Publicada em 28/10/2024 às 09h25
As Forças de Defesa de Israel divulgaram, nesta segunda-feira (28), imagens da operação que suas tropas fizeram no Hospital Kamal Adwan, em Jabalia, no norte da Faixa de Gaza.
Três dias após o Exército invadir o local, um comunicado enviado através das redes sociais diz que aproximadamente 100 pessoas foram presas, "incluindo terroristas que tentaram escapar durante a evacuação de civis", e que "armas, fundos terroristas e documentos de inteligência" foram encontrados dentro da estrutura do hospital e na área ao redor.
Autoridades de saúde de Gaza e o grupo extremista palestino negaram qualquer presença militante no hospital. Para se defender das acusações feitas e diminuir a pressão internacional, Israel afirma que garantiu a proteção de civis:
"Antes de começar as varreduras no complexo, os soldados permitiram que civis deixassem o hospital. Para manter os sistemas hospitalares essenciais e garantir o atendimento ao paciente, a Administração de Coordenação e Ligação de Gaza (CLA) coordenou com o hospital para ativar um gerador adicional, garantindo o fornecimento de eletricidade e oxigênio para os pacientes".
O Ministério da Saúde de Gaza disse que as tropas detiveram dezenas de profissionais da área médica e danificaram o hospital, que já estava com dificuldades para operar devido aos fortes ataques israelenses na área.
"Alguns dos terroristas totalmente identificados se disfarçaram de equipe médica, então não tivemos outra alternativa a não ser verificar a equipe médica também", disse um oficial militar a jornalistas em uma entrevista coletiva online.
O oficial admitiu que as tropas causaram danos limitados ao hospital ao entrarem e que os soldados também tiveram que destruir o que ele descreveu como equipamentos de "uso duplo", como tanques de oxigênio que, se detonados, poderiam ter ferido qualquer pessoa no complexo.
A equipe médica se recusou a evacuar o hospital ou deixar seus pacientes sem atendimento. Centenas de palestinos deslocados também estavam abrigados lá.
"Eles evacuaram todos os que estavam abrigados aqui... Eles separaram os homens das mulheres e fizeram duas filas, foi muito humilhante para os nossos homens, pois eles os levaram sem roupas e sem nada para se cobrir", disse Mayssoun Alian, uma enfermeira do hospital.
A informação de que os homens foram despidos para serem revistados em busca de armas também foi confirmada pelo oficial na coletiva de imprensa.
A versão do Hamas
Segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas, pelo menos 44 dos 70 membros da equipe do hospital foram detidos pelo Exército de Israel na operação, mas que 14 pessoas, incluindo o diretor do hospital, foram liberadas depois.
Imagens divulgadas pela pasta mostraram danos a vários edifícios depois que as forças israelenses se retiraram. Três enfermeiras ficaram feridas durante o ataque e três veículos de ambulância foram destruídos, informou o ministério.
Antes da invasão, os médicos disseram que pelo menos 600 pessoas estavam no hospital, incluindo pacientes e seus acompanhantes.
"A segurança e a vida dos pacientes que foram deixados dentro do hospital Kamal Adwan sem equipe médica e sem a medicação tão necessária estão em risco agora", disse Marwan Al-Hams, do Ministério da Saúde local.