Publicada em 03/10/2024 às 09h23
Uma brasileira que mora no Líbano e estava em São Paulo havia duas semanas visitando os pais voltou às pressas ao país para ficar com o marido e as filhas, nesta quarta-feira (2). Ao chegar a Beirute, na capital, ela seguiu para Trípoli e escutou explosões de ao menos quatro bombas.
Israel lançou novos ataques em Beirute, no Líbano, na madrugada desta quinta-feira (3), pelo horário local, noite de quarta (2) no Brasil. Pelo menos cinco pessoas morreram e outras 11 ficaram feridas, segundo o Ministério da Saúde libanês. Segundo as Forças de Defesa de Israel, ataques de precisão são lançados contra o grupo extremista Hezbollah. Explosões foram reportadas nos subúrbios ao sul de Beirute, além da região central da capital.
Por volta das 19h, Leila avisou os parentes no Brasil que chegou em segurança em casa.
"Em casa. Cheguei bem, em segurança, graças a Deus. Eu vou sentir muita falta de vocês", escreveu aos parentes que ficaram no Brasil.
A brasileira é irmã de Issan Abdsul Halim Sultan, que continua no Brasil e vai acompanhar de longe a situação. Ele se mudou para o Brasil com 1 ano de idade.
“Paralisaram todas as escolas lá [no Líbano], não estão funcionando, os bancos estão fechados, a chegada de mantimento está difícil. Inclusive, minha sobrinha, a caçula, que tem 16 anos, está ajudando como voluntária distribuindo água e comida para o pessoal”, disse Issan à TV Globo.
No trajeto, depois que saiu de São Paulo e chegou ao Catar, antes de embarcar para o Líbano, Leila encaminhou um vídeo à TV Globo ainda no aeroporto.
“São pessoas que estão indo para o Líbano, pessoas que têm filhos, mães, parentes lá. O avião está cheio, pessoas de todo o lugar do mundo”, comentou.
Entenda o conflito
Nos últimos dias, Israel lançou uma série de ataques aéreos contra alvos do Hezbollah em Beirute. Além disso, os militares mantêm uma frente de batalha no sul do país, na região de fronteira.
Israel disse que está fazendo uma operação militar contra o grupo extremista Hezbollah. Embora tenha atuação política no Líbano, a organização possui um braço armado com forte influência no país. Além disso, o Hezbollah é apoiado pelo Irã e é aliado dos terroristas do Hamas.
Os extremistas bombardeiam o norte de Israel desde outubro de 2023, em solidariedade aos terroristas do Hamas e às vítimas da guerra na Faixa de Gaza.
Nos últimos meses, Israel e Hezbollah viveram um aumento nas tensões. Um comandante do grupo extremista foi morto em um ataque israelense no Líbano, em julho. No mês seguinte, o grupo preparou uma resposta em larga escala contra Israel, que acabou sendo repelida.
Mais recentemente, líderes israelenses emitiram uma série de avisos sobre o aumento de operações contra o Hezbollah. O gatilho para uma virada no conflito veio após os seguintes pontos:
Nos dias 17 e 18 de setembro, centenas de pagers e walkie-talkies usados pelo Hezbollah explodiram em uma ação militar coordenada.
A imprensa norte-americana afirmou que os Estados Unidos foram avisados por Israel de que uma operação do tipo seria realizada. Entretanto, o governo israelense não assumiu a autoria.
Após as explosões, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse que estava começando "uma nova fase na guerra".
Enquanto isso, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu que levará de volta para casa os moradores do norte do país, na região de fronteira, que precisaram deixar a área por causa dos bombardeios do Hezbollah.
Segundo o governo, esse retorno de moradores ao norte do país só seria possível por meio de uma ação militar.
Em 23 de setembro, Israel bombardeou diversas áreas do Líbano. O dia foi o mais sangrento desde a guerra de 2006.
Em 27 de setembro, Israel matou o chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, por meio de um bombardeio em Beirute.
Israel lançou uma operação terrestre no Líbano "limitada e precisa" contra alvos do Hezbollah, no dia 30 de setembro.
Em 1º de outubro, o Irã atacou Israel como resposta à morte de Nasrallah e outros aliados do governo iraniano.