Publicada em 19/10/2024 às 09h57
Se eleger no primeiro turno em Porto Velho era uma missão praticamente impossível. Nas últimas décadas, somente o ex-prefeito Roberto Sobrinho (PT) conseguiu o que consideramos uma proeza: se reeleger, ao obter o segundo mandato nas eleições de 2008, quando seu partido era o mais forte do país, com Lula da Silva à frente.
Desde o início da campanha para prefeito da capital, após as convenções partidárias, um dos assuntos predominantes era a possibilidade de um dos candidatos se eleger no primeiro turno. Sempre contestamos a viabilidade devido à capacidade de votos dos candidatos. Dentre os sete postulantes, um se destacava dos outros, mas tínhamos a certeza de que nenhum deles, mesmo o que liderava com folga, conseguiria 50% mais um dos votos válidos. E foi isso que ocorreu.
Mariana Carvalho (União Brasil) e mais uma dúzia de partidos aliados se destacavam dos demais no primeiro turno devido ao volume de campanha, sempre acima dos outros. Quem não votou nela, e provavelmente não votará no segundo turno, optou por Leo Moraes (Podemos), o mais conhecido entre os demais candidatos pelos eleitores da capital, onde já foi vereador, assim como Mariana.
Não podemos ignorar a “guerra” das pesquisas após o primeiro turno, com cada assessoria dos candidatos apresentando sondagens populares com resultados diferentes, inclusive com um distanciamento enorme entre eles, de acordo com a conveniência de quem divulga os números.
A semana que antecede as eleições em segundo turno à sucessão municipal em Porto Velho será decisiva. A previsão é que Mariana mantenha a média de votos que obteve no primeiro turno. E isso será fundamental em sua caminhada na reta final da campanha.
Tanto Mariana quanto Léo devem se conscientizar, principalmente as assessorias, de que cada voto representa dois, pois teremos eleições polarizadas. Se um estiver na frente, por exemplo, com 2 votos e o adversário com 1, se o voto for revertido, não fica empatado, pois o outro ficará à frente (2x1), já que é um voto que sai e outro que entra. Conta complicada, mas real.
Como apenas um deles se elegerá, os responsáveis pelas campanhas terão uma missão hercúlea esta semana. Uma delas é a preparação para os debates, que não podem ser agressivos, pois o eleitor não aceita mais o político que só encontra defeitos, mas não tem solução para os problemas.
O denuncismo também não funciona. É necessário que Léo e Mariana promovam um debate de alto nível, objetivo, e, principalmente, apresentem um Plano de Governo para um grave problema da capital, que é o saneamento básico. O pouco que existe de “rede de esgoto” é desde a fundação da cidade, que tem mais de 100 anos, e a “estação de tratamento” continua sendo o Rio Madeira.
No primeiro mandato do ex-governador Ivo Cassol (2003-06), na época no PSDB e hoje presidente do PP no Estado, o Governo Federal (leia-se Lula da Silva) liberou R$ 600 milhões para obras de saneamento básico em Porto Velho. Muitos anos depois, os recursos, que ficaram disponíveis na Caixa, foram devolvidos porque não conseguiram montar o projeto.
Apesar de ser uma cidade centenária, Porto Velho é precária em saneamento básico, inclusive no fornecimento de água potável, que é abundante numa região extremamente hídrica como Rondônia. Estamos no Estado desde 1993 e, desde aquela época, a nossa capital tem água dia sim, dia não, mesmo na área central. E não constatamos nenhum projeto viável, seguro e emergente, para que as famílias tenham água tratada 24 horas, dos dois candidatos que se propõem a governá-la a partir de 2025.
Estão na disputa pela sucessão municipal dois jovens políticos, ambos com a “cara de Porto Velho”, pois conhecem seus problemas e certamente terão condições de realizar um trabalho dentro da realidade do município, que tem, somente em estradas vicinais, mais de 7 mil quilômetros, o equivalente a uma longa viagem de ida e volta até Londrina, no Norte do Paraná.