Publicada em 21/09/2024 às 09h45
Porto Velho, RO – Com o primeiro turno das eleições marcado para 6 de outubro de 2024, o cenário político se consolida entre os sete candidatos à prefeitura de Porto Velho. A liderança de Mariana Carvalho, do União Brasil, se mantém firme, enquanto outros nomes lutam para ganhar espaço.
Faltando apenas 15 dias para o pleito, o quadro sugere poucas mudanças significativas, salvo algumas exceções, como a ascensão de Euma Tourinho, do MDB, que tem adotado uma estratégia mais agressiva para se destacar.
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Mariana Carvalho: consolidação na liderança
Mariana Carvalho, que há meses aparece no topo das pesquisas, continua a capitalizar sua experiência política e popularidade. Com um discurso focado na continuidade do desenvolvimento da capital de Rondônia e no reforço de compromissos com os eleitores, a candidata parece confortável em sua posição. Em sabatina recente, reforçou compromissos com áreas fundamentais como educação e saúde, sem precisar recorrer a ataques diretos aos adversários. Seu estilo de campanha que visa evitar conflitos acaba pesando, por ora, positivamente em suas escolhas explicando, em partes, a manutenção de sua liderança.
Euma Tourinho: da pedra à vidraça
A candidata do MDB, Euma Tourinho, tem chamado atenção ao longo da campanha com sua postura beligerante. Seu crescimento nas pesquisas é inegável, reflexo de uma estratégia baseada em fortes críticas aos adversários, especialmente à candidata da situação, Mariana Carvalho, a quem recorrentemente chama para o debate ou ofende diretamente, como quando a denominou como patricinha. No entanto, o caminho escolhido por Euma, de se projetar como uma voz combativa, trouxe também o ônus de ataques de retorno. Adversários como Ricardo Frota, do Novo, tentam vinculá-la cada vez mais ao ex-governador Confúcio Moura, seu correligionário, e indiretamente ao governo Lula, numa tentativa de desgastá-la junto ao eleitorado mais conservador.
Léo Moraes: a necessidade de reação
Para Léo Moraes, do Podemos, nem tudo são flores. O ex-deputado, que antes era visto como o nome mais forte para eventual segundo turno, está reagindo a fim de reverter o cenário atual onde vê outra adversária chegar com status de possível nome à segunda etapa da contenda. Em recente declaração, Moraes mencionou ser alvo de fake news e abordou a falta de apoio de figuras políticas como o governador Marcos Rocha, do PL. Sua campanha é marcada por críticas à atual gestão municipal, mas falta ressonância popular para uma virada. O ex-diretor do Departamento de Trânsito de Rondônia (Detran/RO) aposta em sua experiência como gestor e legislador para atrair a confiança dos indecisos. Na reta final, resgatou a veia combativa e provocativa de 2016, quando enfrentou Hildon Chaves, do PSDB, no segundo turno.
Samuel Costa: a única voz abertamente de esquerda
Na corrida, Samuel Costa, da Rede Sustentabilidade, se destaca como o único candidato que se posiciona firmemente como um representante da esquerda. Militante convicto, Samuel tem utilizado sua campanha para criticar Célio Lopes, do PDT, que, em sua visão, esconde suas ligações com partidos como o PT e o PCdoB. Recentemente, criticou o pedetista por evitar falar sobre o governo Lula, associando-o à tentativa de se distanciar da estrela petista. Samuel aposta na mobilização do eleitorado progressista, mas sua campanha, até o momento, não sugere um grande avanço nas intenções de voto, de acordo com as cotações apresentadas até agora. Costa leva a ferro e fogo o adágio “falem mal, mas falem de mim”. Com isso, defendeu na TV aberta o uso da “linguagem neutra” enquanto Lopes a rechaçou veementemente.
Célio Lopes: o progressista tecnocrata que não empolga
Célio Lopes, do PDT, é outro candidato que, embora tecnicamente bem preparado e com propostas claras, não tem conseguido empolgar o eleitorado. O progressista tem uma campanha focada em aspectos técnicos da gestão pública, mas suas hesitações iniciais em relação ao governo Lula e à esquerda parecem ter lhe custado apoios importantes. Mesmo com tentativas recentes de mudar esse quadro, sua postura acelerada e pouco entusiástica sobre o tema não convence. Enquanto isso, Samuel Costa, que critica abertamente essa ambiguidade, ganha espaço entre eleitores mais fiéis à esquerda.
Benedito Alves: discurso contra o Fundão, mas pouco apelo popular
Benedito Alves, do Solidariedade, apostou fortemente em um discurso contra o Fundão Eleitoral e na crítica às pesquisas que, segundo ele, não refletem a realidade. Seu extenso currículo poderia ser um trunfo, mas até agora ele não conseguiu transformar isso em apoio social significativo. Recentemente, em sabatina, Benedito foi direto ao chamar Euma Tourinho de "arrogante e prepotente", mas, assim como Célio Lopes, não parece ter tocado as questões que realmente mexem com o eleitorado de Porto Velho.
Ricardo Frota: dificuldades financeiras e exclusão dos debates
O candidato do partido Novo, Ricardo Frota, enfrenta desafios significativos em sua campanha. Sem tempo de televisão, recursos limitados e excluído dos principais debates, Frota está em clara desvantagem. Apesar disso, ele se mantém firme em sua postura liberal, criticando adversários como Samuel Costa e negando qualquer envolvimento com o PT. Ainda que sua campanha traga propostas liberais consistentes, a falta de visibilidade tem dificultado sua ascensão na disputa. Ele aproveitou para reagir à propaganda “cartas marcadas” de Euma, como já mencionado, ligando-a a Confúcio Moura, do MDB, único membro da bancada federal apoiador de Lula, do PT.
ASSISTA AO VÍDEO "CARTAS MARCADAS"
ASSISTA À REAÇÃO DE RICARO FROTA
Conclusão: um cenário sem grandes surpresas, mas com nuances importantes
A corrida eleitoral em Porto Velho segue com poucas surpresas a 15 dias do primeiro turno. A liderança de Mariana Carvalho permanece intacta, enquanto Euma Tourinho surge ombreando com Léo Moraes fazendo com que ambos sejam os principais adversários com chances reais de disputar o segundo turno.
Léo Moraes ainda tem tempo de reagir, mas sua campanha precisa de um impulso significativo. Os outros candidatos, cada um com suas particularidades, continuam a buscar espaço, mas enfrentam dificuldades que, até agora, limitam seu alcance. As próximas semanas serão decisivas para definir se o cenário se mantém ou se novas reviravoltas surgirão.