. Em teoria, os crimes podem resultar na pena máxima de 30 anos de reclusão.
O opositor chegou a Madri em um avião da Força Aérea espanhola no último dia 8. Em áudio divulgado por seus assessores, afirmou que pretendia continuar lutando pela recuperação da democracia e pela liberdade dos venezuelanos a partir do exílio.
A líder da oposição, María Corina Machado, afirmou que a saída do candidato foi necessária para "preservar sua liberdade e sua vida", em meio a uma "brutal onda de repressão". Atualmente, 1.800 pessoas estão detidas por razões políticas na Venezuela, segundo a ONG Foro Penal.