Publicada em 12/09/2024 às 08h20
Entre o dia 20 de julho e o início deste mês de setembro de 2024, o Brasil ardeu em chamas. Quase dois meses até agora que grandes extensões do país foram cobertas por fogo, fumaça densa e muita fuligem. Vários biomas foram duramente afetados e o sofrimento da população foi algo indescritível. Os governantes, de um modo geral, nada fizeram para amenizar o caos. Em Rondônia, principalmente, o fogo sobre a floresta amazônica tomou proporções inimagináveis. Porto Velho está encoberta há mais de dois meses e providência nenhuma foi tomada até o momento. A seca severa que castiga o bioma amazônico praticamente já decretou a morte do rio Madeira e incendiou grande parte das terras do Estado. Lula, o presidente do país, e Marina Silva, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, não disseram até agora quais providências que tomaram.
O pior de tudo é que o governador de Rondônia, o bolsonarista coronel Marcos Rocha e o prefeito de Porto Velho, Dr. Hildon Chaves, também nada fizeram para resolver o armagedon que se instalou sobre nós, seus idiotas eleitores. Uma providenciazinha aqui, outra ali e as labaredas incendiando a todos nós. Por isso, se existisse de fato oposição nesse país, nesse Estado e também na prefeitura de Porto Velho, várias CPI’s (Comissão Parlamentar de Inquérito) deveriam ser instauradas para investigar a todos e cobrar responsabilidades de quem foi eleito para cuidar do seu povo e o deixou à míngua morrendo no meio da fumaceira. Até porque vários órgãos desses próprios governos já haviam alertado, bem antes, sobre essa seca que atingiria a todos e já tinha sido prevista desde o ano passado. Só que nenhuma providência foi tomada pelas esferas de governos.
E o que dizer do triste e melancólico papel das Forças Armadas até agora em todo esse episódio? Muitos militares gostam de gritar: SELVA! E dizem que estão aí para defender a Amazônia da cobiça internacional. Só que não conseguiram sequer defendê-la dos incendiários brasileiros. Eu já disse: nem o Brasil nem os brasileiros merecem a Amazônia. Esses militares vão ter que gritar agora: CINZA! Já que fomos todos nós que deixamos a Amazônia virar pó. Defender essa região é também não permitir que a destruam. Disseram que foram os bolsonaristas que incendiaram o Brasil para semear o caos. Ora, se foram eles mesmos, uma CPI iria descobrir e apurar responsabilidades. E punir na forma da lei todos os que se omitiram. Durante a pandemia da Covid-19, o negacionismo estúpido de muitos fascistas e a falta de seriedade fizeram instalar uma CPI.
E por que não o fazem agora? Abrir uma CPI poderia evitar futuros incêndios e assim poderia salvar a Amazônia, o Pantanal e também outros biomas do colapso e da extinção quase certa. Uma CPI da Fumaça e das Queimadas no Congresso Nacional viria num bom momento para esclarecer a inércia absurda dos governos atuais. E uma CPI em cada Estado que sofreu e sofre com as queimadas e a fumaça tóxica. Deveria também haver cobranças das autoridades a nível municipal. É uma vergonha que o STF por meio do ministro Flávio Dino tenha tomado providências antes que o Executivo o fizesse. Muitos brasileiros, velhos e crianças principalmente, estão sofrendo ao inalar monóxido de carbono e outras substâncias cancerígenas. E muitos vão morrer por ter inalado esses gases tóxicos. Talvez uma CPI pudesse abrir os olhos das autoridades para em março ou abril próximos começarem a agir para evitar o pior. Será que vamos ter fumaça em 2025?
*Foi Professor em Porto Velho.