Publicada em 24/10/2024 às 10h39
Porto Velho, RO – O segundo turno das eleições para a Prefeitura de Porto Velho, em 2024, tem se mostrado como o mais acirrado de sua história recente. O embate entre Léo Moraes, do Podemos, e Mariana Carvalho, do União Brasil, intensificou-se, transformando a disputa em um palco de confrontos diretos e estratégias ofensivas.
No primeiro turno, o cenário já havia sido conturbado, mas por uma figura que não está mais em jogo: Euma Tourinho, do MDB. A candidata novata atraiu os holofotes ao disparar ataques contra todos os principais concorrentes, com especial ênfase contra Mariana Carvalho, então a favorita e candidata da situação. O impacto de Euma foi notável, pois, mesmo não avançando ao segundo turno, conseguiu fomentar debates públicos inflamados.
Mariana, que representa a continuidade do atual governo, conta com um vasto apoio político. Entre seus aliados estão o governador Coronel Marcos Rocha, do União Brasil, o prefeito Hildon Chaves, do PSDB, e o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Cruz. Esse amplo respaldo político a coloca como a favorita do establishment, mas também a expõe a críticas sobre continuidade e manutenção de interesses tradicionais.
No entanto, Léo Moraes, que navegou pelo primeiro turno de forma relativamente tranquila, sem maiores ataques, viu a disputa mudar de tom. O único embate mais feroz ocorreu durante o debate da Rede Amazônica, quando foi confrontado por Célio Lopes, do PDT, acerca da influência de sua família na política local. A resposta enérgica de Moraes a esse questionamento lhe rendeu certa atenção, mas não o desestabilizou. Chegou ao segundo turno como um candidato sereno, representando a oposição.
Com a virada para o segundo turno, iniciou-se a "Guerra das Pesquisas". Institutos de pesquisa têm divulgado números divergentes, gerando dúvida sobre a real situação do pleito. Esses resultados antagônicos têm causado desconfiança sobre a imparcialidade dos levantamentos e alimentado teorias de manipulação de dados para favorecer um ou outro lado. Essa disputa de números intensificou a polarização e gerou um clima de incerteza que extrapola os limites do debate eleitoral.
Além disso, o cenário político ficou ainda mais tenso com a proliferação de informações de procedência duvidosa. Notícias circulam de forma desenfreada nas redes sociais e até em veículos impressos, colocando os candidatos e seus apoiadores em estado de alerta constante. Nos grupos de WhatsApp, a situação é ainda mais delicada: ofensas são trocadas, traições políticas vêm à tona, e antigos aliados mudam de lado, reforçando a volatilidade da corrida eleitoral.
Nesse ambiente carregado, o maior perdedor parece ser o eleitor. Em vez de um debate focado em propostas claras para o futuro de Porto Velho, o que se vê é uma campanha que muitas vezes desvia para ataques pessoais, desinformação e rumores. A política local, neste momento, parece menos preocupada em conquistar votos com ideias concretas e mais em enfraquecer o adversário por qualquer meio disponível.
O eleitor de Porto Velho, diante desse cenário, enfrenta um desafio complexo: filtrar as informações, buscar a verdade em meio a narrativas conflitantes e avaliar o que cada candidato realmente representa para o futuro da cidade. A esperança é que, nas semanas finais, o debate possa retomar seu foco nas propostas que mais interessam à população, evitando a escalada de ofensas e desconstruções pessoais que têm marcado esse segundo turno. Uma eleição assim, de nuances tão acirradas, pede discernimento e reflexão, pois o que está em jogo é a condução da capital de Rondônia pelos próximos anos.
Quem vencer, precisará lidar com as feridas deixadas por essa campanha e unir uma cidade dividida por interesses e discursos antagônicos. A tarefa não será fácil, mas é essencial para que Porto Velho possa avançar além das disputas de poder que hoje dominam o cenário político.