Publicada em 01/10/2024 às 09h44
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi questionado por jornalistas nesta segunda-feira (30) sobre o fato de não ter mencionado, durante discurso na 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas, a crise político-eleitoral que a Venezuela atravessa.
No evento da ONU, na semana passada, o petista tratou de diversos temas, inclusive citou a importância da defesa da democracia. Entretanto, o petista não falou sobre a falta de transparência no processo eleitoral venezuelano.
O pleito foi realizado em julho e o regime autoritário de Nicolás Maduro afirma ter vencido a disputa. A oposição venezuelana diz que o candidato Edmundo González foi o verdadeiro vencedor. As eleições no país vizinho são alvo de questionamentos de países e organismos internacionais.
"Por que eu tenho que falar da Venezuela em todo o lugar? Eu não falo nem da Janja em todo lugar", afirmou o petista a jornalistas no México, onde participa nesta terça-feira (1º) da posse de Claudia Sheinbaum.
"Por que eu vou falar da Venezuela? Eu falo o que me interessa falar. O discurso que eu queria fazer [na ONU] era aquele. E foi muito bom discurso", acrescentou Lula.
Lula não reconheceu a vitória de Maduro ou do candidato de oposição, Edmundo González. Junto com a Colômbia, o governo brasileiro insiste na necessidade das autoridades eleitorais da Venezuela apresentarem as atas das seções de votações, o que até o momento não foi feito e não há previsão de ocorrer.
O presidente defendeu cautela nas ações relativas ao governo de Maduro, a fim de manter canais de diálogo abertos.
"É importante que a gente tenha comedimento no nosso comportamento, porque, se eu acho que a pessoa errou, e eu achar que eu tenho que radicalizar para consertar esse erro, eu vou criar um caminho sem volta. Eu, em política, sempre costumo deixar uma porta aberta", declarou.
O petista disse ainda que é preciso "criar as condições" para dialogar com a Venezuela. Segundo ele, a relação diplomática está "muito forte", com diálogo do chanceler Mauro Vieira com seus pares da Venezuela e Colômbia.
Defesa da democracia em discurso
'No Brasil, a defesa da democracia implica ação permanente ante investidas extremistas, messiânicas e totalitárias', diz Lula na ONU
Lula foi alvo de críticas por não ter abordado – durante o discurso na ONU, em Nova York, na semana passada – as controversas eleições venezuelanas.
Apesar disso, Lula dedicou parte do seu pronunciamento à defesa da democracia (relembre no vídeo acima).
""No Brasil, a defesa da democracia implica ação permanente ante investidas extremistas, messiânicas e totalitárias, que espalham o ódio, a intolerância e o ressentimento. Brasileiras e brasileiros continuarão a derrotar os que tentam solapar as instituições e colocá-las a serviço de interesses reacionários", disse o petista na ocasião.
"A democracia precisa responder às legítimas aspirações dos que não aceitam mais a fome, a desigualdade, o desemprego e a violência. No mundo globalizado não faz sentido recorrer a falsos patriotas e isolacionistas", emendou, sem citar nomes, na ONU.