Publicada em 18/10/2024 às 11h29
PESQUISA
A profusão de pesquisas divulgadas neste segundo turno revela o humor dos comitês eleitorais dos respectivos candidatos. Quando lhes são favoráveis vão às mídias sociais festejar. Aquelas que são desfavoráveis são desqualificadas. Não há, no entanto, registro na literatura eleitoral rondoniense de um único candidato eleito em razão da suposta força que as pesquisas possam influenciar o eleitor. Embora quando divulgadas causam o maior furor entre os convertidos do que entre os eleitores indecisos. O que vemos na verdade é uma profusão de nervos à flor da pele. Relaxem!
VIRADA
Segundo a última pesquisa divulgada e de responsabilidade do Instituto VERITÁ (registrada no TSE com o número RO-03534/2024 e que ouviu 1.010 pessoas entre os dias 10 a 14 de outubro), Leo Moraes (Podemos) teria conseguido virar sobre a adversária Mariana Carvalho (UB) e colocar uma diferença razoável sobre a até então favorita do pleito na capital. Hoje, no final da tarde, é a vez de conhecermos os percentuais do Instituto Quaest, contratado da Rede Globo e afiliadas. Independentemente de os números serem iguais ou não aqueles divulgados, importa avaliar as curvas dos candidatos, se são crescentes ou decrescentes em relação ao outro. Ou simplesmente se estarão estagnadas em relação aos percentuais finais do primeiro turno.
CURVAS
A pesquisa é uma fotografia momentânea da campanha, podendo mudar conforme as circunstâncias, mas quando as curvas se movimentam em sentido inverso é sinal de que o eleitor começa a consolidar a escolha de um candidato sobre o outro. Daí a importância de analisarmos as curvas captadas pela Quaest, que serão publicizadas hoje na Globo. A rejeição também é um dado importante no segundo turno, visto que a escolha agora é por eliminação e esta variável pesa no resultado.
DEBATE
Ontem tivemos o debate do SBT, que ocorreu num horário complicado devido à coincidência do jogo Fla x Flu, derrubando a audiência. Mas foi uma prévia dos dois próximos programados. Amanhã é a vez do debate mais aguardado na capital, promovido pela SIC TV, do empresário Everton Leoni, e historicamente o mais movimentado entre todos. As regras estabelecidas pela emissora privilegiam aos candidatos a possibilidade de sair daquele formato lento, superficial e amarrado.
ESTRATÉGIA
É um debate em que os candidatos podem utilizar do tempo disponível da forma que entenderem conveniente, sem amarras nem limitações de perguntas. Quem melhor utilizar as regras pode se destacar. A SIC TV se especializou com um formato capaz de mudar o rumo da eleição. É uma fórmula bem-sucedida e a melhor estratégia pode ser a chave do sucesso de um ou do outro candidato. Este cabeça chata, a convite do jornalista Leoni, acompanhará presencialmente o confronto das ideias dos concorrentes à prefeitura de Porto Velho.
CENTRO
Os resultados das eleições mostraram que o eleitor médio do país deu uma guinada para o centro, como sempre se comportou. Houve avanços nos extremos, é verdade, mais à direita do que à esquerda. O PSD de Gilberto Cassab saiu consagrado e passou a ocupar o lugar que por muitos anos foi cativo do MDB, inclusive nos espaços de governos, independente do espectro ideológico.
ADVERSÁRIOS
Em Rondônia o União Brasil e o PL podem ser adversários em 2026, com candidatos próprios a governador e senador. O PSD, que reelegeu o prefeito de Cacoal, corre por fora e tentará entrar na briga. Já as legendas de esquerda não têm ainda um nome denso para se escalar nessa rinha que está se formando pelos partidos centristas e de direita.
INCÔMODO
Anunciado em evento festivo como um trunfo para segundo turno, o apoio do suposto esquerdista Célio Lopes à direitista Mariana Carvalho terminou virando um incômodo à campanha da “Cinderela”, após Jair Bolsonaro gravar um vídeo condenando veementemente a união. O apoio do pedetista Célio virou uma espécie de “bico de pé” na campanha de Mariana, que somente incomoda quem votou nela por ser em tese a antítese da esquerda.
SÍNDROME
No debate de ontem na TV Norte (SBT), não passou despercebido deste cabeça chata que a pergunta dos candidatos derrotados no primeiro turno para os dois que estão no segundo, feita por Célio Lopes, caiu para ser respondida por Mariana Carvalho. A pergunta em si não ajudou muito a candidata em razão do simplismo, mas deu para perceber o olhar distante do ex-candidato das esquerdas que aderiu à campanha da candidata da direita. Há quem jure que a opção do mancebo é relativamente semelhante aos casos diagnosticados como “Síndrome de Estocolmo”, uma vez que as convicções ideológicas do rapaz teriam sido supostamente raptadas pela jovem “Cinderela”.
DEBATE
Foi um encontro civilizado entre os dois candidatos e sem nenhum confronto áspero, embora o formato inovador ao colocar também os candidatos a vice-prefeito para se perguntarem, as regras não foram rígidas de modo a engessar os debatedores. No entanto, Mariana e Leo evitaram provocações e o resultado foi um debate morno.
TERRÍVEL
A decisão de colocar no mesmo debate dos candidatos a prefeito um bloco com os respectivos vices derrubou parte do interesse dos telespectadores porque o que vimos foram dois evangélicos dando sermões. Os dois vices esqueceram de debater temas de interesse geral da população e usaram o tempo com pregações pentecostais. A religião é importante na vida da maioria das pessoas, mas existe o local adequado, que são as igrejas, para as exortações bíblicas. Como não tinham nada a acrescentar ao debate municipal aproveitaram o espaço para converter mais incrédulos do que votos. Foi uma experiência terrível para o telespectador a ser exorcizada pelas demais emissoras.
DESEMPENHO
Tanto Leo quanto Mariana tiveram um desempenho bom sem maiores sobressaltos. Ambos apresentaram alguns conceitos gerais da administração pública e algumas propostas, embora superficiais, para os próximos quatro anos. Ela começou o debate um pouco nervosa, mas nos blocos subsequentes conseguiu se recompor e deu conta do riscado com tranquilidade. Ele esteve seguro e firme do começo ao final sem aqueles cacoetes de campanhas pretéritas.
AFUNDANDO
Desde o início da campanha que a coordenação eleitoral da candidata do União Brasil comete erros primários que causam estragos e fortalecem o concorrente. A primeira, embora não percebam, foi reunir no mesmo barco (Titanic) um enorme número de partidos na vã tentativa de afugentar os adversários. Esta união de muitos partidos é uma receita política surrada em Rondônia e que nunca logrou êxito em quem uniu tanta gente na mesma canoa por interesses tão elásticos. A tendência é o casco ceder e submergir a pique, como ocorreu nas vezes em que foi testada.
POVO
Outro ponto que passou despercebido da campanha de Mariana devido à sutileza utilizada como estratégia pela coordenação de campanha do Leo, foi massificar o slogan ‘nos braços do povo’, cunhado propositalmente para se contrapor ao grande conchavo dos partidos em torno da menina do Aparício de Carvalho. Uma “pílula” política também experimentada no passado quando os partidários de Chiquilito lançaram na propaganda eleitoral a frase “Sou Chique” e foram surpreendidos pelo adversário com o “Sou Simples”, criada numa mesa de bar pelos apoiadores de Valdir Raupp. O resultado da burrice todos conhecem.
PÁVULOS
Ao que parece não aprenderam com os erros do passado, nem tão pouco do presente. É o que dá fazer política com soberba e para um grupo aristocrático. Esqueceram de combinar com o povo, o mesmo para quem Leo se jogou e começou a reagir tão forte que saiu da posição de azarão e passou à condição de favorito. Política não aceita gente gabola nem de ego superlativo. Uma combinação de receita perfeita para morrer na praia. Ainda há tempo suficiente até o dia 27, data da eleição, para que os erros sejam corrigidos. O desafio é reconhecer que fazer na política o simples é bem mais fácil do que insistir na postura do sofisticado.