Publicada em 09/09/2024 às 11h41
O governo de Rondônia está no centro de uma potencial parceria estratégica com uma empresa peruana de transporte, logística, cadeia de suprimentos e armazenamento, e uma empresa de navegação chinesa, que pode abrir novas rotas logísticas entre o Brasil, Peru e China. Durante uma visita ao Porto de Porto Velho, na terça-feira (3), as duas instituições demonstraram interesse em conectar o terminal brasileiro ao Porto de Chancay, no Peru, que está em fase final de construção e tem inauguração prevista para o final deste ano.
Para o governador de Rondônia, Marcos Rocha, a iniciativa tem o potencial de impulsionar o desenvolvimento regional do estado. “A infraestrutura do terminal portuário de Porto Velho e sua dinâmica de operações de exportação e importação são fundamentais para fortalecer a parceria, transformando o estado em uma importante rota de ligação entre o continente asiático e da América do Sul”, ressaltou.
ROTA
O plano prevê a criação de uma rota que utiliza os rios Madeira, Amazonas e Solimões, passando pela fronteira aduaneira de Tabatinga, no Amazonas, até Pucallpa, no Peru. De lá, as cargas seguiriam por via terrestre até o Porto de Chancay, de onde seriam exportadas para a China, principalmente soja. No sentido inverso, a rota seria utilizada para a importação de fertilizantes.
O Porto de Porto Velho já realiza operações até Iquitos, no Peru, um trajeto de aproximadamente 20 dias. Com a nova rota, as cargas poderiam sair alfandegadas diretamente de Porto Velho para a China, ampliando a eficiência logística e fortalecendo a integração econômica entre Brasil e Peru, habilitando as importações e ampliando as exportações já existentes.
VIABILIDADE LOGÍSTICA
As empresas que serão responsáveis pela administração do terminal de alta capacidade em Chancay analisaram a viabilidade da rota e consideram o projeto promissor. O sub-gerente da empresa peruana, Juan Manoel Gonzales, destacou a localização geográfica privilegiada de Porto Velho. “O município de Porto Velho está localizado no centro da América do Sul e está ligado ao Peru por duas rotas. A primeira pelo Rio Madeira e Rio Amazonas, com a qual se chega a Iquitos e Pucallpa, e a segunda pela Rodovia Interoceânica ou Estrada do Pacifico.”
Ainda de acordo com o sub-gerente da empresa, que fica localizada no Sul do Peru, a inauguração do porto de Chancay modificará os fluxos de carga no Pacífico Sul porque seu tamanho permite receber navios de grande porte, que economizarão tempo de trânsito para cargas de toda a América do Sul. “É uma grande oportunidade para fortalecer a aproximação entre o Peru e o Brasil, que estão de costas voltadas para o Pacífico e o Atlântico respectivamente; assim, Porto Velho é o ponto de encontro”, explicou.
INFRAESTRUTURA
Durante a visita, os dirigentes do Porto de Porto Velho apresentaram à comitiva a infraestrutura do terminal portuário, a capacidade de movimentação de cargas, além da dinâmica das operações de exportação e importação. Cada barcaça pode transportar até 2 mil toneladas de soja, e um comboio com 20 barcaças pode movimentar até 40 mil toneladas por viagem. O Porto de Porto Velho, que está em vias de completar 50 anos, também possui áreas disponíveis para arrendamento e construção de novas instalações, oferecendo segurança jurídica para os investidores.
O diretor-presidente da Sociedade de Portos e Hidrovias de Rondônia (Soph), empresa que administra o Porto de Porto Velho, Fernando Parente destacou que, “a parceria pode transformar o Porto de Porto Velho em um importante elo na cadeia logística que conecta a América do Sul à Ásia, oferecendo alternativas mais rápidas e eficientes para o comércio internacional.”
CONSOLIDAÇÃO DE PARCERIA
O sub-gerente da empresa peruana salientou que, os principais desafios são infraestruturais e regulamentares. “É como se estivéssemos falando de hardware e software. O que a infraestrutura física implica é muito avançado. A infraestrutura rodoviária entre Peru e Brasil é completa, mas são necessários pontos de transferência de carga em áreas próximas à fronteira. Do ponto de vista regulatório, é necessário aumentar o número de caminhões que transitam na fronteira, para que através do aumento da oferta, as taxas de frete sejam reduzidas. Também é necessário flexibilizar os procedimentos sanitários para facilitar o trânsito internacional, além de aspectos aduaneiros que agilizam a passagem na fronteira.”