Publicada em 05/10/2024 às 10h06
Porto Velho, RO – Com o primeiro turno das eleições municipais agendado para amanhã, domingo, 06 de outubro, a população de Porto Velho se prepara para escolher entre sete candidatos à prefeitura. Cada um deles apresentou suas propostas e mostrou diferentes estilos de liderança, deixando os eleitores com uma decisão difícil pela frente. Ao longo de uma campanha que incluiu debates, sabatinas e corpo a corpo, os candidatos Mariana Carvalho (União Brasil), Léo Moraes (Podemos), Célio Lopes (PDT), Euma Tourinho (MDB), Benedito Alves (Solidariedade), Samuel Costa (Rede Sustentabilidade) e Ricardo Frota (NOVO) apresentaram suas credenciais, assim como suas vulnerabilidades. Abaixo, uma análise detalhada dos pontos fortes e fracos de cada um.
MARIANA CARVALHO (UNIÃO BRASIL)
Pontos Fortes:
Mariana Carvalho entra na disputa como a candidata da situação, com um apoio político considerável. Conta com o respaldo de figuras influentes como o prefeito Hildon Chaves (PSDB), o governador Marcos Rocha (União Brasil) e o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Cruz (PRTB). Sua base política sólida garantiu sua liderança nas pesquisas durante grande parte da campanha, mantendo-a à frente de seus concorrentes. Outro ponto a favor de Mariana foi sua estratégia de evitar conflitos diretos, mantendo-se em uma postura propositiva e focada nas propostas, o que ajudou a preservar sua imagem pública sem grandes desgastes.
Pontos Fracos:
Apesar da vantagem nas pesquisas, a ausência de Mariana nos principais debates foi um ponto amplamente criticado. Ela faltou a confrontos organizados pelo Conselho Regional de Medicina (CREMERO) e pela Rede Amazônica, o que gerou descontentamento, especialmente entre os eleitores mais engajados nas redes sociais. Sua escolha de comparecer apenas ao debate da SIC TV (Record) deu margem para que seus adversários a atacassem livremente, questionando sua capacidade de gerir a prefeitura em situações desafiadoras. Essa estratégia de distanciamento pode ter gerado a percepção de falta de transparência e compromisso com o debate público.
LÉO MORAES (PODEMOS)
Pontos Fortes:
Léo Moraes mostrou-se mais amadurecido nesta campanha em comparação com a disputa de 2016, quando foi ao segundo turno contra Hildon Chaves. Seu discurso foi moderado e técnico, revelando uma figura mais calma e propositiva, o que pode ter agradado a um eleitorado cansado de confrontos acalorados. Moraes também se destacou por sua capacidade de articulação e seu conhecimento administrativo, especialmente após sua passagem pelo Departamento de Trânsito de Rondônia (Detran/RO), onde deixou um legado positivo. O candidato afirmou que sua postura mais equilibrada veio como resultado da paternidade, um ponto que ele soube explorar em sua narrativa de campanha.
Pontos Fracos:
Apesar de seu amadurecimento, a escolha de Marga dos Anjos como vice não gerou o mesmo impacto que figuras anteriores, como Amado Rahhal, diretor do Hospital de Base em 2016. Além disso, sua mudança de postura – de combativo para mais sereno – gerou estranheza em parte do eleitorado, que se acostumou com a imagem de Léo como um político mais enérgico e ofensivo. Esse contraste pode ter afastado eleitores que apreciavam sua veia crítica e incisiva em disputas anteriores.
SAMUEL COSTA (REDE SUSTENTABILIDADE)
Pontos Fortes:
Samuel Costa apresentou uma campanha marcada por um discurso técnico e bem estruturado, com foco na educação e políticas públicas. O candidato se destacou por sua habilidade de argumentação e por sua postura consistente durante os debates, especialmente quando confrontado por Euma Tourinho e outros adversários. Costa também não se esquivou de temas polêmicos, como a linguagem neutra, defendendo suas posições com firmeza, mas deixando claro que certos temas não são de alçada da administração municipal. Sua autenticidade e clareza de posicionamento fizeram dele uma referência para a ala progressista da cidade.
Pontos Fracos:
Apesar de suas qualidades, o fato de Samuel Costa se apresentar como um candidato abertamente de esquerda em um estado com tendências conservadoras limitou seu avanço nas pesquisas. Sua forte associação com o presidente Lula e o Partido dos Trabalhadores (PT) causou rejeição em boa parte do eleitorado de Porto Velho, dificultando sua penetração entre os eleitores mais conservadores. Além disso, com pouco apoio e recursos, Costa parece usar esta campanha como uma plataforma para futuras disputas no legislativo.
CÉLIO LOPES (PDT)
Pontos Fortes:
Célio Lopes entrou na campanha como um nome jovem e técnico, propondo soluções claras para áreas como habitação, segurança e saúde. Seu discurso foi propositivo e bem articulado, demonstrando conhecimento técnico e aplicabilidade de suas propostas. Sua postura durante os debates foi serena e focada nas soluções, o que atraiu um eleitorado mais racional e pragmático.
Pontos Fracos:
Célio Lopes enfrentou desafios por ser um nome novo na política, o que o colocou em desvantagem nos confrontos com adversários mais experientes. Sua falta de agressividade política, além da inexperiência em debates mais acirrados, fez com que fosse ofuscado por candidatos mais experientes, como Samuel Costa. Lopes também enfrentou críticas por não se posicionar claramente em relação a figuras políticas importantes, como Lula, o que gerou desconfiança entre eleitores de esquerda e centro-esquerda.
BENEDITO ALVES (SOLIDARIEDADE)
Pontos Fortes:
Benedito Alves é o candidato com o currículo mais extenso entre os concorrentes, com uma longa trajetória no serviço público, incluindo passagens pelo Tribunal de Contas (TCE/RO) e pela Secretaria de Finanças de Rondônia (Sefin/RO). Seu conhecimento técnico sobre gestão pública deu substância a seus discursos, e sua rejeição ao uso do Fundo Eleitoral para campanhas políticas reforçou uma imagem de integridade e responsabilidade fiscal.
Pontos Fracos:
Apesar de sua vasta experiência, Benedito Alves não conseguiu empolgar o eleitorado. Seu discurso, repleto de termos técnicos e linguagem rebuscada, afastou eleitores que preferem uma comunicação mais direta e acessível. Sua postura tecnocrática, embora respeitável, acabou por distanciá-lo do eleitor médio, que procura um líder com mais carisma e capacidade de dialogar de forma simples e clara.
EUMA TOURINHO (MDB)
Pontos Fortes:
Euma Tourinho se destacou. Sua ascensão rápida deve-se, em parte, a uma campanha publicitária bem executada, com o slogan "Vai, Tourinho" ganhando popularidade nas ruas e nas redes sociais. Sua postura firme e direta durante os debates, associada a um discurso claro e objetivo, cativou uma parcela significativa do eleitorado. Euma conseguiu atrair os holofotes para si se posicionando como uma potencial candidata ao segundo lugar no pleito, com ou sem segundo turno.
Pontos Fracos:
No entanto, sua postura inicial de atacar todos os adversários indistintamente criou uma imagem de arrogância, o que pode ter prejudicado sua aceitação entre eleitores mais moderados. A peça publicitária "cartas marcadas", que criticava o sistema político, também foi vista como um movimento arriscado, já que Tourinho, ao se declarar a melhor opção de forma precoce, acabou afastando eleitores que preferem uma abordagem mais humilde e colaborativa. Além disso, sua tentativa de emular figuras como Pablo Marçal, de São Paulo, acabou gerando críticas, especialmente pela infantilização de adversários em momentos cruciais da campanha.
RICARDO FROTA (NOVO)
Pontos Fortes:
Ricardo Frota apresentou-se como um candidato sério e técnico, evitando artifícios de marketing político. Seu discurso foi marcado por um tom pragmático, buscando atrair eleitores de direita e liberais. Frota passou por um processo rigoroso dentro do NOVO para ser escolhido como candidato, o que reforça sua imagem de competência e preparo técnico para a função de prefeito. Sua campanha, mesmo sem tempo de televisão, conseguiu transmitir suas propostas de maneira clara.
Pontos Fracos:
Por outro lado, Frota passou boa parte da campanha reclamando da falta de recursos e tempo de mídia, algo que ele já sabia ser uma realidade. Sua postura de constante queixa, principalmente em relação ao debate da Rede Amazônica, acabou cansando parte do eleitorado. Além disso, sua falta de carisma e espontaneidade também o prejudicaram, já que muitos eleitores esperam mais empatia e conexão pessoal de seus candidatos.
A eleição para a Prefeitura de Porto Velho em 2024 se caracteriza por uma ampla diversidade de perfis, estilos e propostas. Cada candidato possui qualidades que podem atraí-los a determinados segmentos do eleitorado, mas também enfrentam desafios significativos que podem limitar suas chances. A decisão, agora, está nas mãos dos eleitores, que deverão equilibrar os pontos fortes e fracos de cada um antes de depositar seus votos nas urnas.