Publicada em 25/10/2024 às 13h56
FINAL
Depois de um segundo turno acirrado entre os candidatos à prefeitura de Porto Velho, Leo Moraes e Mariana Carvalho, chegamos ao último debate da campanha, promovido pela Rede Amazônica (Globo), com um azarão que chega ao final na condição de favorito. É uma campanha que está sendo decidida mais pelos erros do que acertos dos candidatos, embora os quesitos experiência, maturidade e alianças tenham sido primordiais aos concorrentes.
FAVORITISMO
Segundo a maioria das pesquisas divulgadas oficialmente nos veículos de comunicação, Leo teria conseguido o ineditismo de virar sobre Mariana em uma eleição que poucos acreditavam em mudança. No primeiro turno, a menina Mariana ostentou um favoritismo e assumiu a postura de vencer sem dificuldades os concorrentes sem a necessidade do segundo. A realidade eleitoral a surpreendeu e horas após a proclamação da realização do segundo turno, Mariana viu seu favoritismo se esvair pelas mãos feito fumaça com o crescimento inesperado de Leo, que saiu da condição de azarão para favorito.
ERRO
Diferente de Mariana, Leo evita assumir a postura de “já ganhou” para não ser confundido com soberba. A mesma que atropelou a adversária e os padrinhos. Esta eleição, na hipótese da confirmação da vitória de Leo, ficará nos anais políticos rondonienses como aprendizado de exemplos de erros sobre erros daquilo que não se deve fazer numa disputa antes das urnas serem apuradas. A postura arrogante dos coordenadores da campanha da menina do Aparício alcançou os eleitores tanto mais simples quanto os mais informados, e isso tem influenciado na escolha do eleitor. Ao que parece foi o principal erro da campanha, acrescentado ainda pela forma agressiva e destemperada do prefeito Hildon Chaves nas várias entrevistas que concedeu ao longo da campanha. Numa delas, chegou a comparar o servidor público a um boi brocha.
RESULTADO
Mesmo que vença o pleito, Mariana sairá da campanha menor do que entrou e seu adversário, Leo, bem maior. O resultado do primeiro turno é ilustrativo em qualquer avaliação que se diz isenta, uma vez que sozinho e solitariamente o candidato do Podemos alcançou uma votação de mais sessenta mil votos. Enquanto a adversária do União Brasil precisou das estruturas governamentais, seja estadual, seja municipal, para ultrapassar os cem mil votos que a levaram ao segundo turno sem o mesmo favoritismo que ostentou em todo o primeiro.
AZARÃO
Com uma disputa acirradíssima e o azarão (Leo) alcançando a favorita (Mariana), a eventual vitória dela será bem diferente na hipótese de uma derrota dele. O resultado sendo diverso, o caos recairá nas hostes do “Titanic”, representado pelos partidos que se uniram numa proa sem bases sólidas. Os marujos, então, vão acusar uns aos outros pelo naufrágio eleitoral.
INCOLUMIDADE
Quem achar que vai passar incólume aos órgãos de controle das eleições vai ser surpreendido com os desdobramentos das investigações em curso. A coluna ouviu alguns setores responsáveis pela lisura do processo eleitoral e tomou conhecimento de parte do que está sendo apurado de forma profissional e rápida. Como revelou uma autoridade em “off”, nada relacionado a fraudes ficará sem resposta. E lisura das eleições é o bem a ser protegido por todos. Embora nem todos compreendam a sua importância.
AVANTE
Apesar da narrativa equivocada sobre os fatos que ensejaram a denúncia do Ministério Público Eleitoral sobre as investigações em curso de que o partido Avante teria supostamente fraudado a cota de gênero, em Porto Velho e no interior, a verdade é que o processo continua seguindo seu curso normalmente e não foi arquivado por nenhuma decisão judicial, conforme narrativas por aí publicadas.
AOS FATOS
Na capital a candidata Carla Teles (AVANTE), que obteve apenas três votos, foi aquinhoada com quarenta mil reais oriundos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, recurso público destinado à cota das mulheres. Gleici Tatiana, outra candidata do Avante, recebeu um voto, apenas. Em razão destas candidatas o MPE deu início a uma investigação para averiguar eventuais fraudes de cotas de gênero. Portanto, as investigações estão em pleno curso, não foram arquivadas e vão seguir até a respectiva conclusão. Mente quem narra o contrário.
CANDEIAS
No município de Candeias do Jamari, outra candidata e um candidato filiados à legenda (Cunha e Prudêncio) estão sendo investigados por suspeitas de fraude. Cada um deles teria recebido dez mil reais do fundo eleitoral, apesar de terem obtido poucos votos e não comprovarem que as candidaturas eram pra valer.
DEFESA
O Avante rechaça qualquer fraude dessas candidaturas, especialmente na capital, onde o suposto malfeito afetaria a eleição do presidente municipal do partido, Breno Mendes. Para justificar a lisura, divulgaram uma comunicação em juízo com pedido formal de renúncia da investigada. O detalhe que não passa despercebido é que tal pedido é datado de 30 setembro, conforme consta nos autos n. 0600364-96.2024.6.22.0021, poucos dias antes da eleição. Não há registro, porém, da desistência da outra investigada.
CONSEQUÊNCIAS
Na hipótese da suposta fraude ser comprovada pelo MPE, os votos obtidos pelo Avante poderão ser anulados, sendo cassado o Demonstrativo de Regularidade dos atos Partidários (DRAP), com os respectivos diplomas destinados aos eleitos dos partidos cassados. Todos eles, inclusive de quem nada fez de ilegal. Nessa hipótese, a Justiça Eleitoral fará um novo recálculo do quociente eleitoral e partidário. São consequências que podem ocorrer com o aprofundamento das investigações e com inelegibilidades por oito anos para todos envolvidos. Aliás, fora o Avante, mais gente deverá ficar inelegível em razão das ilegalidades cometidas ao fim e ao cabo. Quem viver, verá.